12.1.11

DO CARÁCTER NACIONAL PORTUGUÊS

Esta coisa da dívida tem aspectos que fariam as delícias de um etnólogo encartado. Porque é reveladora do chamado "carácter nacional português". Safámo-nos. Correu tudo muito bem. Depois logo se vê. Carpe diem. Esperemos pela próxima. Antes assim do que assado. Alguém, numa galáxia próxima ou distante, pagará oportunamente a factura toda junta. Parabéns às primas.

A NATUREZA "HUMANA"

Não estava à espera de encontrar cavalidades deste jaez em blogues que acompanho. Sobretudo vindas de pessoas que se dizem muito católicas, apostólicas e romanas a amantes da famosa "paz das famílias", algo que tem atrás de si um lastro tanto de amenidades como de brutalidades. Como é que houve Auschwitz, perguntam por vezes alguns incrédulos? Então como é que não poderia ter deixado de haver desde que houvesse "homens" por perto?

11.1.11

O MANUAL DO MANUEL


A campanha de Alegre de 2011 já estava contada no livro da foto, de 2006.

MUSIQUINHAS

Entretanto vai havendo dinheiro para pagar coisas destas. Por falar em rtp, o que é que fizeram à Fatinha Campos Ferreira? Não tem direito ao seu "momento Judite de Sousa" nestas presidenciais? Ou ao enésimo debate sobre o "estado da nação"?

BEM, MUITO OBRIGADO


É como a coisa corre, segundo o das corridinhas.

SEM REMÉDIO


Percebo "o ponto" de Ferreira Fernandes. Todavia não se trata de delito de opinião. Trata-se meramente de um direito animal (parece que humano) a exercitar publicamente a estupidez, a grosseria, a cobradia e o primitivismo. É por estas e por outras que na polémica entre Rousseau e Hobbes me coloco sempre do lado deste bom "reaccionário". Nem o homem nasceu "bom", nem a sociedade melhora ou piora a sua "natureza". É mesmo uma coisa reles. Sem remédio.

Adenda: É só, aliás, seguir os comentários ao seu artigo, FF.
Adenda2: O "investido para matar" do José Teófilo Duarte fica "a matar" nesta história infeliz.
Adenda3: "Demónios" à parte, há uma coisa que ficou definitivamente resolvida na vida de uma pessoa - ficou a saber, não tanto o que não era, mas no que se tornou.

10.1.11

ESTE


Bandeira promete.

PATÉTICO


O miúdo, agora, quer suspender a campanha das presidenciais para que o PR possa "impedir" (talvez com uma manifestação à porta da residência da sra. Merkel ou atirando tomates a Sarkozy) a vinda do FMI. Imagino que Sócrates deve achar a ideia genial e reveladora da confiança que o bardo tem no governo dele. Para além de revelar o estofo de estadista que Alegre nunca será, também ajuda a manifestar a sua obtusidade política. Os famosos mercados que ele vergasta 26 horas por dia lambiam-se todos se a magnífica sugestão do candidato fosse levada a sério. Patético.

NÃO DAR TROCO


Não se deve dar troco nem aos loucos nem aos que sabem muito bem o que é que andam a fazer. Embora estes últimos devam ser denunciados sem desfalecimentos.

O PAPÃO E AS ILUSÕES


A semana, uma vez mais, começa apenas ligeiramente "abafada". Nada que a propaganda não atalhe com a reconhecida proficiência de quase seis anos de labuta. Os camaradas da esquerda moderna espanhola - igualmente enfiados num vasto esterco de desemprego e de descrédito externo - "solidarizam-se": que não, que não há cá perigo algum de coisa alguma, que nós, ibéricos socialistas, tomamos bem conta de nós, etc., etc. Nunca, nestas matérias, há porém fumo sem fogo. Marcelo, com a sua proverbial pusilanimidade, vestiu um fatinho de bombeiro voluntário e colocou-se ao lado do governo contra o papão do FMI. Mas haverá papão maior do que, justamente, um governo que encara uma doença terminal como uma vulgar enxaqueca?

