27.8.06

FRACTURAS


O prof. Marcelo, no assunto "Cintra Torres" versus RTP, defendeu a "honra da casa". Outra coisa não seria de esperar de um seu avençado. Já quanto às telenovelas da TVI e da SIC, respectivamente Morangos com Açúcar e Floribella (sim, pelos vistos é um "tema"), Marcelo apelidou a primeira de "fracturante", dirigida a "crianças adolescentes" e da SIC é um "conto de fadas" (Teresa Guilherme dixit), "transversal" em matéria de público-alvo. Da Floribella, pouco posso dizer, como já referi. Os Morangos - que já vão na quarta ou quinta "série" - não me parece que sejam exactamente "fracturantes". A emergência de uma lésbica "surfista" numa das séries, rapidamente despachada com outra para águas mais quentinhas, casais divorciados ou "amantizados" com filhos "problemáticos", a droga, o sexo, com ou sem preservativo, ou uma "troca de identidade sexual" por causa do "amor", não constituem uma "fractura" em 2006. No princípio dos anos oitenta, já Dustin Hoffman, num filme notável intitulado Tootsie, encarnava o papel de um homem apaixonado que, para chegar à amada, fez-se passar por dama. E, mais recentemente, Robin Williams também se "transformou" numa fantástica Mrs. Doubtfire, "perceptora" dos seus próprios filhos, por causa do referido amor, aqui paternal. Em Morangos com Açúcar é ao contrário: há uma menina apaixonada por um menino que se veste de menino por causa de qualquer peripécia da história, tendo a menina/menino beijado o menino que ficou constrangido em matéria de identidade sexual porque estava a sentir "qualquer coisa" pelo menino/menina. Está-se mesmo a ver como acaba. Já que nenhum dos actores tem o mínimo de densidade, digamos, "psicológica", a coisa de "fracturante" tem muito pouco. Talvez fizesse bem a Marcelo ver algo mais hard nesta matéria, porventura na própria TVI, onde, noutra telenovela, um "escort" que se paga caro, faz "serventia de cama" a ambos os membros de um casal. Par delicatesse, é o que se pode arranjar.

2 comentários:

Anónimo disse...

REVISÃO DA MATÉRIA - 2

A propósito de um seu post mais abaixo com este mesmo título, vinha sugerir-lhe que revisse a matéria das suas memórias sobre o enredo do Tootsie, esse filme que qualifica de notável. A outra hipótese, menos caridosa, é que não tenha compreendido bem a história quando viu o filme, pois a razão para Hoffman se disfarçar de mulher foi para arranjar emprego e não a razão que aponta.

Sinceramente, creio que foi uma pequena distracção sua, talvez por excesso de confiança na sua memória. Mas veja, João Gonçalves, como é prodigiosa a argumentação que se consegue elaborar quando se extrapola a partir de um pequeno episódio, muito infeliz decerto, para uma realidade total, como vez no referido post sobre o SNS…

Anónimo disse...

Mas quem é este gajo?