28.9.06

A IMODERADA MODERAÇÃO

O Augusto M. Seabra, com quem tantas vezes estou de acordo, escreveu no Público (sem link) um texto estimulante sobre "a emancipação da liberdade", a propósito da encenação "censurada" de Idomeneo na Ópera de Berlim. Ao tentar escapar ao jargão "islamofóbico", o Augusto, sensivelmente a meio do texto, dá-lhe para o jargão "ratzingerfóbico", mais vendível entre nós. "Roma não desistiu de ser a autoridade no mundo. O aggiornamento democrático da Igreja Católica está de há muito feito. Mas acho deveras extraordinário que se queira confundir a Igreja com liberalismo, quando ela enquanto corpo doutrinário e institucional lhe é por natureza estranha", escreve o Augusto. Apesar do tom, tem razão. Bento XVI tem sido muito claro em relação ao que vem. A uma Igreja vulgarizada e globalizada, Ratzinger preferirá sempre a Igreja das comunidades, de maior ou de menor dimensão, mas portadora de uma enorme e bem concentrada fé. Uma fé que permita entender racionalmente a natureza de Deus , e não à bomba ou pela intimidação. Nesse sentido, não pode prescindir de ser "a autoridade no mundo". Se o fizesse - se "cedesse" - claudicava e, quer queira o Augusto, quer não, com ele, mais tarde ou mais cedo, claudicava todo o "Ocidente". Por isso, a Igreja não tem de ser "liberal" e muito menos "democrática". Nós, crentes ou não crentes, é que devemos ser. Por isso estamos "deste" lado. Que não haja ilusões. Existe um "nós" e um "eles". O resto são tretas "imoderadas" que vêem "moderados" onde eles não existem.

8 comentários:

Rui Castro disse...

Totalmente de acordo. Parabéns pelo post.

Anónimo disse...

Essa de a Igreja Católica Apostólica Romana ainda ser a pedra de toque da civilização ocidental está atrasada uns séculos. Monsenhor Ratzinger não diz, óbviamente, ao que vem. Mas venha ao que vier, actualmente é carta fora do baralho.

Anónimo disse...

E vc está baralhado. Leia e aprenda.

Anónimo disse...

É possível. Mas veja bem, eu até já esqueci o que você anda a ler.

josé disse...

Nunca se é carta fora do baralho quando o jogo precisa dela.

Esse, também foi o erro de Estaline(que foi seminarista): desvalorizar a Igreja Católica e perguntar quantas divisões tinha o Papa...afirmando implicitamente que "era carta fora do baralho".

Pelos vistos, as leituras esquecidas, foram-no mesmo.

Anónimo disse...

Nós e eles? Nós contra eles? Quando se começa assim, não se sabe onde se acaba, mas acaba mal com certeza.
Que eu saiba, somos todos humanos. Temos valores parecidos ou diferentes mas basicamente partilhamos a mesma humanidade.
Já houve uma época em que lhes chamavam "cães sarracenos"... parece que a coisa não correu bem.

Anónimo disse...

De que jogo falam? Daquilo que pensam que está em jogo ou do que outros jogam sobre a mesa da vossa ingenuidade? Estão prontinhos a serem servidos como carne para canhão ...
Mas claro, para os incorrigíveis românticos o muro caíu por causa de João Paulo e seus amigos do sindicato.

Anónimo disse...

Pois é, há por aí uns vigilantes que estão mortinhos por correr a moirama à espadeirada. A ver se reconquistam também o Algarve (aos ingleses) e as Beiras (aos espanhois). Quando chegar a altura, e por uma vez na vossa vida, vejam se são homens: peguem nas mocas de Rio Maior e avancem, em vez de mandar como de costume à frente os filhos dos outros!