4.7.06

ANTIGOS E MODERNOS


Marcelo é um grande comunicador, o que não quer dizer que tudo o que "comunica" seja bebível como cálices macios de vinho do Porto. Imagino, por isso, que possa ser estimulante como professor, tanto quanto o direito permite algum estímulo. Na sua última divagação directamente da Alemanha - a televisão pública ainda um dia nos terá de esclarecer sobre o custo da demente "operação Mundial" -, Marcelo falou dos exames de português e de matemática daqueles que, presumivelmente, aspiram a encher as nossas universidades. E chamou a atenção para uma coisa importante. A iliteracia profunda das nossas camadas mais jovens, impede que entendam, muitas das vezes, o que se lhes pergunta. A partir daí, dá-se uma espécie de "choque anti-intelecto" em cadeia. Quem não domina a língua, não domina nada. Os poucos que possuem algum discernimento oportunista, usam a memorização selectiva e, a final, não sobra um vestígio de coisa alguma nas suas nefandas cabeças. Por consequência, as universidades, ou os lugares que passam por tal, "vomitam" todos os anos cá para fora milhares de analfabetos funcionais, gente que não sabe de onde vem nem para onde vai, desprovida de um pingo de sofisticação, de cultura e de "história". As meninas, para além de mostrarem o umbigo, pouco mais têm a revelar. "Marronas", conseguem "elevar-se" em relação à maioria dos rapazes cuja capacidade intelectual faria corar de vergonha o mais ignorante dos mancebos da Grécia antiga. No caso de muitas delas, a cabeça serve para ser ornamentada e, no deles, para "pensar" nelas que os "ornamentam" sem pestanejar. Sócrates explicava que não valia a pena viver uma vida que ficasse por examinar, por "perceber". Duvido - para não dizer que tenho a certeza - que esta gente, que não consegue sequer entender o que se lhes pergunta, possa, um dia, vir a constituir a "salvação da pátria". Por mim, prefiro que a pátria me salve deles.

11 comentários:

Anónimo disse...

Pois é.
Mas eles foram 'feitos' por nós.
Não desejámos nós que eles fossem melhores do que nós?

Anónimo disse...

" e, a final, " ?

A final é no Domingo, em Berlim.
kick-off: 20:00

Anónimo disse...

Concordo, João Gonçalves.

Nesta linha, acabei agora de ler o livro Educação ou Armadilha Pedagógica de Manuel Madaleno que explora bem este tema.

RPM disse...

Amigo João Gonçalves!

O que o senhor escreve neste seu texto é, em todo verdade.

Como profesor de Economia do Ensino Secundário vejo-me e desejo-me para ensinar quando encontro alunos cujo nível de formação académica é 'menos que zero'...e o Ministério da Educação obriga-nos a passá-los com fórmulas de classificação que nem lembrava o diabo.

Quanto ao prof. Marcelo, ele diz mais do que sabe e um verdadeiro papagaio...quem vai nas estórias dele .....

abraço

RPM

Nancy Brown disse...

choque de gerações, puro choque. sempre foi assim, sempre assim será. é o circo da vida!

António P. disse...

Caro João,
Pois é com a idade cada vez nos parecemos mais com os nosso pais quando eles tinham a nossa idade.
Agora cabe-nos a nós dizer ( noutro contexto ) o que eles a nós diziam !
No meu tempo ler livros aos quadradinhos era o máximo da incultura !!
Hoje a BD está promovida a arte ! E só passaram 45 anos !
A questão é que hoje as mudanças são mais rápidas e tornamo-nos reaccionários mais depressa.
Cumprimentos

P.S. : "Reaccionário : aquele que reage a uma acção exercida sobre ele "

Anónimo disse...

No meio de tanta verborreia,o professor esteve bem.A iliteracia,o analfabetismo funcional que grassa por aí é de assustar!

/me disse...

Pois é. Já que ninguém os salvou da Pátria...

O Politicopata disse...

Quem não domina a lingua não domina nada??? Fónix!

Anónimo disse...

Não percebendo nada, não vendo nada nos outros, não tentando - o João está destinado a acabar como aquilo que desesperadamente diz que existe. Julga que constitui novidade o discurso derrotista, para mais aquele que põe a próxima geração a pagar os preços todos? Que a sua autoridade cultural possidónia e sectária pode, além da doutrinação nos pessimismos vários que nos traz, instar os próximos a emancipar-se? Que o seu moralismo de pacotilha convence alguém que não seja pároco? Pois olhe que está metido num comboio para lado nenhum, mesmo que tenha consigo uma pequena trupe de extremistas.

Ant.º das Neves Castanho disse...

Bravo, ferr. de castro...