9.1.11

EVOCAÇÃO DE UM HOMEM BOM

A de Vítor Alves, homem do MFA e dos tempos políticos posteriores, feita por Medeiros Ferreira. O "nosso coronel" apreciava (como eu viria a apreciar depois) as madrugadas divertidas e mexidas da Lontra, ali a São Bento. Gostava da vida quando ainda havia vida.

GRANDEZA



Verdi. Nabucco. Maria Callas

AQUI ESTAMOS


Começou oficialmente a campanha presidencial. Por "estar de cama", não pude engrossar as hostes cavaquistas em Carcavelos e Cascais como tencionava. Mas agora tudo nos chega (e sobra) através do pc. A justiça manda, porém, que se elogie o "desígnio" (não queriam um "desígnio"?) do dr. Defensor de Viana do Castelo - a protecção dos direitos dos animais. Defensor, enquanto presidente de câmara, mandou fechar uma praça de touros e proibiu touradas, uma coisa que já valeu uma venera dos amigos das ditas à ministra Canavilhas (como se a tourada, em vez de ser a manifestação primitiva que é, fosse um acto "cultural"). E pela voz de Defensor, fiquei a saber que a tve deixa de transmitir touradas, apesar de se tratar da Espanha, aquela mítica terra de violência e de "beleza" tauromáquicas tão incensada por Hemingway na sua ficcão autobiográfica. Também fiquei a saber que Alegre, numa Incrível Almadense entregue às moscas varejeiras do Bloco e a duas ou três inutilidades do PS, acusou Cavaco de "provincianismo mental". Esta ridícula vaidade ambulante armada em candidato faz-me lembrar - em muito pior, inferior e rasca - a falhada tentativa da falecida eng.ª Pintasilgo em chegar a Belém, nos idos de 1985/86. Num debate na tv, com ela, Mário Soares alertou para a circunstância de não sobrar nenhuma baixela de prata em Portugal caso ela vencesse. Com Alegre, e dado o actual estado da arte, seria o que resta de Portugal que não sobrava. Bonne chance, pois, Prof. Cavaco. Aqui estamos.

CALMA DE MORTE



A morte violenta do cronista e jornalista Carlos Castro, em Nova Iorque, já provocou os habituais derrames. De uma banda, havia um "conto de fadas" inexplicavelmente interrompido, o fatal "agora é que é". De outra, a timidez, a "normalidade" e a "simplicidade" garantidas e comprovadas pela fraternidade viril local. É extraordinário como alguém consegue jurar, sem habitar as virilhas em causa, que este, aquela, o outro ou a outra são isto ou aquilo sexualmente falando. Aos 65 anos, como indicia numa resposta à revista Pública do jornal Público dada por escrito no dia em que foi assassinado, Castro imaginava estar a viver o seu "primeiro momento" de felicidade. E que não haveria segundo como, aliás (isto ele não sabia ou não queria saber), não existia já o primeiro. No olhar calmo do rapaz pairava, afinal, uma calma de morte e a recusa de qualquer "momento" (a mãe, por exemplo, já "garantiu" a heterossexualidade do rapaz mais depressa do que a sua inocência). A psicologia poderá explicar, depois, o ritual primitivo da castração. Felizmente a justiça norte-americana não é como a nossa, mole e complacente. E todas as explicações do mundo jamais poderão afastar a realidade de um crime sem remissão. Almada Negreiros termina Nome de Guerra com um recado metafórico mas realista. Não te metas na vida alheia se não quiseres lá ficar. O rapaz meteu-se na de Castro e Castro meteu-se na do rapaz. E ficaram, os dois, juntos para sempre numa terceira vida em comum - a da morte.

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS EM REGIME SOCRÁTICO


«Uma coisa parece certa: as presidenciais de 2011 ficarão na história como o momento em que o país disse adeus à Europa e rumou para a América Latina.»

João Pereira Coutinho, CM

8.1.11

A"BASE" DO MIÚDO


O HOMEM QUE VIA PASSAR OS CARROS ELÉCTRICOS


«Não existe melhor maneira de passar um sábado de manhã» (sic) do que a dar voltinhas num carro eléctrico, sugeriu Sócrates aos jornalistas que o aguardavam para mais uma sessão estratosférica dedicada às exportações e a promover um congresso (?) das ditas. Isto quando, de fora para dentro, como explicou Carrilho na tvi, se pede lucidez e realismo. Tudo o que o homem, coitado, tipicamente já não tem.

