Dizia o Doutor Salazar em 1953, a propósito de Duarte Pacheco, que «quando se tem vivida uma vida já longa, e, sobre longa, intensa, de trabalhos, de fadigas, de inquietações, até de sonhos, o caminho que percorremos fica ladeado de numerosas cruzes - as cruzes dos nossos mortos.» Digo o mesmo em relação à vastidão de cruzes de mortos-vivos (ou de vivos-mortos) que tenho vindo a acumular e que para ali estão quando olho para trás.
3 comentários:
O povo a que pertenço, tem um especial e estranho fascínio por figuras "estranhas e especiais": admira e, até, respeita pessoas que têm percursos sociais cinzentos, duvidosos, obscuros e que, sem justificações ou explicações, num abrir e fechar de olhos, enriquecem o património físico mesmo que, para tal, estejam à beira da extrema miséria na ética, na vergonha e no pudor.
Jesse James, Al Capone, Dillinger e outros "bandidos" violentos, também foram admirados e, até, "quase" adorados.
Os nossos heróis são mais "suaves", mais "macios"; são, sobretudo, arguidos: Torres, Loureiros, Isaltinos, Felgueiras, Rendeiros, Costas e um sem número de "inocentes", até prova em contrário ... que "aparecerá" ao lado de D. Sebastião e, porque temos o "tal" especial e estranho fascínio por "aqueles heróis", não me admiro que o Sócrates seja o futuro primeiro ministro do próximo governo ... o que lamentarei até (quase) à morte!
O extraordinário é que Salazar foi um homem extraordinariamente culto e ninguém, minimamente informado, com alguma moral, ou vergonha, pode pôr em causa o seu patriotismo. Face ao que agora por aí se observa, apetece dizer como no anúncio: COMPAREM! E comparem também o gráfico das contas públicas desde o início do Séc.XX até aos dias de hoje para verem que, antes e depois dele, as colunas andam muito rasteiras. Aliás, a altura das colunas refletem a altura dos políticos seus contemporâneos. E o resto é conversa.
Em todo o caso, há o mandado evangélico de deixar os mortos enterrarem os seus mortos. A safra da Verdade e da Limpidez é uma tarefa infinita.
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