31.5.09

A HISTÓRIA DE PORTUGAL NUMA ENTREVISTA



Notável e serena reflexão sobre Portugal. De ontem e de hoje. O mesmo. O dos pequeninos. Nesta entrevista de António Ribeiro Ferreira a Vasco Pulido Valente. Aprendam, de um vez, "liberais" portugueses. «Não faz sentido ser liberal em Portugal. A gente vai libertar o quê? Onde estão os grandes empresários portugueses, como se estivesse aí uma multidão de empresários a querer livrar-se do Estado e das restrições que o Estado lhe impunha. Mas não está. O que está é um pequeno grupo de empresários que se quer encostar ao Estado. E depois um ou dois que são verdadeiramente independentes. Ou meia dúzia, ou se quiser uma dúzia (...). Ele esgotou as soluções que tinha e ele esgotou o crédito que tinha, sobretudo. Lembra-se do crédito que tinha há quatro anos? O homem inflexível, o reformador, o intransigente, o homem que não parava, o homem que ia mudar tudo e veja o estado em que está o País agora. Sem a reforma do Estado, com o défice muito pior do que tinha, a Justiça no estado em que está, não fez nada, não reformou nada, há o Magalhães e há o simplex e há assim umas coisas. Eu disse essa frase porque o crédito que ele tinha há quatro anos esgotou-se, ele esgotou-se como político, o crédito que ele tinha há quatro anos já não o tem e já não o torna a ter. Já ninguém vai reagir ao engenheiro José Sócrates como reagiu há quatro anos, com esperança, mesmo na direita. Em todo o PS e em grande parte do PSD e da direita. E isso acabou (...) Há tantas soluções possíveis. Falta discutir. Deixar de fazer disto um drama e discutir. Vamos ver como é que a gente resolve este problema. Calmamente. Tranquilamente vamos ver como. Ou então a gente diz assim: nós só podemos ser governados por um partido. De quatro em quatro anos temos de arranjar um partido. Uma ditadura de quatro anos se não o País não funciona. Não. Recuso isso..»

6 comentários:

Anónimo disse...

Ah mas vale bem a pena citar um pequeno excerto desta entrevista :

- Na sua opinião não devia haver comemorações(Cem anos de República)?

VPV:
- Não devia haver comemorações nenhumas. É um episódio triste da história portuguesa e não devia haver comemorações nenhumas. Para todos os efeitos foi uma ditadura. A ditadura não nasceu do vácuo, nasceu da República.

ARF - Exactamente.

- Não é um período particularmente brilhante na nossa história e acho bem que não me convidem. É uma coisa que obviamente não estou na disposição de comemorar.

Anónimo disse...

Vasco Pulido Valente. Recordamos sempre este grande homem, este grande senhor, com imensa admiração, com imensa ternura. Vasco Pulido Valente é um homem duma experiência intelectual profundíssima e sempre dotada duma generosidade sem par, duma sobriedade inexcedível que lhe ocupa todos os gestos, todos os pensamentos, todas as suas nobilíssimas intenções.
Vasco irradia a iluminação e o calor que aquecem os espíritos mais frágeis, sempre à procura da sua douta e serena expressão. Ele é uma fonte do Bem, do equilíbrio dos Grandes Seres, do Saber dizer as palavras que a todos iluminam. Vasco Pulido Valente imana compreensão e aceitação plenas.
Bem hajas Vasco Pulido Valente por seres a bondade feita homem, e a presciência feita palavra.

Anónimo disse...

com competência e isenção
fez o diagnóstico,
estabeleceu a terapêutica.
ao doente compete tomar os medicamentos
ou morrer de inanição.

radical livre

Anónimo disse...

Ninguém melhor que Vasco Pulido Valente que estudou,a fundo, a história da 1ª República, poderá fazer uma análise do regime instaurado em 1910. Que os maçons e quejandos iletrados não gostem de ler ou ouvir o que ele diz deste regime é um assunto que nos ultrapassa. O regime republicano começou da pior maneira e prosseguiu com o Estado Novo republicano que teve o mérito de sanear as finanças públicas e encetar a modernização do País. Infelizmente em ditadura e como ele diz, com a PIDE. Mas a Pide não justifica tudo. Basta ler o currrículo daqueles que serviram o País nessa época para termos uma ideia que não eram propriamente uns ignorantes. Serviram o País até por que, nessa época, a noção do serviço público, dedicação à Pátria nada tem a ver com estes arrivistas que nos governam.

Pi-Erre disse...

Ah!... mas estes arrivistas que nos governam governam-se bem!

joshua disse...

Nos cem anos de Ignomínia RepubliCanina, emulsionada por focos de luz, espero ganhar um referendo de Regime.