Em 1996, não votei em Jorge Sampaio. Aquando da sua recandidatura, em 2001, não havia nenhum motivo para não o fazer. Sampaio não nos eleva, mas também não nos apouca. Cumpriu juridicamente o seu papel, muito mais do que emprestando-lhe uma indelével "marca" política". Logo ele, um dos mais destacados líderes estudantis dos primórdios dos anos sessenta, um reputado advogado oposicionista e, não o convém esquecer, secretário-geral do agora maior partido português e um diferente presidente da Câmara de Lisboa. Esteve mais vezes à altura de si próprio do que da magistratura para que foi duas vezes escolhido. No entanto, Sampaio acabou por impôr o seu "estilo" de homem comum sem que, com isso, tivesse posto em causa nada de essencial ou mesmo o seu contrário. A última mensagem de Ano Novo é, na sua simplicidade e leveza, um "retrato" destes dez anos em Belém. Para quem esperava mais, foi uma ligeira decepção. Para quem não esperava nada de especial, foi Jorge Sampaio. Todavia, há nesse texto uma pequena alusão às próximas eleições presidenciais que não mereceu o devido destaque. Não me refiro à ideia correcta do "forte consenso nacional sobre o estatuto institucional do Presidente da República e sobre a função presidencial." Mas à certeira observação - porventura a pensar no candidato que, há dias, pôs a hipótese de as escolhas de 22 de Janeiro não serem "limpas" - no sentido de que "a eleição ocorre, como todas as eleições desde o 25 de Abril de 1975, num quadro de normalidade que assegura o respeito integral pela vontade dos cidadãos portugueses e a legitimidade da sua escolha politica." Foi, sem dúvida, uma oportuna consideração do Presidente que se despede e que passou despercebida à sempre tão atenta comunicação social.
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