30.11.07

VIAJAR


A "globalizaçao" liquidou o prazer de viajar. Encontramos mais dos mesmos por todo o lado. Gente indiferenciada, vestida a preceito - as calças a caírem dos rabos, os capuzes, o negro, o Ipod -, contingentes de reformados, de gordas e de gordos, de mulheres e de homens com ar lésbico, de fotógrafos amadores que tiram retratos a tudo o que mexe, de ingleses das claques de futebol que mal sabem falar a língua deles. A Rambla de Barcelona podia ser no Rossio ou no Intendente. Pássaros, "estátuas" que mexem ao som da moeda, "pintores", "cantores", é toda uma fauna insuportável a que o "turista" acha graça. O "multiculturalismo" invadiu as principais cidades europeias. O mau gosto que lhe está associado, também. Praticamente só se suportam as actividades ditas "elitistas", no meu caso, ir à ópera. As pessoas que a frequentam poupam-se da rua durante o dia e, depois, desaparecem para casa rapidamente. A horda "democrática" é ridícula e, graças ao "low cost", tornou-se perigosamente ubíqua. Chegados a este ponto, dá-me ideia que se viaja melhor num livro, numa ópera ou num concerto de Juan Diego Florez do que andando por aí. Já há quanto basta de figuras tristes.

24 comentários:

jpt disse...

caramba, o mundo é tão grande ...

Anónimo disse...

... por razões de FORÇA MAIOR vou deixar de escrever no Blogue, ou seja “deixar de pertubar a PAZ deste Blogue
Assim, gostaría de pôr uma ÚLTIMA questão

...- Alguem já REZOU e/ou disse uma ORAÇÃO, em que o texto da mesma fosse constituído por NÚMEROS ...?

Em princípio NÃO e, isto só mostra o verdadeiro e real PODER das PALAVRAS ...
... elas teem uma FORÇA INIMAGINÁVEL
... por isso quando mal empregues e/ou mal contextualizadas, podem constituir, um PERÍGO ...

Como não sei muito bem português daí
... não GOSTAR de ESCREVER e, quando eventualmente o faço e, o FIZ foi em última análise ... e/ou POR MOTIVOS MUITO FORTES e, especialmente AQUI ...
... escolher EXCELENTES textos, livros ... para estar actualizada e/ou informada dentro das minhas possibilidades
E, como tambem
... não GOSTO de FALAR ...
... parece mas não gosto
... está TUDO BEM ... como NUNCA ESTEVE MAL ... verdade?

Poi isso, cuidado com
... as PALAVRAS, os TEXTOS e, até mesmo com os PENSAMENTOS
... TODA a ACÇÃO tem REACÇÃO ...

... até quando DEUS quiser

Anónimo disse...

Antigamente ainda existia o prazer de ir às grandes livrarias de Londres ou às especializadas de Paris, mas o Amazon deu cabo disso...

Anónimo disse...

Para maníaco-depessivo nem o sal e a pimenta lhe faltam q.b..

Enxergue-se homem!

Vc só com algemas, chicote e pingalim é que sentiria feliz.

Anónimo disse...

Não podia estar mais de acordo . Viajar começa a ser "rasca" , como tudo o que se massifica e se "globaliza" .
Os aviões de grande porte (Boeing 747), primeiro , e as companhias "low cost" , depois , transformaram o planeta numa romaria permanente em que o "povo" ( no pior sentido da palavra ) está em todo o lado . Viajar de avião é hoje um verdadeiro exercício de sobrevivência em que a comida é má , o cheiro horrível e o ruído infernal , para não falar na falta de espaço e no desconforto .
Depois , há a multidão . Ainda hoje não entendo o que leva hordas de portugueses a procurarem refúgio no Nordeste do Brasil , local onde há mais portugueses por metro quadrado do que na Caparica ,em Agosto .
E na China já não se anda de fato azul(à Mao) nem de bicicleta . Anda-se de automóvel e de jeans , com iPod nas orelhas e McDonald nos dentes . E a cultura Hip-Hop é tão intensa em Xangai como nos subúrbios de Nova Iorque .
Sei do que falo . Viajei durante décadas ( profissão "oblige")mas hoje só me apetece ficar pela Lusitânia . E nem toda .

