Na "conta-corrente" em curso no Médio Oriente (fonte: CNN), Líbano-200, Israel -25. Falo de mortos, naturalmente. Vivos estão dois militares israelitas, sequestrados, e um terceiro. É por causa deles - juram os israelitas e o Cymerman da SIC que nos brindou com uma simpática reportagem sobre a sua "vida" em Telavive- que estes mortíferos jogos florais de verão estão a decorrer. Os Hezbollahs andam, naturalmente, misturados com as populações civis. A contabilidade dos mortos interessa pouco numa zona em que a toda a gente está prontinha a desaparecer a qualquer momento. Todavia, bastava um, fosse de que lado fosse, para isto ser o horror que é. Apesar de cínico e céptico, ainda consigo ser cristão, nem judeu, nem muçulmano.
31 comentários:
Ora bem...
Haja quem os entenda.
Não se trata de se ser cristão, ou judeu, ou muçulmano.
A questão não é religiosa. Está muito para além disso.
A questão é saber a que grupo civilizacional é que pertencemos. Se somos europeus e partilhamos a cultura democrática, científica e tecnológica que vem sendo desenvolvida desde a Revolução Industrial e a Enciclopédia, e participamos nesse desenvolvimento; ou se, como fazem outros povos, outras culturas, outras civilizações, nos limitamos a ficar parados num estágio qualquer da História, entregando aos deuses o poder sobre o nosso destino.É que há muita diversificação por esse mundo fora no que respeita a culturas (em termos antropológicos ou etnológicos) e civilizações. Mas nem todas são compatíveis. Há muitos casos de antagonismos insanáveis, tal como a Ciência não é compatível com o Charlatanismo.
É preciso saber de que lado estamos; não podemos ficar indiferentes numa situação tão grave como esta. Gravidade de que muitos não se dão conta. Mas eu sei de que lado estou: do lado dos que defendem a civilização em que estou inserido.
Há dúvidas?
Pois senaquerib, muito bem. E aqui vai mais uma. Somos poucos, no contexto do mundo, mas somos especiais, isso somos. Sem dúvida!
a "civilização" em que estou inserida, se isso se traduz por julgamento moral, apenas me dita que a justiça não se mede nem pela lei do mais forte nem pela estrita tolerância pelos que vivem em democracia e pensam como nós.
A pior intolerância é a que leva a acreditar que se está do lado certo da História e impor um padrão único a todos os seres ao cimo da terra.
e é claro que interessa a ideologia que se alimenta de determinadas religiões e não de ouras.
O ditame do olho por olho, dente por dente, não tem equiparação no budismo nem no Cristianismo. E um Estado laico é diferente de um Estado teocrático. Tal como é diferente um povo que acredita que foi eleito por Deus de todos os outros povos que não têm essa crença nem nela doutrinam os seus desda infância.
Como é diferente uma ideologia de supremacia racial daquela que não defende eugenias de eleitos.
Por alguma razão também existem ideologias que se consideram intrínsecamente malignas ou incivilizadas e desumanas e outras não.
Por lá aquilo é idêntico a diferença está pouco mais no facto de Israel ser mais poderosa, mais rica, com maior apoio internacional e impune a críticas por via do complexo do holocausto.
o simples facto de se achar que é padrão europeu atacar um país para atemorizar matando deliberadamente civis não diz muito mais de quem o faz (porque assim o faz de há muito) mas diz de quem desculpa esse facto apenas por estar borrado de medo de qualquer ataque terrorista.
Sendo que esses borrados se esquecem que o grande ataque deu-se no 11 de Setembro precisamente para retaliar apoios a Israel.
e os que se seguiram deram-se por terem invadido aquilo para dar mais apoio a Israel e de caminho tratar de negócios.
E que isto tudo anda a ser feito com o belo pretexto de se tratar do caminho para a paz e democratização daquela zona
mas para os borrados é sempre mais fácil passar o filme ao contrário e no meio do histerismo gritarem por guerra e por cruzadas com medo que lhes cheguem a casa os efeitos.
É claro que quando rebenta bomba mais perto acagaçam-se logo e dão o dito por não dito e dizem que afinal de contas o melhor seria "negociar"
Pois perguntem agora a israel se também está interessada nessa ideia tão europeia que dá pelo nome de "negociação" ou prefere fazer como eles e dar boas sovas em civis para cuidar da pele.
