Com os olhos fixos numa segunda volta - ou, se fosse verosímil, no maior número de voltas possível - Mário Soares remeteu o seu esforçado porta-voz para o papel do qual ele nunca devia ter saído e voltou à circunstância de porta-voz dele próprio. Depois de uma reunião da comissão política da sua candidatura, Soares fez uma declaração. No fundamental, este acto serviu apenas dois propósitos. O primeiro, o de lançar na opinião pública o grande "tema" da sua campanha até 22 de Janeiro. Ou seja, que a eleição não pare nesse dia. O segundo, revela a preocupação de não o acusarem de ter, da presidência, uma visão excessivamente dessorada ou minimalista. Lida com alguma atenção, a "declaração" supostamente traz três "novidades" a que Soares deu particular atenção. Ao "fausto" das presidências abertas, Soares quer dar lugar à "presidência de proximidade", um termo suficientemente vago e basista que conduziria certamente aos mesmos resultados de algumas das presidências abertas: mais fausto e "bater" mansamente no governo. Depois, o candidato propôe-se "ouvir" mais os partidos, "encontrar-se" regularmente com eles, provavelmente para os "aconselhar" sobre o que hão-de fazer no Parlamento. Finalmente, lembrou-se de umas "jornadas para o futuro" que consistiriam nuns "colóquios de reflexão", nada que nenhum presidente que se preze não acabe por promover. Em suma, nada de verdadeiramente novo nesta "declaração". Os ataques a Cavaco seguem dentro de breves momentos.
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