José Guedes

http://oestadodasartes.blogspot.com

Anónimo disse...

A «Horda Democrática», pois é exactamente aí que bate o ponto !
A "Turba Multa" que invade todos os espaços onde outrora se convivia com graça e alegria, e que se tornaram entretanto infrequentáveis. Também já conheço o "filme" e é uma agonia porque vamos em nos recolhendo, deslocando e retirando, na razão inversa desta praga de gafanhotos em expansão que nem percebemos de onde vêm e onde se reproduzem.

GAVIÃO DOS MARES disse...

"...Decididamente eu sou gente fina
Enquanto o povo rude na cidade dorme
Eu janto com Jacinto que é também de Tormes..."

Anónimo disse...

Gente "fina" não, não é preciso. Gente de bom-gosto, de berço modesto, mas de invejável bom-gosto. Que é o que dói à praga de gafanhotos.

José Amador disse...

O João segue os passos do Dr. Salazar um percursor da forma de viajar através dos livros. Ele até aconselhava os seus ministros a irem a certos lugares de eleição quando, pelas funções que exerciam, tinham de viajar. E ao que parece, vivia intensamente essse imaginário, sem sair de São Bento, no convívio ameno com a D. Maria,a governanta, a Micas, as galinhas e as hortas.

Anónimo disse...

Está visto que não falta por aqui quem se arme e aristocrata e gostasse de ver o resto do mundo a levar o gado ao monte.

Apache disse...

Ainda que amiúde discorde parcialmente do que escreve, por vezes identifico-me com estes “desabafos”.

Anónimo disse...

é com alguma pena que vejo que cada vez mais se perde nesse tipo de raciocinio. sou leitor assiduo deste seu blog mas tenho a dizer-lhe que vou deixar de o ser.
gostava ainda assim de ler um texto seu a dizer como gostaria que as coisas fossem, como acha que o povo, os gordos, os feios, os burros, os pobres, os das calças a cair e dos copos de plastico deveriam fazer para nao importonar a sua vista.

julguei-o bastante mais inteligente. a web tem destas coisas.

um abraço

p.s: se alguma vez me possa ter crusado consigo na rua, peço desculpa, nao sei se tenho mau gosto ou ão...

JBS

Anónimo disse...

So o povo cheira mal, aqueles que se não consideram plebeus tb

Anónimo disse...

Meus caros

1º- O caro João Gonçalves tem muita pertinência no que escreveu!
2º - Alguns dos comentários alusivos também!
3º – Quando um Português está sozinho é uma coisa. Quando estão mais que 3 já é outra! Quando estão muitos a coisa está perdida! Sa a aglomeração for num "Shop", ainda pior! Parece que há um elo rasca contagiante, um vírus, algo químico, que afecta o comportamento e o ambiente psico-caterial do indivíduo. Já não é o povo. É o povão!

Anónimo disse...

HÁ GENTE A MAIS NO MUNDO.
6 600 MILHÕES DE PESSOAS!
É MUITA GENTE!
UMA PESSOA POR CADA RECTÂNGULO DE 225 METROS POR 100 METROS, CONTANDO COM DESERTOS, ZONAS GELADAS, FLORESTAS, ETC.
ISTO, A PRAZO, É INSUSTENTÁVEL.
TEMOS DE REDUZIR O CRESCIMENTO POPULACIONAL, E ATÉ DIMINUIR A POPULAÇÃO, OU ENTÃO É A CATÁSTROFE!

Anónimo disse...

Uma modesta sugestão: dê um salto à " Casa Leopoldo".Talvez o espírito de Montálban deambule por lá...Ou na Boqueria - quanto mais não seja vale pela explosão cromática - e pela moldura humana, genuína e "salerosa" q.b.
Cpmts.

