«A decisão de censurar o Jornal Nacional de 6ª (JN6ª) foi tudo menos estúpida. O núcleo político do PS-governo mediu friamente as vantagens e os custos de tomar esta medida protofascista. E terá concluído que era pior para o PS-governo a manutenção do JN6ª do que o ónus de o ter mandado censurar. Trata-se de mais um gravíssimo atentado do PS de Sócrates contra a liberdade de informar e opinar. Talvez o mais grave. O PS já ultrapassou de longe a acção de Santana Lopes, Luís Delgado e Gomes da Silva quando afastaram a direcção do DN e Marcelo da TVI. A linguagem de Santos Silva e do próprio Sócrates na quinta-feira sobre o assunto não engana: pelo meio da lágrimas de crocodilo, nem um nem outro fizeram qualquer menção à liberdade de imprensa. Falaram apenas dos interesses do PS e do governo. Sócrates, por uma vez, até disse uma verdade: o PS não intervinha no JN6ª. Pois não, foi por isso que varreu o noticiário do espaço público. O PS-Governo de Sócrates não consegue coexistir com a liberdade dos outros. Criou uma central de propaganda brutal que coage os jornalistas. Intervém nas empresas de comunicação social. Legisla contra a liberdade. Fez da ERC um braço armado contra a liberdade (a condenação oficial do JN6ª pela ERC em Maio serviu de respaldo ao que aconteceu agora). Manda calar os críticos. Segundo notícias publicadas, pressiona e chantageia empresários, procura o controle político da justiça e é envolvido em escutas telefónicas. Cria blogues de assessores com acesso a arquivos suspeitos que existem apenas para destruir os críticos e os adversários políticos. Pressiona órgãos de informação. Coloca directa ou indirectamente “opiniões” e “notícias” nos órgãos de informação. Etc. O relato da suspensão do JN6ª, no Jornal de Notícias e no Diário de Notícias e outros jornais de ontem é impressionante, sinistro e muito perigoso. Provir de supostos “socialistas”, portugueses e espanhóis, em nada diminui a gravidade desta censura. Esta suposta “esquerda” dos interesses, negócios e não resolvidos casos de justiça é brutal. Intervindo na TVI, o PS-Governo atingiu objectivos fundamentais. Como disse Mário Crespo (SICN, 03.09), o essencial resume-se a isto: J.E. Moniz e M. Moura Guedes foram eliminados —e com eles as direcções de Informação e Redacção e um comentador independente como V. Pulido Valente. Este PS-Governo é muito perigoso para a liberdade. Até o seu fundador está preso nesta teia, por razões que têm sido referidas. Ao reduzir a censura anticonstitucional, ilegal e protofascista do JN6ª a um caso de gestão, Soares desceu ao seu mais baixo nível político. É vergonhoso que seja ele, o da luta pela liberdade, a dizer uma coisa destas. Será que em 1975 o República também foi calado só por “razões de empresa”? O PS-governo segue o mesmo caminho de Chàvez, ao perseguir paulatinamente, um a um, os seus críticos: e segue o mesmo caminho de Putin, ao construir uma democracia meramente formal, em que se pode dizer que a decisão foi da Prisa não dele, em que se pode dizer que os empresários são livres, que os juízes são livres, que os funcionários públicos são livres, que os professores são livres, que os jornalistas são livres, que a ERC é livre, etc — mas o contrário está mais próximo da verdade. Para todos os efeitos, Portugal é uma democracia formal, mas estas medidas protofascistas vão fazendo o seu caminho. Não dizia Salazar que Portugal era mais livre que a livre Inglaterra? Sócrates e Santos Silva dizem o mesmo.»
Eduardo Cintra Torres, Público
Eduardo Cintra Torres, Público
5 comentários:
Instruções para o dia-a-dia de um "homogeneizado".
1 - Ler diariamente a obra completa do Grande Líder Kim-Il-Sousa. Não há que assustar porque é “coisa” para um instantinho.