Zazie
Sem embargo de outros pontos de discordância, há pelo menos uma afirmação sua num dos vários comentários que aqui deixou que é um erro grosseiro. Israel é mais poderoso mas NÃO é mais rico que os países árabes nem tem tanta ajuda internacional. Este facto é tão claro que perante uma afirmação em contrário com a que a Zazie faz se esvai qualquer desejo de contraditório.
"A pior intolerância é a que leva a acreditar que se está do lado certo da História e impor um padrão único a todos os seres ao cimo da terra."
Esse recado é destinado aos muçulmanos árabes, não é verdade?
Luikki:
Pois, Buda é (era) um deus porreiro. Ele não fundou uma religião mas sim uma filosofia (ou ética) de vida, que é perfeitamente compatível com a nossa.
Agora o budismo parece que se está a transformar em religião, o que é mau.
O comentário acima é de minha autoria.
"Esse recado é destinado aos muçulmanos árabes, não é verdade?"
este recado e destinado a todos nós. Pensei que se percebesse.
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espumamente. Tem razão. Depois de ter comentado reparei nessa impecisão. A questão é que queria referir que Israel não é apenas um Estado reduzido ao seu local geográfico. Os apoios e lobbyes internacionais chegam a tudo, da informação, à Casa Branca e passando por grande parte do mais poderoso capital.
Não é exclusivo e há capital idêntico do lado islâmico. É também esse quem financia o terrorismo internacional
Apenas respondi a um comentário em que o factor religioso aparecia fora do contexto ideológico.
Não sou das pessoas que defende que o mal está na religião. Mas creio que é bom que se entenda que nos nossos dias há religiões mais entranhadas e belicistas que outras.
Quando falamos nos judeus ou em Israel como meros ocidentais estamos a esquecer esse detalhe.
De qualquer forma acabo agora de vir do Sombra (do Rui Semblano) que fala precisamente disto melhor que eu.
Do lado de Israel temos uma civilização de um povo esclarecido, ilustrado, que atingiu um alto desenvolvimento intelectual, democrático, científico, industrial, e... que mata civis inocentes.
Do lado Muçulmano temos uma civilização teocrática, bárbara, parada num tempo antigo, atrasada cultural e socialmente e ... que mata civis inocentes.
Recuso pertencer a qualquer das civilizações em disputa.
Por isso concordo com o autor do blog. Nem judia, nem muçulmana. Cristã - embora céptica(e não cínica) algumas vezes.
O essencial que quis fazer passar é que me parece que hoje em dia se vive por cá de outros mitos e de uma tendência intolerante que faz da Democracia um valor absoluto.
É um novo eurocentrismo no género do colonial. Só que desta vez aparece com as cores do politicamente correcto e dos "valores ocidentais".
Quem os não tem, por azar, por atraso histórico, por diferença, por todos os motivos, é automaticamente colocado no lado errado da História.
ora eu penso que o mundo não tem de ser todo igual e que muitas formas de vida só se tornam verdadeiramente intolerantes quando são impostas a todos.
Que na nossa casa se viva de acordo com as nossas regras, muito bem. Agora que em casa de cada um se tenha de adoptar o padrão que nós achamos certo, isso é errado e só traz problemas.
Até porque a noção de Civilização é uma grande tragédia. No geral continuamos a ser uns bárbaros. Não é por ir Mac Donalds e por votarmos nos mesmos mecos a leilão que somos gente superior.
Muito menos gente superior que leva a que se diga que há que tomar partido por uns contra outros.
O critério ético nunca deveria andar sujeito a modas e a gostos.
E isto é tão notório que vemos agora mais gente a tomar partido por uma acção bárbara e a negar a importância de coexistência pacífica. Ou da importância que a paz (mesmo de fachada) tem para todo o mundo, que a criticarem os atentados terroristas que já nos chegaram às portas. Nessa altura, os mesmos que agora são pela guerra só se lembraram de atirar para o chão e enrolarem-se no palavreado vazio da negociação com a Al-Qaeda.
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o exemplo do comentário anterior serve para ilustrar a minha ideia-
como Israel tem toda essa mais valia cultural as bombas de Israel e o terrorismo de Israel é mais limpo.
como temos um povo democrático e culto- o terrorismo de Israel não é terrorismo e eles lá devem saber o que fazem. Logo são os bons e os outros são os maus.
Isto é o mesmo argumento de Abu Grahib. Aquilo foi nojento mas vendo bem quem o fez até condena e são uma democracia, logo a acção está branqueada dada essa supremacia civilizacional. E por aí fora.