Adenda: Isto e mais isto para ler no carrinho eléctrico ou no raio que o parta. Com cenários destes pela frente, que podem apresentar-se no curso das presidenciais, alguém com um dedo de testa pode votar em líricos destemperados que só ajudariam a cavar mais fundo a sepultura colectiva?

DA PULHICE DO HOMO JORNALISTICUS


Para além desta referida pelo Manuel Pinheiro, temos igualmente as extraordinárias perguntas e as não menos extraordinárias respostas que enchem duas páginas do Expresso acerca da "compra a preço especial". Isto para não falar do "editorial" esquizofrénico do Henrique Monteiro que termina com um ternurento "para mim, ambos, Cavaco e Alegre, estão acima de qualquer suspeita". Por exemplo: "Cavaco Silva sabia que podia estar a ser beneficiado?" Resposta: "Provavelmente não. A SLN não estava cotada e não é fácil saber o valor de um activo destes, sobretudo quando tem uma gestão centralizada numa pessoa." Outra. "O preço de venda foi justo?" Resposta: "Não é fácil chegar a uma conclusão. Houve vendas nesse ano (2003) aos mais variados valores. Cavaco recebeu €2,40 por acção. Houve quem vendesse a €1,80 e a €2,70. Ou seja, não há padrão." Etc., etc. O respeitável hebdomadário regimental, a um cantinho, a vermelho, no meio dessas duas páginas dedicadas ao "caso BPN" e a Cavaco, escreve que "no caderno Economia pode ler como o banco perdeu 3 mil milhões desde a nacionalização." Coisa pequenina e irrelevante, não é verdade, comparada com a possibilidade invejável de ir deitando lama para todas as ventoínhas disponíveis nas páginas principais do 1º caderno?

Adenda (do leitor Alves Pimenta): «Um tal Carvalho, apresentado como subdirector do Público, ou lá o que é, anda pela RTPn a expelir disparates sobre disparates contra Cavaco, mostrando ter a cabeça por dentro tão livre de ideias como por fora de cabelo. A coisa seria de ignorar - a RTPn é confidencial, embora sejamos forçados a pagá-la -, não se desse o caso de a RTP1 a ampliar, aproveitando as necedades do Carvalho para os seus noticiários, como vi à hora do almoço. Aqui a coisa fia mais fino, levando-me a fazer a pergunta: ninguém na SONAE, a começar pelo eng. Belmiro da Azevedo, apoiante de Cavaco, nota os atentados dos seus empregados contra a sobrevivência do jornal?»

Adenda 2: «E estávamos os dois do mesmo lado. Gostei disso.» O pior mesmo era o "lado" onde estavam e onde, pelos vistos, alegremente permanecem. Bastou ouvir, esta manhã, o Hotel Babilónia (sim, já sei que fui lá uma vez), na antena1, em que o Pedro Rolo Duarte e o João Gobern pareciam disputar o "prémio cabotinice" da 1ª hora de programa. Este último, aliás, entusiástico apoiante de Alegre, referiu-se sempre ao infeliz bardo como "dr.". Já conheceram melhores dias.

Adenda 3 (do leitor Alves Pimenta): «Quanto à Adenda 2: Para já não falar do Rolo, o outro é mesmo um capacho típico do socretinismo, à conta do qual exclusivamente vive. Com efeito, na Antena 1, além desse "Hotel Babilónia" - suprasumo do cabotinismo -, Gobern partureja todas as manhãs, por volta das 8 horas, uma crónica debilóide intitulada "Pano para mangas", em que, presentemente, qualquer pretexto serve para atacar Cavaco - e aparece ainda regularmente na RTPn como filósofo do futebol... Compreende-se perfeitamente que esta gente fique de pêlo eriçado sempre que, mesmo longinquamente, vislumba qualquer hipótese de lhe afectarem o tacho em que, sem mérito nem pejo, se habituou a chafurdar»

Adenda 4: Depois, também acontece dar-se o caso de formas de vida normalmente inteligente descambarem à conta de ideologias defuntas. Está-se mesmo a ver que Sócrates e Cavaco são "gémeos", não está?