Anónimo disse...

Ó Gonçalves, já olhou atentamente para uma daquelas fotografias da antiga Lisboa? Ou outra terra qualquer? Sei lá, 1890, 1920, 1930, 1940 etc? Já? Há-de reparar que toda a gente aparece vestida de igual, indiferenciada, vestida a preceito. Anime-se, homem! Bom fds.

nanda disse...

A propósito de viajar... tudo muda a uma velocidade estonteante. "Todo o mndo é composto de mudança". A maior de todas é esta:

"Nesta segunda-feira, 03, desembarca no Recife o vôo da TAP que tem, pela primeira vez, tripulação composta exclusivamente por mulheres. O vôo, que aterrisa às 15h30 no Aeroporto Internacional Guararapes/Gilberto Freyre, tem no comando cinco mulheres: a comandante, a co-piloto, uma supervisora e duas chefes de cabine, além de sete assistentes de bordo, informou a assessoria de comunicação da transportadora aérea portuguesa.

Além das tripulantes, todas as pessoas envolvidas no desembarque serão mulheres: a operadora do finger (equipamento que permite o transporte dos passageiros da aeronave para o aeroporto), a responsável pela Polícia Federal e o pessoal de terra da Companhia.

Esta ação da Companhia, em parceria com a Infraero, Polícia Federal e Empetur (Turismo de Pernambuco) celebra a chegada do primeiro A330-200 adquirido diretamente da Airbus, e que foi incorporado à frota na última segunda-feira, 26. O equipamento tem capacidade para 268 passageiros, numa configuração de duas classes - econômica e Top Executive - e, com ele, a frota da TAP passa a contar com uma frota de 52 aviões exclusivamente Airbus.

A mesma tripulação embarcará novamente para Lisboa no dia seguinte, às 19h20min, conduzindo outra aeronave da Companhia. A TAP, que opera esta rota há 40 anos ininterruptamente, possui vôos diários de Recife para a capital portuguesa.

Mulheres na Companhia

Atualmente, a TAP tem mais de 2.000 mulheres em seu quadro de funcionários, onde representam cerca de 37% do total de colaboradores. Elas trabalham em todos os setores da Companhia, desde administrativo e apoio em terra até à área técnica de manutenção de aviões.

Nas cabine de comando, são oito mulheres comandantes e dez oficiais-piloto. A primeira delas foi admitida em 1990 e a idade média é de cerca de 30 anos.

in Portugal Digital (Brasil)

Anónimo disse...

Tem toda a razão. A globalização é a total charada. O que no ser humano é belo é a sua identidade, a sua criatividade. As diferenças. As culturas diferentes. As pessoas diferentes. As individualidades. Estamos numa fase de transição. Ha uma grande confusao. No bom gosto. Só pessoas requintadas compreendem pessoas requintadas. Ou de bom gosto. Vá por si. E siga sua intuição maior. Chagará a algum lado. O resto são...tretas. Continue a proporcinar o seu olhar único sobre o Mundo. Neste spaço. Algumas vezes concordo. Outras vezes discordo consigo. Mas está sempre a prestar um grande serviço a Si e aos Outros. Bem Haja. Subscrevo-me.
Vasco (quando quiser chame por mim!)

Miguel Vaz disse...

