29.9.06

TODO UM PROGRAMA

É sintomático que o post "escrito" por José Manuel Fernandes esteja a ser "comentado" como está. A justiça, ao contrário do que se supunha, preocupa as pessoas. Preocupam-se os seus agentes, por vezes da forma mais inconsequente, disparatada e corporativa que se possa imaginar - a culpa só indirectamente é deles, já que foi o regime instituído pelo "4/25" o principal responsável pela aquiescência às reivindicações "progressistas" dos sindicatos entretanto criados, como se a justiça pudesse desfilar folcloricamente pela Avenida da Liberdade - e preocupam-se, pelos vistos, os cidadãos lúcidos que têm medo (o termo é mesmo este, medo, três décadas volvidas sobre a alegada restituição das liberdades e da dignidade institucional e cívica) de cair nela. Eu próprio, nesta fase de recolha de textos para o livro "Portugal dos Pequeninos", dei por mim com n posts escritos sobre o tema que obrigam a um capítulo autónomo. Ninguém coerentemente pode acreditar na justiça portuguesa. Os dezoito anos - 18... - do processo da UGT fariam rir se não fossem trágicos. A modorra do julgamento do processo "Casa Pia" , com quinhentas e tal testemunhas, é obra. O processo "Apito Dourado", que ora faz de caranguejo, ora faz de caracol, é outra obra. O "envelope 9", com a cena caricata do sr. jornalista a "abrir" a embalagem com o computador, à porta do DCIAP, é outra. Não penso apenas nestes processos por causa da sua veia mediática. Também penso no dinheiro que falta ao DCIAP e à PJ para prosseguirem investigações em sede de delito económico-financeiro. Quanto mais o sistema vai à falência, mais cresce a economia paralela e a corrupção que sempre a acompanha. Vamos ver até onde chega- ou pode chegar -, por exemplo, a recente investigação na Marinha. Uma justiça de bagatelas e de flashs- arrastada, baça, incongruente - não é uma verdadeira justiça democrática. É, por isso, bom que haja polémica e debate sobre o tema. Quem, como eu, viu ontem debaixo das arcadas da Praça do Comércio as venerandas figuras que elegeram o conselheiro Noronha do Nascimento para presidente do STJ, percebeu perfeitamente que ali residia, de fato escuro, gravata e chapéu na cabeça, todo um programa. E, a este programa, não há nenhum "pacto" que possa responder.

1 comentário:

Anónimo disse...

Tudo é propaganda, tudo é congeminado, tudo é cozinhado. Não é bem assim. Existe muita incompetência, existem forças ocultas é certo, mas uma meia verdade tantas vezes repetida torna-se, a verdade, lá dizia o outro, amigo do Hitler. Arranjem assuntos positivos que nos façam avançar o entendimento das coisas. Que o Apito Dourado é uma merda, todos sabemos. Mas está enraizado profundamente. Não poderá ser posto a nuo de um dia para o outro, porque senão corremos o risco de nos vermos todos ou quase todos lá metidos, que é, sempre, o que se passa quando assuntos como este são tratados com ligeireza. Porra para o futebol.Mas não para a Justiça. Percebe-se hoje, devagar, com o vagar da justiça, a incrível injustiça do Paulo Pedroso. É por isso que a justiça é morosa. O tempo esse sábio, tem de se pronunciar, passando. Estas questões são difíceís para poderem ser retratadas aqui. Mas não podemos viver em permanente reserva mental sobre tudo e sobre todos. É de uma insanidade mental aflitiva. JG faz recensões literárias. Pára um pouco. Poça, o JMF, pode ser amigo de quem vocês não gostam, mas sempre dizer que o homem está a engodar o público que o lê, já chateia. Ninguém presta neste País a não ser os da blogosfera? Chiça! E acabamos sempre na questão da propaganda. Todos os partidos fazem propaganda em democracia. Uns melhor do que outros. Os que trabalham melhor têm má imprensa, os que são mediocres, têm muitas vezes boa imprensa. Agora os maus, essse, têm sempre má imprensa, felizmente, em democracia é assim. E aqui também se pode fazer boa ou má imprensa mas, por favor, sempre ,sempre, sempre, má, fica-se com vontade de ler, na integra, o discurso do Papa, e em alemão, para irmos ao dicionário meio milhão de vezes. Sempre é melhor....e até lá.