4.1.06

"O DESPROPÓSITO E A CONFUSÃO"

Volta não volta, os apoiantes do dr. Soares e os "escrivãos da puridade" constitucional vêm com a "problemática" dos poderes presidenciais. Segundo eles, Soares, o "equilibrado", o "moderador" e o "árbitro", é o único que olha com embevecimento timorato para os ditos poderes. Para os apoiantes de Soares, a Constituição é o travesseiro para uma boa soneca retemperadora como as que o candidato gosta de fazer. Não lhes convém mencionar a "leitura" prática que o então presidente fez da mesma Constituição no seu segundo mandato e que até chegou a incomodar o insuspeito dr. Lacão por causa de um famoso congresso na FIL. Ou mesmo a mais recente "declaração" na qual ele já dá indícios de que, afinal, mesmo com a Constituição, o cargo sempre serve para alguma coisa. Do outro lado, de acordo com as mesmas fontes, estão sobretudo Cavaco Silva e, ambiguamente, Manuel Alegre. Esquecem-se até dos dois candidatos estritamente tribunícios que passam os dias literalmente a tratar da "vida material", dita executiva ou da competência do governo. É por isso que, nesta matéria, e ao contrário do que diz Medeiros Ferreira, "o despropósito e a confusão" não foram lançados, por exemplo, por Cavaco Silva. "O despropósito e a confusão" resultam antes de, dia sim, dia não, se andar a tentar erguer como bandeira eleitoral o falso tema dos poderes presidenciais que só interessa a meia dúzia de iniciados. Como MF bem recorda nesse post, estas matérias são da competência do Parlamento e é por aí que a discussão, a haver alguma, deve começar e terminar. Acreditar - ou fazer-nos acreditar - que Soares, se fosse eleito, iria praticar uma magistratura insossa e constitucionalmente "perfeitinha", é que corresponde a espalhar o "despropósito" e a "confusão".

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