À ATENÇÃO DA PATRULHA


Não ocorreu a nenhum dos moralistas de serviço - que ainda vão querer saber se Cavaco comprava as alfaces mais baratas do que os vizinhos ou os sapatos em saldos - averiguar quanto é que andam a pagar pelo BPN nacionalizado ou, mais adequadamente, para que é que têm servido os milhões enterrados na coisa. Ontem, por acaso, o Paulo Portas perguntou se o senhor da foto sabia que o BPN (nosso, nacionalizado, público) tinha comprado há poucos meses (com o nosso, nacionalizado e público dinheiro), a um accionista da SLN, 6 milhões de acções ao valor nominal de 1 euro mas que custaram ao BPN (nosso, nacionalizado, público, i.e, custaram a si, moralista idiota de serviço) 3.04 euros cada. A SLN chama-se agora Galilei e é presidida por um senhor que não é da comissão de honra de Cavaco. Talvez conviesse ao conjunto dos analfabetos simples e funcionais que se deleita com esta porca proeza de tentar apoucar o Presidente da República perguntar-se a quem é que interessa este folclore transmontano que eles dançam com tão imbecil gosto. Pus a foto para os ajudar.

7.1.11

DA FALSA INOCÊNCIA


A dra. Judite Seara, mais conhecida por de Sousa, entrevista esta noite mais um pândego da série "arranjou sete mil e quinhentas assinaturas para se candidatar a Belém". Presume-se que, não se tratando de um programa cómico, a dra. Judite questione o dito candidato acerca da sua proveniência. Ou seja, e nomeadamente, acerca de quem é que lhe anda a pagar estes quinze minutos de fama. O resto, já se sabe, será mais tempo de antena (em que a dra. de Sousa tem sido, aliás, exímia nas perguntas que coloca) contra um candidato a sério. Mas os media apreciam palhaçada. Força.

CONTRA A FARSA

«Percebe-se a insistência da esquerda no chamado "caso BPN". Na ausência de qualquer ideia sobre a função presidencial, para a qual a generalidade dos candidatos não é manifestamente talhada, convém colorir o deserto político da campanha eleitoral com um arremedo de escândalo que provoque o habitual alarido e umas tantas páginas nos jornais. Cavaco Silva vendeu as acções que tinha na Sociedade Lusa de Negócios (SLN), em 2003, com 140 por cento de lucro e pagou os respectivos impostos, como atesta a sua declaração no Tribunal Constitucional? É o suficiente para abalar a boa consciência do Bloco de Esquerda e dos alienados do costume que vêem no mercado e na banca, em particular, a origem de todos os males que afectam a sociedade. O lucro, como se sabe, é inimigo dos trabalhadores que recebem o seu ordenado do Estado ou de Deus, como diria o engº César, dos Açores, que tem dinheiro para distribuir pelos seus funcionários porque este lhe caiu dos céus, à margem dos contribuintes. Acha ele, claro!É assim que Manuel Alegre, candidato do Bloco, cavalga a onda – embora confunda a margem de lucro do seu adversário (não foi de 40 por cento, como disse na Madeira), o que revela que o guião ainda não está totalmente afinado. Já a Manuel Alegre, candidato do PS, com o apoio declarado de José Sócrates, estranha-se esta súbita susceptibilidade em relação às operações financeiras de um homem que, na altura, não ocupava qualquer cargo político. Que diria Manuel Alegre se Cavaco Silva estivesse envolvido em negócios obscuros, com direito a vídeos em inglês e a uma série de perguntas por responder num despacho judicial? A crer na indignação que por aí jorra a propósito do BPN, presume-se que cairia o Carmo e a Trindade, por entre um coro imenso de acusações mortíferas e de exigências espectaculares. Para não falar das licenciaturas ao domingo, dos imbróglios do amigo Vara, das casinhas mal-amanhadas e ainda pior explicadas e de todos os outros casos que o PS cala e consente – e, em muitos casos, defende. Como seria de esperar, não foi preciso esperar muito para que surgisse o "caso BPP" – um caso sem relevância que mostra, antes de mais, a miséria de uma campanha eleitoral onde só um dos candidatos concorre, de facto, a Belém. Podiam ser dois mas, infelizmente, o Bloco, o principal apoio de Manuel Alegre, tem outros objectivos em mente. » (Constança Cunha e Sá, Correio da Manhã) Certo, menos a promoção do pequenino César açoriano a engenheiro quando ele (ou o seu candidato) não é licenciado em coisa alguma (o que também não acrescenta nem diminui nada à sua consabida cretinice). E CCS diz, sobretudo, o que eu próprio já tinha dito: só existe um único e verdadeiro concorrente a Belém. O resto é farsa.

