11.11.07

DE QUE FALA A IGREJA


Bento XVI recebeu os bispos portugueses no Vaticano e, sumariamente, exortou-os a serem menos cortesãos. A palavra "igreja" significa comunhão e, tantas vezes perdida em "colóquios" e em "diálogos" com o regime, a nossa igreja supõe que fala com a sociedade. Não fala e, pelo contrário, é "engolida" pelo "sistema". Viu-se no debate sobre o aborto em que pesou mais a salvaguarda da instituição dentro do "sistema" do que os princípios, com uma lamentável retirada de cena durante toda a campanha. Não tivemos uma igreja empenhada, tivemos uma igreja conformada. Depois há casos mais patológicos como os do "democrata" Januário Torgal Ferreira que imagina a igreja sediada no Vaticano como um grande armazém de moda que muda a montra consoante as estações. No dia em que a igreja fosse a primeira a ceder à "inevitabilidade" do relativismo, deixava de ser igreja, mas isto exige um congresso extraordinário na cabeça de D. Januário. Ensimesmada e tributária de um regime que cada vez mais finge que a tolera e que caminha para um retrocesso jacobino primitivo, a igreja portuguesa, para manter alguma "forma", cede no "conteúdo". Não deve. Não pode. O essencial da mensagem de Ratzinger à igreja portuguesa - perdida no labirinto da ditadura da correcção política porque tem medo de perder-se - recorda que «... tais questões não nos podem distrair da verdadeira missão da Igreja: esta não deve falar primariamente de si mesma, mas de Deus.»

8 comentários:

joshua disse...

Essa Igreja que não afronta nem confronta, que perdeu o sal e a sensibilidade, que se tornou asséptica e conluiada com a intocável plutocracia nacional, essa igreja volúvel do Dom Torgal, voltou as costas a Cristo.

Já nem sei do que fala a Igreja, mas de Deus deixou de falar, de Jesus não se deixa impregnar.

Ou foi calada ou calou-se rente à inexistência e ao relativo vácuo que tranversaliza tudo.

Estão gordos, conformados, pesados, cloroformizados das urgências dilacerantes do Evangelho, certo clero nacional.

Comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, não quiseram saber e a PARUSIA veio sobre eles como um ladrão.

joshua

lusitânea disse...

Será que também existem escutas comprometedoras que têm os bispos "pendurados"?
Foi de facto escandalosa a acção da igreja no aborto.Deixaram tresmalhar o rebanho.E andam a deixá-lo dividir eucomenicamente com outras religiões...

Anónimo disse...

E constroem pirâmidaes, em vez de ajudas para os fiéis em dificuldade - nova basílica em Fátima.

Anónimo disse...

Sim Senhor!O Pápa deu-lhes o sermão devido:«Toca a evangelizar e a fazer apostulado,pois essa é a Vossa Missão,oh Clero de Portugal!A Igreja tem menos fieis e os seminários estão vazios...o Kék andam a fazer,oh Clero de Portugal?».
Pode ser que agora,com o devido raspanete tenhamos uma nova postura e acção dos Sacerdotes e Bispos,por cá.
Mas houve um episódio interessante nessa semana em Roma:Os Bispos Portugueses foram recebidos pelo Cardeal Português,QUE LHES FALAVA EM ITALIANO,como forma "oficial" da CÚRIA...
No entanto,na sessão final de despedidas,vem o SUMO PONTÍFICE(que é alemão e fala bem italiano)e dirige-se ao Clero Português em LÍNGUA PORTUGUESA!!!
Fabuloso!
Midarte.

Anónimo disse...

O povo percebeu que o Papa ordenou aos bispos portugueses que dinamizem e modernizem o modo de lidar com os fiéis. O que tem pilhas de graça por vir do mesmo Ratzinger que anda num desassossego a querer fazer recuar a Igreja ao fundamentalismo do Lefebvre e companhia... Só há mesmo uma forma de fazer renascer a prática católica em Portugal: uma pastoral de intenso diálogo com o povo, sem latins nem erudições postiças, os olhos postos no fazer bem ao próximo, em exigir que cada um assuma a sua verdade para que a Verdade venha a ser colectiva. E que se autonomize, que se importe pouco com um Vaticano que ou escancara as portas à Opus Dei ou desenterra bispos ultramontanos, a belo prazer do administrador do momento. Esses, sim, perderam Cristo de vista há muito tempo.

Anónimo disse...

Viva!

Pois ... esta “personagem de mim mesma”, por aqui se passea ... a desfrutar de boa leitura, em cuja adjectivação ñ me vou repetir ...
De qualquer forma gostei IMENSO deste post
Na realidade POUCO se FAZ neste País, pela Igreja.
Ainda este fim de semana folheei um livro, em que Bento XVI referia a importância de se ir à missa, comungar, etc.
Acontece que a FÉ é POUCA e, os Padres na sua maioria NÃO se esforçam para que o ASSISTIR a uma MISSA seja tomado como um ACTO TÃO ou MAIS IMPORTANTE que uma simples referição, no nosso dia a dia.
De propósito assisto a Missas em sítios diferentes e, é sem dúvida isto que se sente.
É evidente que o problema vem de CIMA e, muita gente tambem se afasta devido à imagem de opulência, ostentação que a Igreja por vezes dá.
Daí a viragem em “massa” para o BUDISMO, o INDUÍSMO, etc. independentemente destas filosofias já existirem há muito ...
É pena ...
... porem para DEUS há vários caminhos
... e, estas filosofias são MEIOS
... gostei de tomar consciência DELAS
sendo que para mim a verdadeira RELIGIÃO é o CATOLICISMO

E ia por aí fora... mas isto hoje está demasiado concorrido, o que faz com que a concentração seja “0”. Me perdoe os ERROS!

Isto de “COMEMTAR” é MELHOR e/ou SEMELHANTE ao DIVÃ do PSICANALISTA ... ficamos melhores e/ou ainda a MATUTAR mais na REALIDADE dos PROBLEMAS até ao ASSUMIR e RESOLVÊ-LOS dentro da nossa cabecita ...
Que se cuidem os PSICANASLISTAS
Quando é que COMEÇA a COBRAR por COMENTÁRIO?
Talvez erradicasse os “anónimos” ...

É verdade
- esse QUADRADINHO da DIREITA ... NÃO pode SER MUDADO?

Vá lá ... um SOL IMENSO ... ou um LINDÍSSIMO LUAR ... ou o SILÊNCIO do MAR ...

Assim, termina este COMENTÁRIO para a CENSURA

... Esta “personagem de mim mesma”
ou
... D’ “Esta querida comentadora anónima (ERA ...!) QUE ainda consegue ser mais doida que eu (o autor do Blogue).
Uma querida, mas doida”

Bom ... Só falta estrangular-me ... :)

... até logo

Anónimo disse...

Medeiros Ferreira :

1 - «Por isso a atitude do Rei pode vir a revelar-se um tremendo erro político...para a Espanha».

No fundo, no fundo, gosta de comer reis ao pequeno-almoço.

2 - «Logo agora que os bispos me pareciam mais reconciliados com o século...».

... e bispos ao jantar.

Anónimo disse...

De facto, Ratzinger foi duro com os Bispos( não com a Igreja...) portugueses e com alguma razão.
Claro q se pensa logo em Januário, e esse merecia um sermão mais duro.
Mas a hierarquia, traumatizada com o PREC, dev lembrar-se dos 3 1ºs séculos quando vivia entre o Coliseu de Roma, os leões e as catacumbas e mesmo assim expandiu-se pelo Mediterrâneo, e fabricou excelentes teólogos...