Pertenço a um conjunto, que espero vasto, de pessoas que em 20 de Fevereiro tencionam mudar o seu sentido de voto. Grande parte dos quase oitocentos posts deste blogue explicam amplamente porquê. A minha confiança neste PSD terminou definitivamente no dia em que o dr. Barroso decidiu abandonar o seu posto. E a forte empatia pessoal que sinto por Pedro Santana Lopes não chega para lhe continuar a entregar, sem mais, os destinos da nação. Dito isto, e porque o caso é verdadeiramente sério, desejo uma maioria absoluta do Partido Socialista para, como escrevi outro dia, fazer o que tem de ser feito. A seguir - mas isso é mais lá para diante -, quero pôr Cavaco Silva no lugar de Jorge Sampaio. Não andarei seguramente longe da verdade se disser que deve ser assim que muito eleitor pensa. Não me parece, no entanto, que este eleitor esteja muito entusiasmado. Nem julgo que se manifeste disponível para aguentar promessas vãs ou martirizações infantis. Entenda-se, uma vez por todas, que o país está legitimamente cansado e indignado. Mobilizar todo este incómodo não é nada fácil. Esta semana começou, nesta matéria, com um horrível "pingue-pongue" entre o PSD e o PS por causa daquilo que se pensa que se vai fazer. Eu pergunto se alguém sinceramente sabe qual é o autêntico "estado da arte". O governo já deu bastas provas que navega à vista. E é impossível que o PS conheça em detalhe aquilo que vai encontrar se formar governo. Ontem, gratuitamente, o eng. º Sócrates permitiu que um amável Santana Lopes disparasse um "tiro" no seu "porta-aviões". Eu nada tenho contra a circunstância de o eng. º Sócrates "ferver em pouca água". E ainda menos contra o facto de, em cada esquina, a toda a hora, aparecer uma "solução" para quase tudo. Estas eleições decidem a credibilidade de dois homens. O resto é folclore. Para o PS, essa credibilidade joga-se no lance da maioria absoluta. Não é só com o eleitorado tradicional do PS que ela se conquista. Nós, os que estamos "de fora", não somos demasiado tolerantes. Já não temos pachorra. Por isso, eu perguntaria, a um mês do acto eleitoral, se o eng. º José Sócrates acha que este é "o rumo" certo para chegar à dita maioria. A sério, tem a certeza? Absoluta?
Adenda: Neste contexto, ler "Os marrões", no Para lá de Bagdade.
5 comentários:
Partilho a sua análise, mas sou um pouco mais céptico e vou um pouco mais longe: voto no Sócrates, não porque espere dele seja o que fôr, mas na esperança de arrumar definitivamente o PSL. Desta vez, ao contrário das outras, prefiro o diabo que não conheço - não pode ser pior, mas se fôr alguma coisa será com certeza feita.
Um abraço
Luis Serpa
"Partilho a sua análise, mas sou um pouco mais céptico e vou um pouco mais longe: voto no BE, não porque espere deles seja o que fôr, mas na esperança de arrumar definitivamente o PSL e o Sócrates. Desta vez, ao contrário das outras, prefiro o diabo que não conheço - não pode ser pior, mas se fôr alguma coisa será com certeza feita."- Desculpe pegar-lhe na palavra.
X
Escusado é dizer que não partilho a opinião de X... Céptico sim, nihilista não.
Concordo com a sua opinião e o seu sentimento. Não posso concordar com o comentário de Luís Serpa... Sócrates aparece claramente como marionete de um PS que quer voltar a ter poder.
Mas o PS que escolhe Sócrates não é o PS da responsabilidade que foi largamente derrotado quando integrou as listas de João Soares e Manuel Alegre.
É o PS dos "jobs for the boys" e das soluções faceis, com as contas a serem feitas depois.
Foi gritante o caso das pensões e do "limiar da pobreza, como é gritante o caso da contradição nos beneficios fiscais e a fixação nos Hospitais S.A.
Sócrates não é solução certamente.
BE? Talvez, mas alguém sabe o que o BE quer fazer?
Eu só sei o que eles são contra... Não faço ideia do que eles são a favor.
O texto expõe o pensamento de uma parte do eleitorado que se encontra mais na fronteira do centro esquerda, o PSD da equação PPD/PSD que tanto gosta o incontronável PSL. Mas a grande incógnita é o que vão fazer aqueles eleitores que são PPD/PSD em iguais proporções. Como disse o director da capital, vamos assistir a uma refrega entre o PPD E o PSD.
Relativamente à campanha do licenciado Sócrates, acho-a demasiado semelhante ao que sucedeu, nas fases inciais da primeira campanha do Licenciado Guterres, mas neste caso ele nunca tinha sido governo. Porque não aproveita o capital de ter sido governante, e até com mais alguma consistência que o actual PM? Tem assim tanto medo do que foi a governação do PS? Tem assim tantos remorsos, complexo de culpa? Bastava-lhe ater-se ao que fez no Ministério do Ambiente. Pode ser que assim não alcançe essa tão almejada maioria.
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