13.7.09

ASSIM SEJA

Apesar de católico, sou favorável à lei da Dra. Maria de Belém, a chamada "lei do testamento vital". Mais. Defendo a eutanásia porque - ao contrário do aborto em que não há, por assim dizer, "audição prévia" - eu posso chegar à conclusão que a minha vida terrena - por motivo de ausência manifesta da qualidade que define a vida - acabou. Quem crê na vida eterna não pode "agarrar-se" a esta porque alegadamente não pode dispor dela. Pode e deve. Segundo Santo Agostinho, há um valor maior do que nós e esse valor é Deus. Quando desse "nós" apenas resta o invólucro, que maior fidelidade Àquele (o Único) que nos acompanha até ao fim dos tempos do que ir, sem sofismas, ao Seu encontro? Confesso, pois, um pecado grave. Mas também é para isso que a Igreja existe. «Não olheis aos nossos pecados mas sim à fé da Vossa Igreja." Assim seja.

16 comentários:

Anónimo disse...

Não há suicídio assistido coisa nenhuma, João Gonçalves. Se Deus quiser que você sofra, que assim seja!

Anónimo disse...

como catolico o que acha disto?
O Papa fazendo a apologia do governo mundial.
http://gladio.blogspot.com/2009/07/papa-promove-ideia-de-governo-mundial.html

Anónimo disse...

que confusão por aí vai, sr. joão. já era altra de dobrar umas lombadas entre a filosofia e a teologia, ou não? é que é desolador ver um homem relativamente culto e informado exbir esta desprovida e piegas "filosofia de vida". e essa da "qualidade de vida" é bem reveladora do espírito da coisa: imagino que "qualidade de vida seja umas idas ao ikea e à zara, ou à paris 7 e à louis vuitton, conforme as bolsas. o que importa é consumir, por causa da dignidade humana e tal. a doença e a velhice, rebaixantes que são da nossa condição, já se sabe: fora, pim!
quanto a santo agostinho, antes de citá-lo há que entendê-lo, pois duma leitura atenta resulta evidente a sua oposição total à eutanásia e, mais essencial ainda, a submissão total da sua opinião(como agora se diz) aos ensinamentos da igreja de cristo.
albertino

www.angeloochoa.net disse...

João Gonçalves, sobre «eutanásia» lhe lembro só o raciocínio do insuspeito Immanuel Kant na Fundamentação da Metafísica dos Costumes (o reproduzo de cor...(da tradução do Paulo Quintela):
a maior excelência da atitude ética está em amar a vida apesar de tudo, ainda quando ela não dê a alegria e a satisfação que comummente dá, amar a vida ainda quando ela é penosa e dolorosa e por amor à vida a manter e suportar ainda quando isso transporte um doloroso peso... Imperativo ético de pôr o fim sem fim que é o humano acima de quaisquer outros 'mobiles'...

Ritinha disse...

Os crematórios de Auschwitz não começaram com intenções menos piedosas.

Nunca aprenderemos nada?

João, o senhor é homem capaz de se dobrar. Faça um favor a todos nós e retire este post.

Anónimo disse...

Respeitinho à Igreja, João Gonçalves. Respeitinho.

João Gonçalves disse...

Ritinha: não compare o incomparável. E não exagere. Quanto à minha opinião, é a minha, se quiser, de experiência feita. Por isso o blogue é meu. Não peço que concorde. Bjs.

JLR disse...

Caro João Gonçalves,

Não escreveu assim tão pouco, mas escreveu bem!!

PS: é quase como o ditado

Anónimo disse...

Mais um assunto em que estamos de acordo. Se o aborto é permitido, a eutanásia terá que o ser. A proibição da eutanásia é uma injustiça para quem não tem qualidade de vida física e não pode resolver o problema pelas suas mãos. Quem não tem qualidade de vida psíquica, pelo contrário, resolve muitas vezes o assunto.

PC

Evágrio Pôntico disse...

Só Deus, o nosso Criador, pode decidir do fim da sua criatura...

fado alexandrino. disse...

Pessoa que estimo teve há cerca de dezoito meses um AVC fortíssimo e está desde essa altura deitada numa cama sem falar sem se mexer e compreendendo vagamente o que se passa.
Como a família não tem recursos nenhuns foi enviada para uma casa de retaguarda num lugarejo qualquer ao pé de Mafra.
A filha visita-a quando pode e a pobre coitada está sempre esfomeada.
Era uma mulher poderosíssima, empregada doméstica trabalhava desde o nascer ao pôr-do-sol com uma força física impressionante.
Depois de lerem isto talvez compreendam melhor o post.

Xico disse...

