20.12.08

UM REGIME SEM CRÉDITO

A manchete do Expresso, o "Borda d'Água" do regime, traz uma manchete à qual pouca gente prestará a devida atenção por causa dos peidinhos e dos arrotos da "classe política", metida nas suas tradicionais conversas de porteiras e na intriga mais baixa, a única coisa que interessa às redacções. Sucede que, apesar do admirável Sócrates e da não menos extraordinária banca portuguesa, Portugal não possui crédito (literalmente) externo. Mesmo com o aval do Estado, a Caixa Geral de Depósitos - que até é uma coisa séria ao pé de outros tugúrios da especialidade - não conseguiu o empréstimo que solicitou e, mesmo assim, pagou uma batelada em "spread" que agora vai forçosamente reflectir nas famosas "famílias" e nas "empresas" que tanto "preocupam" o magnífico Sócrates. Entretanto o Estado (com a indispensável ajuda dos mansos dos contribuintes) já "meteu" 1,5 mil milhões de euros na CGD, para, designadamente, financiar abortos como o BPN. Traduzido em pechisbeque, isto quer dizer que lá fora não confiam em nós e não nos passam cartão. E quem não confia, não empresta dinheiro ou empresta-o mais caro. Em compensação, nós por cá parecemos mais interessados em discutir o comportamento da irrelevante Assembleia da República e dos inúteis que a compõem do que em pensar no abismo que se aproxima. Uma raça tão ignóbil merece tudo o que de mau lhe acontecer. Só espero ter tempo para me poder sentar tranquilamente à beira do rio a ver passar o cadáver do regime rumo ao mar.

8 comentários:

Carlos Medina Ribeiro disse...

«(...) ainda há pouco estava a Assembleia da República a aprovar um Código do Processo Penal destinado a tornar mais difícil prender seja quem for. Mais uma norma sobre anti-abuso responsabilidade civil do Estado e seu agentes (incluindo os magistrados que parecia ser especialmente destinada a intimidar os juízes). Notícias do bloqueio, eficientemente completado com estas duas medidas. Foi assim conseguida a difícil tarefa de deixar a justiça ainda pior do que já estava (o que não era fácil): mesmo antes do aumento do crime violento e das derrocadas financeiras provocadas pela crise que revelam crimes (...)»

Extracto da crónica «A impunidade dos banqueiros», da autoria de Saldanha Sanches, publicada no Expresso de hoje - ver [aqui]

Lura do Grilo disse...

Deixe lá .. não se apoquente. Andam todos felizes ... vale a pena estragar-lhes a festa?

Anónimo disse...

não vai ter oportunidade de se sentar nem de aguardar muito tempo pela passagem do cadáver do que tentou ser um país.
como dizem em linguagem de café "está a sair!"
São Mateus estava a pensar nos socretinos quando escreveu
et erunt pestilentiae et fames et terramotus per loca
diria um burrucóide do regime "após calipso não!"

radical livre

Anónimo disse...

«Portugal não possui crédito (literalmente) externo»
Nada de novo cá pelo burgo.
Tal qual sucedeu há pouco mais de um século, última década do século XIX, bem perto do final de um regime.
Colapso de 1891 - fim do crescimento económico verificado na década de 80; banca rota parcial, com a suspensão da amortização da dívida pública externa em 1892 e impossibilidade do governo português em recorrer aos mercados internacionais de capitais;
Crise Bahring, Bahring Brotheres, banqueiro do Estado português em Londres;
Emissão de um empréstimo público de 10 milhões de libras, nos mercados de Londres e Paris, para consolidar a dívida flutuante e escassez de liquidez;
Fracasso do empréstimo (colocado a 45% do seu valor ao par) em virtude da crise internacional e perda de confiança no país;
Resultado: um periodo de estagnação que vai de 1891 a 1914.
E aí está ela de novo. Estagnação e empobrecimento, para durarem.
Vale, que já temos as autoestradas, já só faltam os TGV. Os do patriota Barroso e do prático Sócrates.
JB

Anónimo disse...

Não é a "raça que é ignóbil". São as designadas élites que temos e a manipulação do poder por gente que não se recomenda. A dita "raça" escolhe entre a "sardinha" e o "carapau" porque ninguém lhes oferece outra alternativa.

Anónimo disse...

Glosando um ancestral ditado Chinês:

"ficar sentada à porta de minha casa para ver passar o cadáver do meu inimigo"

Teremos em breve essa sorte ou teremos de nos munir de Orientais paciências antes que a populaça entre em arruaça???

G.

Anónimo disse...

Pois desde já o aviso, João, que será uma bem efémera e triste consolação. Quero dizer, verá o cadáver passar, boiando, mas se pensa que isso arruma ou resolve a coisa, tire o cavalo da chuva, João. E se não acredita olhe para a história dos últimos 300 anos, faça uma lista dos nomes, famílias, ideias, truques, jogadas manhosas, etc., compare com hoje, e diga-me se é por um regime ir pelo cano que esta merda muda. Não muda, João. Jaz e apodrece, refloresce e fica. Dito de outra forma, e acredite que lamento, mas a merda continua.

Anónimo disse...

O Governo caba de anunciar uma ajuda aos funcionários públicos mais aflitos, aqueles que tem ajudado a empobrecer. Ao banco gestor de fortunas foi um mãos-largas, para os pobres vão as migalhas. Até o PGR está de mão estendida porque não tem meios para atacar o crime económico. Isto já não é um governo; é a sopa do Sidónio!