NÃO HAVIA NECESSIDADE


«Não há nada que possa remover Cavaco de Belém pela simples razão de que as pessoas gostam do seu dinheiro e ninguém confia o seu dinheiro a um poeta de esquerda, aliado ao beneditino Louçã, a não ser que deseje a bancarrota quase imediata de Portugal. Presumo que o próprio Sócrates prefere ver essa lírica personagem pelas costas, coisa que iria fortalecer a sua própria posição e aliviar, embora temporariamente, alguns dos seus sarilhos.» Escreve, e bem, Vasco Pulido Valente no Público. A seguir discorre sobre Cavaco e o BPN praticamente no mesmo tom lamacento do "benditino Louçã", do "poeta de esquerda" e dos capachos underground. Não havia necessidade.

6.1.11

PRIMITIVISMOS

Uns cretinos quaisquer foram ao baú do Expresso e "venderam" como novidade uma coisa publicada em 2009. Mas para a cretinice ser perfeita, sugeriram que Cavaco vendeu as famosas acções do BPN, em 2003 (Novembro, altura em que acções de outros titulares foram fixadas, por exemplo, em € 2,60), ao então presidente do BPN, Oliveira e Costa - que tomou conta do banco em 1998, em plena festança guterrista. Qualquer pessoa com a 2ª classe pode ler que o titular das acções deu uma simples ordem de venda ao banco (na pessoa do seu presidente), nos termos dos respectivos estatutos, onde as acções não estavam cotadas em bolsa. Não "guiou" propriamente a mão do dr. Oliveira Costa para despachar à mão o que despachou. Para além do mais, o dito Oliveira e Costa ainda não foi condenado em coisa alguma o que qualquer candidato a uma faculdade de direito pode explicar aos cretinos. Fazer disto o "guião" das presidenciais (ou dos mil e quinhentos euros pagos por outro banco a Manuel Alegre) é típico de gente primitiva. Mas isso já se sabia.

Adenda: Este post de Jorge Costa. Tipo, como eles dizem, "não apaguem a memória".

A MOSCA VAREJEIRA

Calhou a vez, finalmente, ao evangelista Louçã de vir espumar contra Cavaco. Louçã é um reles demagogo que floresceu à conta da ambiguidade do regime. Tem tanto crédito na praça como uma mosca varejeira. Que irá esta tropa toda, rídicula e néscia, dizer na noite de 23 de Janeiro? Que o povo, afinal, não é bem o que eles esperavam que fosse?

UM "MODELO"


Ali, nas inscrições para o CIC, faltava esta coisa em forma de assim assim. Ora de "direita" quando lhe convém. Ora "socrático" também quando lhe convém. Ora o que for preciso desde que lhe convenha. Um "modelo" a seguir nos dias de hoje.

BPN, BPP, BPN, BPP, BPN, BPP


O país das siglas ou de "intelectuais" com "alma" de porteiras e de "coelhinhas" do Prof. Herrero. Nunca na história portuguesa se conseguiu juntar tanta gente estúpida ao mesmo tempo.

