Jorge Sampaio anda na sua última "presidência aberta". Depois de Viseu, onde proferiu umas banalidades sobre a necessidade de, "todos juntos", nos "promovermos" e "regionalizarmos" - essa desgraçada ideia volta não volta recuperada -, vai a Nelas e é confrontado no caminho com os talibãs de Canas de Senhorim que querem ser "concelho". Para mostrarem o seu desagravo pela presença do Chefe de Estado, estas criaturas reuniram-se, fizeram um minuto de silêncio e -imagine-se - "ignoraram" olimpicamente a visita. Talvez esta peripécia ridícula mostre a Sampaio a inutilidade da sua missão "evangelizadora" democrática pelo país real. Os talibãs de Canas falam de "humilhação" como se estivessem na Califórnia. O país está cheio de pequenas Canas de Senhorim que, na sua ingenuidade, Sampaio supôs poder reformar em dez anos de presidência e de pregação. Há coisas irreformáveis e onde a realidade está absolutamente proibida de entrar. Canas de Senhorim é apenas um exemplo miserável no nosso caminho até ao "progresso" e, no mínimo, até à Europa. Nem assim Sampaio percebe que não vale a pena?
3 comentários:
concordo plenamente.
pensandoreflectindo.blogspot.com
Que está você a fazer neste país? Não está na altura de emigrar? Vá deslumbrar-se para outra terra e deixe-nos sossegado no nosso cantinho, entregues à nossa miséria ancestral. "Lá fora" existe uma falta terrível de iluminados e você, com as suas qualificações, não terá qualquer problema em arranjar um empregozito. Vá lá, abra vaga!
Numa entrevista antiga, Gore Vidal - peço desculpa por o citar tantas vezes, mas não encontro melhor alternativa -, quando lhe perguntaram se se ria com a crítica alheia, ele respondeu que normalmente sim, porém o que lhe importava mesmo era o que ele pensava dessa crítica. Não faz mal a ninguém ter a noção exacta do país em que vive. O José Pires gosta da noção que tem. Ainda bem para ele e muitas felicidades.
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