Dantes dizia-se que quem é mais dotado tem mais obrigações de quem não é. Hoje diz-se que basta ter esses dotes nos pergaminhos para ser o exemplo a seguir, o lado bom a alinhar. A escolha acrítica a adoptar.
É este o produto dessa tal lavagem ao cérebro do politicamente correcto e da balela dos "dos nossos bons valores ocidentais".
Somos uma merda com mais obrigação de o não ser que os outros. E´apenas esta a diferença.
lendo com mais atenção a nanda concordo. Também penso isso, ainda que não infira que seja necessário ser-se cristão para se chegar à mesma conclusão.
Afinal de contas, no passado os cristãos fizeram o mesmo apesar de não ser essa a mensagem de Cristo.
E a supremacia das armas dá sempre uma ajuda para se adaptarem as crenças às circunstâncias.
"este recado e destinado a todos nós. Pensei que se percebesse."
A todos vós? Não sabia que éreis muçulmanos.
Então aprendei, aprendei...
passo, o recado é destinado a todos nós-
acrescento- com capacidade de ler e entender as palavras.
Quem quer que ache que, pelo facto de não ter nascido lá para aquelas bandas, está livre da pulsão fanática, está no caminho certo para o ser.
primeiro de forma branda...
é como a loucura.
«BASTAVA UM»
Afinal foram "23"
Zazzie andas com uma diarreia difusa e profusa de escrita quase que escreves posts a ti própria modera-te..muitos de nós temos orgulho de pertencer a uma civilização ocidental, que vive em democracia e em que a mulher tem um estatuto de igualdade na sociedade...prefiro defender o meu modo de vida a ser catapultada para um fanatismo islâmico e a andar de cabeça tapada. Tu vai lá com os teus migos arabes nós ficamos por cá. Ciao
francisquinha, não sei se reparaste minha parvinha que estás a insultar o dono da casa que escreveu precisamente o mesmo que eu.
Entendes mulher?
"Apesar de cínico e céptico, ainda consigo ser cristão, nem judeu, nem muçulmano."João Gonçalves dixit.
Vim cá por me agradar a casa, não propriamente má frequência do teu género.
casas para bimbos e fanáticos ou facciosos de todas as cores é o que mais há por aí. Enganaste-te na porta.
e bem te podes besuntar toda com orgulhos desses que quem tira gozo de uma guerra e a acompanha como quem torce pelo clube de futebol nem direito devia ter a ser considerado ser humano.
Mas que raio de falta de nível é este?
Anónimo da 1:23PM
Calma, pelos vistos "isto é que é bom" ...
Até "teem nome" e tudo ...
Àh! A mim encantou-me bastante a Zazie, de resto vou já "atrás" dela, para ver de onde vem. Isto a seguir a acrescentar que (e estou a repetir-me):
- Mais vale um bom Muçulmano do que um mau Cristão. E agora troquem a ordem dos factores ou mesmo os próprios dos factores e vão ver que faz sempre sentido.
Quanto a Israel num à perdão mais as suas agressivas tácticas de "terrorismo de Estado", bom deus! Lembro-me da primeira invasão do Líbano, lembro-me da retirada de Israel, e da malvada da Síria a tomar conta dos "cordéis".
Bolas...
Paz na Terra aos hoMens de Boa-Vontade!
Judeus, árabes, cristãos, hindus, budistas... são o produto do património social e cultural da sua cidade ou nação. Cultural e socialmente respeito uns, outros menos. Abomino, é claro, a subjugação da mulher pelo homem seja em que civilização for.
NESTA GUERRA, insisto na ideia, não estou próxima de nenhuma das partes em confronto. De que serve a Israel a superirioridade social e cultural se na prática os seus actos envergonham a humanidade?
Quanto aos árabes pergunto-me: Que lhes aconteceu? Quando povoaram este nosso cantinho eram bem mais evoluídos. Lembram-se das princesas encantadas? As lendas ficaram... o seu mundo fascinou os nossos antepassados...que tempo distante! Hoje espalham a barbárie.
A utopia era que as civilizações vivessem em harmonia, com as suas diferenças, e que o seu lema fosse o respeito pelo bem supremo da vida humana. O desenvolvimento viria por acréscimo.
A utopia era que as todos os habitantes deste planeta azul, comentadores deste blog incluídos, se respeitassem cordialmente na diferença.
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