UMA ECONOMIA DE MORTOS-VIVOS


«A nível europeu, os impasses agravam-se, o bloqueio político parece total, as tensões da moeda única vão aumentando e a divergência das diversas trajectórias económicas vai-se acentuando, deixando como única via a dos recursos "caso a caso". Nenhum dos problemas fundamentais da União Europeia foi resolvido, e nada indica que o sejam este ano. Estamos praticamente na mesma situação de há um ano, na verdade só mudou o nome dos países sob pressão: a prová-lo, Portugal pagou ontem juros seis vezes superiores ao que pagou há um ano, para colocar 500 milhões de euros de dívida em obrigações do Tesouro. Continuamos assim bloqueados pelas ideias que nos conduziram à crise, governados por aquilo que um economista australiano, John Quiggin, inspiradamente designou como uma economia de mortos-vivos. Isto é, uma economia dominada por ideias cuja falência vai sobrevivendo à prova dos factos. E perante isto os poderes públicos, em vez de reagirem, vão-se entregando a malabarismos sem fim, numa inédita confissão de impotência que já não escapa a ninguém. Todos gostávamos de ver abrir-se um novo ciclo, neste começo de ano. Mas assim isto vai correr mal, muito mal. É com este realismo que Portugal deve decidir o que fazer. E de uma coisa estou certo: vai haver de facto muito para decidir em 2011.»


5.1.11

A TORRE


Fui aluno de Jorge Miranda cuja probidade sempre apreciei. Todavia, nem os melhores espíritos estão completamente libertos dos seus "momentos tabula rasa". Miranda prepara-se para conduzir a tradição doutrinária constitucional portuguesa até ao livre arbítrio de um tribunal "político" como o constitucional. Ainda há pouco, na sicn, o pequeno Vitorino - que lá passou como "juiz" - explicou a respectiva "tendência" jurisprudencial: tudo pela nação, nada contra a nação. Nação aqui normalmente reproduzida no governo da hora. Isto para dizer que as providências cautelares deverão morrer de morte natural. Vivemos num regime em que o anti-natural é natural por natureza e onde tudo está bem assim e não podia ser de outra maneira.

(foto: daqui)

IMPORTA AVALIAR, SEM SER EM PART-TIME

O CONCURSO


Para este concurso - o CIC, "concurso de insultos a Cavaco" - ainda não foram registadas as inscrições de Ana Gomes, de Helena Roseta, do "alegrista PSD" Henrique de Freitas, do profeta Louçã, do sobrinho Alfredo ou da viúva Pilar. Lá chegaremos.

A "CONFIANÇA"


Os juros da dívida pública a seis meses custaram hoje seis vezes mais do que há um ano atrás. Como perguntaria o Jack Nickolson, "where's the trust"?

"CASA DA DEMOCRACIA" OU "CASA DOS SEGREDOS"?


Quando um roubador de gravadores de jornalistas como o sr. Ricardo Rodrigues preside a uma comissão parlamentar de inquérito, está tudo dito acerca do "prestígio" da "instituição" com sede em São Bento.

4.1.11

CONTINUEM



O sr. César, aquela criatura pequenina e insuflada que manda nos Açores, queixou-se da circunstância de Cavaco, por lá em campanha, não lhe passar cartão. A inversa também podia ser verdadeira não fosse dar-se o caso de Cavaco pretender andar com companhias rasteiras em São Miguel e na Terceira. Na Madeira, o candidato Alegre foi mandado arremessar o tema BPN contra Cavaco como uma vulgar porteira ou um híbrido de Pitta com Crespo. E as "inteligências" (parece que Sousa Tavares se "superou" na sic, não vi) médias (dos media) apressaram-se a dizer que é o "grande" tema da campanha. Não é, evidentemente. É lixo e apenas comprova que, fora Cavaco, ninguém mais está verdadeiramente a correr a Belém. É o "padrinho" de Basílio Horta, em 91, de volta, ou o "paga o que deves", de 80, contra Sá Carneiro e que tanto sucesso obtiveram junto do eleitorado. Continuem.

Adenda:
O extraordinário historiador contemporâneo Rosas decretou, na tvi24, que o dito tema de 2001/2003 é mesmo "o" tema das "presidenciais" de 2011. Convém recordar que este velho sobrinho de um ministro do Doutor Salazar (que tanto jeito lhe fez no "fascismo" aquando dos sustos prisionais) é apoiante do bardo pelo lado Bloco. Medeiros Ferreira, lamentavelmente, promoveu o sr. Defensor de Moura a político sério por ter levantado o "tema" e sugeriu que Cavaco se deslocasse até ao quiosque mais próximo para dar "explicações". Safou-se Santana Lopes - que nem sequer morre de amores por Cavaco - mas que falou em honra (e de uma "agenda" presidencial que não se discute nestas eleições), uma coisa que hoje em dia qualquer um atira aos cães, como diria o esclarecido socialista Mitterrand.

