31.1.07

A FANTASIA

Fora de horas, como de costume, a RTP exibiu o programa "Portugal de...", ontem de Vasco Pulido Valente. Recorrendo à história, Pulido Valente explicou por que é que nós raramente passamos do estado de fantasia. Para não ir mais longe, fico-me por agora. Decretou-se que este governo do aprumado e soturno Sócrates é reformista. Qualquer "entendimento administrativo" de um burocrata que leu umas coisas e a quem encomendaram um missal de ocasião, perpetra uma "reforma". Chatear este e aquele com duas ou três "medidas" destinadas a espevitar a inveja e o ódio ao próximo, é uma "reforma". Usar os media como quem usa uma panela para fazer caldeiradas, é "transmitir o espírito reformista do governo". Recorrer, dia sim, dia não, a grandes circos para fazer anúncios triviais, é "reformar". Acontece que não é nem nunca foi e, a seu tempo, o país pagará caro esta fantasia. Até lá, cá iremos cantando e rindo como mandava o doutor Salazar que, ao contrário de tantos "democratas", nunca foi dado a fantasias e sabia que não lhe interessava deixar isto ir muito longe. Todos os dias pagamos a factura de não podermos ser outra coisa apesar de esmerados copistas do alheio. Podem "puxar" à vontade que isto não dá mais. O resto, a fantasia, é, como sempre foi, o essencial.

11 comentários:

CCz disse...

Exactamente.

Impressionaram-me as imagens de Sá Carneiro no meio da multidão, com Santana Lopes atrás.

Talvez seja por causa do meu preconceito acerca de PSL, admito. No entanto, impressionou-me a sua postura na rectaguarda de Sá Carneiro... tão presuroso, tão servil, tão segredinhos ao ouvido.

Anónimo disse...

Os membros dos Governos deviam passar por uma psicanálise colectiva. As fantasias são uma tragédia apesar de o vocábulo ter apenas uma conotação infantil/engraçada.
Pulido Valente, ontem, na RTP, pôs o dedo nessa chaga. O «slogan» de Lacan aplica-se que nem uma luva à idiossincrasia portuguesa :
«Il ne suffit que d'un rien d'enthousiasme pour regretter» ...

Anónimo disse...

Também ouvi Vasco P.Valente e gostei porque tem absoluta razão!
Os portugueses são exactamente como os descreveu...os políticos uns fantoches!!
Só queremos imitar este e aquele país...sem olharmos ao que somos e produzirmos de acordo com as nossas raízes, com a nossa cultura...Agora está na moda quererem imitar a Finlândia!! Mas o que é que NÓS temos a ver com a Finlândia??? Qualquer semelhança SERIA pura coincidência!!!!

Quem me dera ser Finlandês(esa)!!
Não teria de sentir na pele a pequenez, a inveja, a idiotice da maioria desta gente.........

rduarte disse...

Adorei. “Há uns anos vivia-se uma fantasia em que Portugal devia ser como a Irlanda. Agora parece que devia ser como a Finlândia. Isto é pura fantasia…se houve uma receita para um país ser como a Finlândia ou a Irlanda obviamente não existiriam países subdesenvolvidos ”

“A cultura é uma coisa tipo religiosa ou mística, quando alguém mete na cabeça que vai ensinar Portugal a ler...”

“Acabar com cursos superiores que têm apenas 20 alunos não é uma reforma, é um raio de lucidez”

Carlos Sério disse...

Ainda bem que há alguém lucido neste país.Faz-nos acalentar algumas esparanças ainda.

Carlos Sério disse...

Ainda bem que há alguém lucido neste País. Faz-nos acalentar algumas esperanças ainda.

Anónimo disse...

Ó : um Ministro fantasiado de burro ...

«Durante a visita do primeiro-ministro à China, Manuel Pinho apelou ao investimento chinês em Portugal alegando que os custos salariais são inferiores à média da União Europeia (UE) e têm uma menor pressão de aumento do que nos países do alargamento».

Vitalino Canas já desmentiu que essa seja a base do modelo de desenvolvimento para Portugal.
Pois é, não é ? Ninguém já percebe onde começa a mentira, a incompetência ou a estupidez. Proboscídeos.

Anónimo disse...

Nós, os individados lusitanos, vamos ser coma Finlandia para mais.
Alem de os apanharmos, vamos ultrapassá-los. Com o TGV para N, S e E (por pouco não iria tambem para Oeste)
Tres décadas depois, ainda não recuperámos da qualidade dos planos de fomento do tempo em que os animais falavam.
Há pouco na Gulbenkian, o mago Vitorino, ladeado pelo Scolari e um jornalista catalão (R. Font), teve o desplante de afirmar que em Portugal «é difícil formar equipas».
Quando uma das nossas mentes mais brilhantes, ainda não viu que o dífícil é encontrar lideres entre os nativos (da classe dominante), nada a fazer.
Um dos muitos e variados não ministros da defsa que tivemos, o Sr Vitorino.

Anónimo disse...

Vi também o programa de Rui Ramos e subscrevo o que os anteriores comentadores disseram:Portugal tornou-se num País de faz-de-conta,já há muito tempo,que tenta imitar os outros,sem que os nossos políticos tenham em mente tratar-se de um povo com as suas especificidades,tendo em vista,como muito bem disse VPV,que não há receitas mágicas,que funcionem de igual modo em países muito diversos entre si-fantasias,pois...

Anónimo disse...

Com grande pena minha não pude assistir a mais um programa desta magnífica série de Rui Ramos. A RTP deveria repeti-la ou editá-la em DVD, porque tem sido muito interessante ouvir personalidades tão distintas como o Prof. Adriano Moreira, Maria Filomena Mónica ou MEC.
VPV é imperdível, sempre. Abuso do seu blog, de que sou leitor atento, para deixar esta ideia à RTP, no âmbito do serviço público que deveria ser obrigada a prestar.

Anónimo disse...

Que se saiba, o espírito reformista não fez mal ao País: Fontes Pereira de Melo, Ressano Garcia, Duarte Pacheco, Marcelo Caetano e até o Salazar e, mais recentemente, Mário Soares e Cavaco impulsionaram o desenvolvimento do País.Até parece que não podemos ser relativamente desenvolvidos como se de um mal se tratasse.
Gattopardo