22.9.06

LOJA DE CONVENIÊNCIA

Graças à realidade, à fria realidade que nem sempre se conhece, o ministério da Cultura vai, felizmente, deixando de fazer sentido. "O MF já tinha dito que os orçamentos ministeriais de funcionamento para 2007 teriam um corte de cerca de cinco por cento. O da Cultura pode sofrer um corte global maior se houver ainda diminuição de verbas do PIDDAC - ontem, o Diário de Notícias avançava que o corte global no orçamento da Cultura seria de sete por cento, mas o ministério não quis comentar a notícia." Escreve-se assim no Público. E, se virmos bem as coisas, há algum sentido nisto. Afinal, no ano corrente, o MC só serviu como "loja de conveniência" para o comendador Berardo. Para fazer de "caixa", já existe outro ministério. Isabel Pires de Lima podia perfeitamente voltar ao seu Eça. Anda, aliás, a fazer-lhe alguma falta.

10 comentários:

desculpeqqc disse...

Esta notícia é óbvia.
Num país como o nosso onde a 'cultura' não abunda, as verbas deviam ser canalizadas directamente para o da Educação.

Anónimo disse...

Quem confunde as questões culturais, do patrimonio, da criação artistica, da arte contemporânea, da fotografia, do cinema e multimédia, só para falar destes, com educação, professores, programas, alunos, acesso à universidades, creches, jardins de infância ou investigação ciêntifica, anda de nariz no ar e pode cair e quebrar-se. Vamos amar os nossos criadores, os nossos músicos, o nosso Nobel, a nossa maestrina, os nossos monumentos que estão sem dinheiro para serem mantidos em bom estado, e precisam de quem se ocupe deles a tempo inteiro, faço-me entender? A cultura já esteve por cinco vezes sob a batauta da educação, lembra-se? Lembro-o eu. E viu resultados fabulosos para a educação, ou para a cultura nesse tempo? Não. A não ser uma triste rixa entre o SEC e o Saramago. Era na Educação ou na PCM que estava a cultura, gostou? Vamos lá dar força ao nosso Ministério da Cultura porque tem questões que não passam só pela Educação e a receita já se viu que não resultou, pelo menos em Portugal. Até lá.

Anónimo disse...

E quando o Vasco Pulido Valente foi SEC?

Lembram-se?


....mil vezes + incompetente do que todas as Pires de Lima metidas dentro dum saco...

Anónimo disse...

O homem (VPV) não é de todo um executivo. Mas a Lima não acrescenta nada ao tema.
Neste momento o problema da Cultura é sem dúvida a falha da Educação. E quanto ao património ele pode ser tratado pelas obras públicas.
Não me convencem: para fazer o que se está a fazer na cultura chega bem uma direcção-geral. A maior parte das verbas são desbaratadas com disparates.

Anónimo disse...

Certo.

Mas o que é que VPV fez de relevante?

Faça-me um desenho, porque eu sou podre de burro.

Anónimo disse...

Cito:
"Neste momento o problema da Cultura é sem dúvida a falha da Educação"

Acrescento:

"Mas é só o problema da Cultura ?"

E todo o resto ? Tem mooontes de educação...

:-)

Anónimo disse...

"Vamos amar os nossos criadores, os nossos músicos, o nosso Nobel, a nossa maestrina, os nossos monumentos que estão sem dinheiro para serem mantidos em bom estado, e precisam de quem se ocupe deles a tempo inteiro"

1— A misturada de factos ou actores culturais completamente irrelevantes com outros que são realmente importantes costuma ser uma forma típica de sacar umas massas ao estado à conta da falta de capacidade critica em matéria de arte. Confundir os Jerónimos e Camões com qualquer maestrina ou mesmo com um Saramago não poderá tornar-se numa óptima maneira de agravar o problema a que se refere? Não seria possível amar simplesmente o próximo sem precisar de o subsidiar? E é este o problema: dos vivos quem subsidiar? Normalmente o grosso do bolo é repartido entre os gulosos mais anafados e os afilhados de ocasião.

2— Será que dentro de 100 anos alguém terá obrigação de restaurar as maravilhosas e portuguesíssimas taveiradas de regime? A estátua do bem-amado decapitado no Areeiro? A obra completa de muito querida Rebelo Pinto e outros 100 nomes da "literatura" portuguesa actual? As gravações da apaixonante música pimba (depois de devidamente elevada à categoria de objecto etnomusicológico bem identificado por um qualquer estudioso) e dos pastiches pseudo-modernos eruditos? Se a educação para a arte não melhorar talvez sejam esses os espólios seleccionados pelo MC no futuro para atribuição das verbas consagradas à conservação do património.

3— A perplexidade do vulgar cidadão perante os custos de um filme português serão resolvidas se o dito cujo aprender a ver cinema, ou pelo contrário agravar-se-ão se o cidadão privar com a obra dos melhores mestres?

4— O dinheiro dos apoios acrescenta talento? A educação também não? Ah, mas permite ao menos que se reconheça o talento quando nos deparamos com ele: torna-nos mais capazes de o amar e dá-lhe portanto condições para ele se desenvolver.

Lucas Moreira Pinto

Anónimo disse...

Cá pra mim a importância do VPV como SEC foi a de gritar "O Rei vai nú" e demitir-se em seguida. Mas não batam tanto no ceguinho que ele já teve oportunidade de explicar que o empurraram para lá a contragosto. A actual titular é um caso bem diferente.

Anónimo disse...

"Mas não batam tanto no ceguinho que ele já teve oportunidade de explicar que o empurraram para lá a contragosto."


...V droga-se?

Anónimo disse...

Um curiosos posto que me citou quis referir que aquilo era uma grande baralhada. Mas sintetizar, é preciso nestes comentários. O que quis dizer, fazendo-o, novamente, sucintamente, é que a cultura deve ter um Ministério próprio para tratar, com equidade, os seus criadores. As questões dos subsidios, passa-lhe ao lado meu caro. Apenas há três ou quatro anos é que existe uma politica pública, modelos, pois já lá vão dois, de atribuição de subsídios na Cultura. O que existia antes eram regulamentos de procedimento na atribuição segundo o gosto..., ponto. E ninguém detectou isso durante décadas. E a Cultura não se resume à atribuição de subsídios, meu caro comentador. O que é preciso é, também, no Ministério da Cultura, estabilidade na governance e accountability nos resultados. Os meus cumprimentos e até lá.