2 - Ler os blogues amigos, Simplex, Causa…; ter cuidado com os colectivos: No Comuns há uns que são “nossos” e outros que são “deles”; o “gordo brilhantina” do "Blasf" agora já escreve coisas acertadas, (contra a “outra”) e, enquanto assim for, é amigo; ouvir atentamente o “penteadinho” porta-voz, comprar o material escolar, como manda a “nossa” menina dos caroços de cereja; decorar os escritos dos “Joões Gamba e Constante”, da “bacalhau à Gomes”, do “Vitalino Moreira”…; o tipo do Bichos é “nosso” mas nunca fiando: para evitar surpresas ler só o que escreve sobre o “glorioso”. Quando alguém falar do “dos Pequeninos” reagir com veemência: Quem? Esse “éfe da pê”?
3 - Frequentar recepções de consultórios médicos e procurar, nas revistas cor-de-rosa (com mais de dez anos), “cenas” que possam ser usadas contra o “outro” que “nos” quer tirar a Câmara.
4 - Sábado, não esquecer, é manhã de Novas Fronteiras: Ir cedo, com bandeirinha, procurar lugar na coxia central; pode ser que o Grande Líder repare e “nos” dê aquele “passou bem”; bater sempre muitas palmas, acenar com a cabeça e rir a bom rir quando ele achincalhar a “outra”.
5 - Noites de quarta a domingo: Passar pelo Parque; cumprimentar todos; como não vai quase ninguém é fácil ser visto pelo “A”, que vai relatar ao “B”, encarregue de alinhavar o relatório, que o “C” entregará superiormente.
6 - A partir da quinta “mine”, evitar completamente expressões que contenham as palavras “licenciatura”, especialmente se associada a “domingo”, “PortoLivre, em inglês”, “Lápis da Mata”, “Castilho”, “mãe”, “primo(s)”, “tio”, porque (nunca se sabe), podem ser detectadas pela rede de espionagem, montada através de interligações dinâmicas de “Magalhães”.
7 - Reservar lugar nas “caminétes” (senhor condutor ponha o pé no acelerador) que vão encher o comício de Alguidares do Meio.
8 - Passar repetidamente pelo túnel do “outro”, para ver se conseguimos ver algum azulejo descolado, que sirva de prova à “evidente falta de segurança” que impede a sua conclusão.
9 - Aconselhar familiares e amigos no sentido de se portarem com juizinho, convencê-los da categoria das grandes obras públicas. Ao fim e ao cabo, como não são para pagar já, “os nossos filhos e netos” que fechem a porta.
10 - Ir a todas as iniciativas, em todas as frentes e deitar fora todas as “cenas” que diziam mal da arquitecta e do Zé, porque agora já são “nossos”.
11 - Ser visto no jardim que foi arranjado (não é difícil encontrá-lo porque é o único), dizer alto e bom som: “Isto sim é que é obra”, beber um “peppermint” no quiosque da “nossa” amiga Cathy, passar por todos os outdoors do líder com as mocinhas ou do coraçãozinho e explicar a quem passa que “agora é que vai ser”.
12 - Bom… se no fim de tudo a “assessoriazinha” ainda estiver ameaçada, só restará uma atitude fracturante: Explicar calmamente à “patroa” que há sacrifícios necessários e causas que têm muita força e pedir àquele senhor muito educado, que “também já é nosso”, uma ficha de inscrição naquela coisa dos “gays”.
Para quando o "julgamento" do admirável líder? A 27 de Setembro, com certeza...
Alguém que nos livre deste vírus, por favor... Por favor...
Sr. Sequeira, Zé (não 1º):
Se não fosse tristíssimo o referente de quanto escreve, riria e riria, mas muito, muito, alarvemente mesmo.
«Amigos, que desgraça nascer em Portugal!»
(Nobre, de si dito Pobre...)
E é que nem o nosso mais nóvel Santo, o Nuno (Álvares) de Santa Maria (Nossa) nos salva HOJE destes ATOLEIROS.
Eduardo Cintra Torres é dos poucos que chama os bois pelos nomes. Daí Estrela Serrano e outros avençados lhe terem o ódio que lhe têm. Velyn.
Estes senhores socialistas que enchem a boca para falarem da sua passada luta pelas liberdades nunca enganaram ninguém: lutaram sempre pelas SUAS liberdades.
Roth
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