De vez em quando lembro-me e lembro a amigos e conhecidos uma pequena parte do prefácio de Música para Camaleões, de Truman Capote. Este filme com o seu nome parece que anda à volta da "criação" do seu mais famoso livro, In Cold Blood, algo a que o autor diz ter sido conduzido por causa de "um instinto misterioso". No entanto, o Capote que eu prefiro está antes no primeiro livro mencionado e noutros como Súplicas Atendidas ou Os Cães Ladram, livros de crónicas, de retratos e, neste último, do relato de uma interminável viagem pela Europa e pela Rússia em boas companhias. "Rich and famous" é mais ou menos o "ambiente" em que Capote, com a sua invejável língua de prata, vivia. Mordeu-a várias vezes, mas não foi isso que o matou. Gore Vidal comentou o seu desaparecimento com a pior das mordacidades: "it was a good career move". Volto ao princípio, a Música para Camaleões. O "chicote" de que Capote fala no prefácio, aplica-se a muitas coisas nas nossas vidas e não exclusivamente ao acto da escrita. Eu, pelo menos, sinto-o diariamente bem como a "inclemência" que ele associa à escrita e que eu associo a quase tudo. É a "negra loucura" onde eu - como ele - "evidentemente" estou, "com o baralho de cartas e o chicote que Deus me deu". "Quando Deus nos concede um dom, dá-nos também um chicote; e esse chicote destina-se unicamente à autoflagelação".
1 comentário:
... apetecia-me tanto comentar
... mas é realmente tema, este do "dom, do chicote e, da autoflagelação" a ser explanado por por outros meios
... talvez email
... até lá
"a tal anónima"
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