Não pretendia meter-me no assunto. Ele é demasiado delicado, mas o Fado Alexandrino colocou-nos a todos perante uma realidade terrível. A de serem os filhos ou outros quaisquer a decidir quando se deve matar os pais! Já se fazia isso no alto das nossas serras. Há quem se lembre...Deixava-se o velho ou a velha na enxerga com um copo de água e uma côdea. Fechava-se a porta e pronto! E a almofada do judeu???
Uma coisa é desligar uma máquina que nos dá uma vida artificial, outra é interferir no processo!
Fado Alexandrino. Esse é o pior exemplo para falar do assunto!

joshua disse...

Eu acredito na vida até à última gota. A qualidade de vida suprema é, apesar e para além de tudo, estar vivo. Viver é Cristo e deve ser um acto de adoração grato e profundo ao Dador dela.

Dispor de si é um interdito com um sentido ontológico que não pode abrir brechas nem fissuras, subjectivando-se ou assumindo a putativa subjectividade do terminal ou incapacitado: «Não Matarás.» E o Exemplo vem de cima. Ele expirou com dignidade sem reclamar qualquer golpe de misericórida abreviador de penas. Transpassado pela lança, estava já morto.

Na "Lista de Schindler", recordam-se os médicos que, ao pressentirem os "soldaten" em fúria homicida, antecipam essa liquidação brutal dos doentes do gheto ministrando-lhes altas doses de clorofórmio. No meio da barbárie e da desumanidade, foi um acto misericordioso. Na contiguidade temporal, a morte como vexame e crueldade, seria inevitável. Mais valia tirar-lhe o terror e até a dor.

Mas dispor de si e dispor-se a que disponham de si, Não!

fado alexandrino. disse...

Fado Alexandrino. Esse é o pior exemplo para falar do assunto!

Não me fiz entender, peço desculpa.
O que eu queria sugerir era que se colocassem no lugar da mãe, não no da filha que aliás é até onde pode dedicadíssima.
O que é que ela desejará neste momento?

Anónimo disse...

Orgulho-me do meu pai, um dos últimos exploradores do Império, um homem livre e de espírito livre, lutador incansável que serviu mais do que foi servido e que viveu até aos 76 anos apenas porque amava a vida, com tudo o que ela tem para nos oferecer, e se forçou, desde muito cedo, a aprender a viver com um grave problema cardíaco. Como Corto Maltese, traçou o seu destino e enfrentou a morte, mil vezes anunciada, com humor e coragem. Nunca se queixou e mostrou-se sempre interessado por nós e pelo mundo, mesmo quando mal podia respirar e falar. Morreu antes de poder votar nas últimas eleições europeias – um passo que gostaria ainda de ter dado. Como me orgulho da minha mãe, dos meus irmãos e dos nossos amigos, que lhe encheram o quarto de vida e de música (Mozart, Beethoven e Wagner eram os seus favoritos), lhe leram livros e jornais, lhe deram a cheirar alecrim, alfazema e lúcia-lima, com ele jogaram xadrez e fizeram puzzles, por ele e com ele rezaram. A morte é o que é, como a vida é o que é. O amor faz toda a diferença e esta vida, como as estórias da nossa infância, tem princípio, meio e fim.
Cumprimentos,
CJ

Luar disse...

Pois eu concordo! Viver com dores no meio de um sofrimento horrível só para quê?! Depois quando morem todos dizem: -" Ainda bem que se foi... foi melhor assim!" Cambada de hipócritas! Se os médicos acharem covecem as famílias a "desligar a tomada" mas eu já não posso decidir o que quero?! Sei do que falo e melho do que muitos dos que comentam por aqui! Tive a minha filha em coma, escala 4 de glasgow disseram que não não sobrevivia, uma noite os médicos disseram, neste momento já está cega e vamos fazer exames mas achamos que o cerebro está de tal modo afectado que se sair do coma vai ficar com a didade de 5 anos, sem ver,falar, ou mexer... Ela tinha 23 e uma filha de 2!!!! eu disse-lhe que se isso se confirmasse antes a queria morta do que assim! Felizmente não se confirmou e sem ninguém saber o porquê ela acordou 5 dias depois, não escrevia, comia c/ as mãos, mal andava, não sabia quem éramos, etc... Mas mesmo sendo minha única filha eu não a queria a sofrer e sei que ela também não iria querer.
Essa treta de "manter" os familiares semi-vivos anos a fio não é por eles é apenas por um egoísmo privado e esquecem-se que com isso (fora as despesas monstruosas) paguei por 23 dias de hospitalização da minha filha em São josé 2.850€ isto em 2005 e fora H. Beja e CS Odemira e tudo o resto, e quase a mataram quando a mandaram para "cas",que estão a privar alguém que poderia precisar da cama e desses instrumentos e que tem danos ainda recuperaveis...

Tudo isto é de uma hipocresia monstruosa, é como os condenados à morte: Têm de estar saudaveis e na certidão de óbito vem, "causa da morte: morte natural"!!!

Desculpem os erros!