Qual é, hoje, a principal ameaça? A da progressiva desaparição da diversidade do mundo. O nivelamento das pessoas, a redução de todas as culturas a uma «civilização mundial» construída sobre tudo o que há de mais comum. Já hoje, de uma ponta à outra do planeta, se vê erguerem-se o mesmo tipo de construções, instaurarem-se os mesmos hábitos mentais. De Holiday Inn em Howard Johnson, começam-se a desenhar os contornos de um mundo uniformemente cinzento. Viajei muito – por muitos continentes. A alegria que experimentamos no decurso de uma viagem, é a de ver modos de vida ainda enraizados, ver viver com o ritmo que lhes é próprio povos diferentes, de uma outra cor de pele, de uma outra cultura, de uma outra mentalidade – e que se orgulham da sua diferença. Creio que é esta diversidade que faz a riqueza do mundo, e que o igualitarismo está em vias de a matar. É por isso que importa não apenas «respeitar os outros» – apenas com a boca –, mas de, em todo o lado, suscitar o mais legítimo dos anseios que possa haver: o de afirmar uma personalidade diferente de qualquer outra, de defender uma herança, de se governar a si próprio segundo aquilo que realmente se é. E isso implica lutar, frontalmente, contra um pseudo-antirracismo negador das diferenças, e contra um racismo ameaçador que é, ele também, a recusa do Outro – a recusa da diversidade.

Alain de Benoist, Nova Direita Nova Cultura – Antologia crítica das ideias contemporâneas, Lisboa, Fernando Ribeiro de Mello/Edições Afrodite, 1981, pp. xxxvi-xxxvii.

Anónimo disse...

Nanda: detesto a palavra colaboradores. Não há colaboradores, há trabalhadores. Que eufemismo mais estúpido!

Anónimo disse...

é o rebanho senhor... é o rebanho!

A chamada globalização está-se a tornar na globalização da estupidez e da futilidade...
Os corpos viajam, mas a mente não sai do sítio; os olhos fotografam mas não vêm, os cheiros não são apercebidos.... ah, e já me esquecia... se rezarem muito a dor da infelicidade acaba por passar... por isso rezem! Não se esqueçam a felicidade não se procura todos os dias ou em todos os momentos... tem que se ter paciência e esperar por ela depois da morte!

isabelinha disse...

Desde já faço a minha estreia neste espaço que me parece ter conteúdos mais pertinentes do que uma qualquer e banal estação televisiva ou a "Dica" do LIDL.
Sou uma estudante finalista e tive a oportunidade de no ultimo ano e meio viver na Alemanha, país onde hoje trabalho, e como tal sou hoje uma utilizadora de aviões, sim, para me deslocar à minha linda Lisboa.
Durante este ultimo ano e meio tive a oportunidade de viajar por 17 países (fora os que repeti, como por exemplo o facto de ter ido a Amesterdão 8 vezes). Fi-lo essencialmente por carro porque, concordo, os aviões são aborrecidos, barulhentos e, cada vez mais, cheios de regras ridículas. Leio (não tanto quanto gostaria, os livros técnicos ainda me ocupam muito do meu pouco tempo livre) e sinceramente não penso que esta globalização me "mate" o gosto que tenho por abrir um livro e sentir-lhe o cheiro, pelo som do folhear das páginas...
Neste sentido digo-vos que penso que tudo seja compatível se - tal como tudo na vida - tenha peso, conta e medida.
Deixo também, se possível, a minha modesta opinião sobre o facto de viajar: existem viagens por necessidade (se preciso de ir a Lisboa como poderei fazê-lo?), viagens de lazer e dentro destas existem as viagens do "povo" que gosta de ver novelas e se encanta com o sertão brasileiro e as praias hipoteticamente ainda paradisíacas; ou os que viajam por uma questão cultural, de contacto directo com culturas que não a nossa, de aprender enquanto lá estamos e não "ouvir falar sobre".

Peço desculpa por ter sido tão extensa. Termino com o conselho de que viagem muito, sim, mas não torrem o cérebro com o sol escaldante, encham-no de experiências únicas e ricas, histórias para contar aos netos.

lino disse...

Eu acho que nem a ida à ópera nos pode salvar. O ambiente é também muito previsível, ele tem a sua horda própria, unida no enlevo por um punhado de enredos para os quais já não há paciência e pela admiração por divas e divos que são as estrelas pop desse mundo que se crê uma élite.

Quanto ao resto, estou de acordo. O que distinguirá a verdadeira élite, no futuro próximo, é não ter automóvel, andar só de táxi e voltar a ter telefone fixo para pôr a conversa em dia obrigatoriamente em casa.