LABREGUICE


Parece que, por causa dos impostos, os portugueses acabaram o ano a adquirir automóveis. É mais um sinal de periferia e de trogloditismo social e cultural. Em vez de pensarem em hábitos de poupança - que perderam com o deslumbramento do pacote democrático que oferece este mundo e o outro sem, na realidade, dar o que quer que seja -, preferiram gastar em carros que, por força do aumento brutal e crescente dos combustíveis, deverão ficar à porta. Mesmo assim, duvido. O português médio trata melhor o carro do que a família. A gasolina a dois euros talvez não fizesse mal.

O DISCURSO DO MÉTODO


O INE vai alterar o "método" de contabilizar os desempregados. A coisa pela via presencial dava muito trabalho, incomodava as famílias e o telefone resolve tudo sem maçar ninguém. Assim sendo, deixa de ser possível comparar dados que foram obtidos por métodos distintos. A partir de agora, o INE como que parte de uma base zero para as suas recolhas e os números serão o que, naquele momento, eles revelarem. É, dizem, uma decisão técnica. Será. Mas é igualmente política, apesar de estra prevista desde 2008. Nesta altura do campeonato, em que o desemprego é a chaga que se conhece e alastra, não devia ser possível mexer no "método". Todavia, quem manda é o "discurso" dele e não o "método" em si. Nada, porém, que altere a realidade, sempre mais rica (para melhor e para pior) do que os "cientistas" dos gabinetes e de quem manda neles.

3.1.11

PRESTE ATENÇÃO AO SINAL


A avaliar por alguns comentários (censurados e não) que têm chegado aos últimos posts, não é só a administração de determinados bancos públicos (coisa que o BPN é, por exemplo, desde que o nacionalizaram) que funciona em part-time como sugeriu Cavaco. A inteligência de muita gente também. Em compensação, a respectiva estupidez tem acompanhado o crescimento da taxa normal do IVA e o preço genérico dos combustíveis.

«ARMAZÉM DA MEMÓRIA»


Um poema do Torquato da Luz para o princípio do ano. "Armazém da memória" também pode ser o nome da poesia. Se é que a poesia precisa de um.

SAÚDINHA


Consta que o ministério da saúde gastou 21 milhões de euros em operações de "consultadoria" que não serviram para nada. E que também distribuiu "prémios" entre outras loucuras. Nas obras públicas, passam a vida a "reavaliar" o famigerado "investimento" traduzido em metros, tgv's e aeroportos. Entretanto, não acontece nada a ninguém. Ou melhor, acontece. Aos contribuintes que andam já há dois dias a pagar mais impostos para garantir, entre outros louros, a solvabilidadade de coisas como estas. Ainda não batemos suficientemente com a cabeça na parede.

2.1.11

A VINTE DIAS


Não sendo um cavaquista da 25ª hora - daqueles picoitos meretrizes de Elêusis a que alude Ezra Pound e que pululam por aí travestidos de académicos, disto ou daquilo e que são muito respeitáveis porque asseguram a famosa paz das famílias -, estou à vontade para comentar, quando e se me apetecer, as prestações do PR e recandidato a Belém nas próximas três semanas. E de comentar o que as meretrizes de sentido oposto às primeiras (sempre "candidatas" a qualquer coisinha como o Pitta, versejador invertebrado que já tinha idade para não fazer figuras de Marques Lopes ou de "corporativo"). Já se percebeu que Cavaco optou pelo minimalismo. Está rodeado de Constituição - e de bonzos que temem as rupturas - por todo o lado. Correrá contudo o país convencido que "acredita" e que é preciso que o país "acredite". Em quê? Na competitividade das empresas falidas? Num sistema produtivo destruído? Num mundo de trabalho deprimido? Numa banca dependente e rapace? Numa juventude doutoradamente desempregada? Falo disto, assim, brutalmente, porque Cavaco é sucessor dele próprio em Belém e é o único que é verdadeiramente candidato a um cargo que, apesar de todas as limitações, não merecia a idiotia catatónica dos restantes pretendentes que tiveram a infelicidade de obter as legais sete mil e quinhentas assinaturas. Mas o referido minimalismo não lhe servirá de muito. Julgo (ainda julgo) que Cavaco, ao fim destas décadas de dedicação à causa pública, não pretende ficar associado ao descalabro socialista e à inoperância parlamentar. Deverá falar as vezes que forem necessárias e, com a legitimidade eleitoral renovada, jamais deve hesitar em denunciar ao país um e a outra. O minimalismo escolhido numa campanha que acompanho à distância vai custar-lhe uma forte abstenção a 23 de Janeiro. Porque ninguém é mobilizável por lugares-comuns e trivialidades depois da humilhação geral que entrou ontem em vigor. Aliás, é só disso que se vai tratar nos próximos 20 dias - de evitar que a abstenção dos que empobreceram por decreto vença nos boletins de voto. Por aqui, farei o que puder sem lambe-botismos imbecis para que não pendo. Mas com a feliz recomendação do Doutor Salazar na ideia: decididos até onde ir, não devemos ir mais além.

