13.1.05

DEBATES E PRESIDENTES

Consegui reter duas coisas da discursata de Santana Lopes aos seus candidatos. A primeira, a que mais lhe interessa, consiste na rábula dos "debates". Se dependesse dele, a campanha eleitoral eclipsava-se perente os debates, sobretudo a dois. Como estamos cansados de saber e de ver, os debates apenas servem para os contendores exibirem os seus dotes no lançamento da palavra ou da diatribe oportunas, preferencialmente emitidas quando o outro estiver a falar. O resto do tempo é normalmente ocupado com banalidades e com sobreposições de vozes. Às nossas casas raramente chega outra coisa que não o ruído. O tempo dos "grandes debates" está morto e enterrado há muito tempo entre nós. Não tanto por causa do método, à partida excelente, mas no essencial pelo declínio progressivo da qualidade dos intervenientes. Busca-se o efeito fácil e colorido para dizer no fim que se ganhou. Ora nisto Santana é um mestre, como os seus comentadores de estimação não se cansam de repetir. É, sem dúvida, um terreno propício para exibir o nada e o nevoeiro. Não é por acaso que ele mencionou, como um dos temas para "debate", os "valores". Depois Santana propôs-se alterar o "sistema" político. Não exactamente por qualquer razão "de fundo" ou de relevante interesse nacional, mas porque, pura e simplesmente, ele, Santana, foi injustamente despedido. E a "alteração" é muito simples e adequada. Basta retirar ao PR o poder discricionário de dissolver o Parlamento quando entender que tem motivos para isso. Será que o proto-candidato presidencial Santana Lopes também pensa assim ou é mero devaneio anti-cavaquista do seu heterónimo "atraiçoado"? Os circunstantes, venerandos, atentos e obrigados, aplaudiram e regressaram rapidamente ao anonimato do qual a maior parte deles nunca devia ter saído.

1 comentário:

O Reformista disse...

Houve mais uma ideia. Que ele, PSL, veria com bons olhos que as eleições e tornassem um plebiscito à sua pessoa. Pobre do PSD