A SEGUIR


Parece que o Correio da Manhã é o jornal "preferido dos portugueses", uma expressão horrenda que a novilíngua dos media "julia pinheirizados" introduziu nos hábitos vocabulares idiotas dos indígenas. Tem, de facto, o CM a vantagem, sobre os outros, de resumir o país. O político, o das facadas, o da bola, o dos acidentes, o do chamado "beautiful people", o dos desdentados, etc., etc. Dos humilhados e ofendidos até aos princípes e fadas de Portugal, todos têm o seu momento resplandecente no jornal. Talvez não valha grande coisa, mas esta iniciativa, precisamente por causa do "espírito interclassista" do jornal, deve ser acompanhada porque a casa tem seguramente meios para vigiar um "fenómeno" que os institucionais (porque não querem, não podem ou as duas coisas juntas) deixam escapar. A seguir.

1.1.11

PAÍS TRAVIATA



Talvez seja preferível acompanhar a Traviata da Ópera de Lyon, numa récita de 2009, no canal Mezzo, do que ouvir o PR e a sua "mensagem de ano novo". Não é por nada, mas não me apetece começar isto a "bater no ceguinho". É que as palavras estão gastas como num verso conhecido.

HINO NACIONAL 2011

O ROLLS ROYCE E A CARROÇA


D. Dilma toma posse como presidenta brasileira. O "lulismo" continua mas passa a frequentar o cabeleireiro. Todas as extraordinárias proezas do regime de Lula tiveram origem no mandato do civilizado Fernando H. Cardoso. Mas Lula, o "povão" e os negócios acabaram dando-se melhor uns com os outros. Daí ter sido fácil "fabricar" a D. Dilma que ou fará o seu próprio caminho, ou permitirá que o "petralhismo" prossiga paredes meias com o sucesso brasileiro. Sócrates lá está para tentar que lhe comprem um pedaço de dívida. Vai ser esta a vida dele até ao seu glorioso fim político que, suspeito, só ocorrerá mediante a força do voto não se sabe ainda quando. Com todos os defeitos da coisa, tomara nós sermos hoje brasileiros à excepção da língua e do ridículo "mar" dela que deu no funesto acordo ortográfico. Como não somos, inclinamo-nos perante a pobreza anunciada cujos relógios começaram a funcionar há escassas horas. D. Dilma vai de Rolls Royce. Nós de carroça e a fazer de burros, puxando-a. Cada um tem o que merece.

O CREPÚSCULO DOS LOUVAMINHEIROS


E eu a pensar que pelo menos uma destas duas criaturas (a que cita) apreciava ser "bem fodida" pelo Sócrates. Por isso, queixa-se de quê ou de quem? Parabéns à prima.

HOMENAGEM

Faz da tua vida em frente à luz
Um lúcido terraço exacto e branco,
Docemente cortado
Pelo rio das noites.

Alheio o passo em tão perdida estrada
Vive, sem seres ele, o teu destino.
Inflexível assiste
À tua própria ausência.

Do livro de Sophia, ali à direita (e emprestado do
Almocreve)