13.8.08

NO MEIO DE NÓS

Não vale a pena iludir a questão com a retórica académica do ministro Rui Pereira. Nem tão-pouco ressuscitar das profundezas da pior sociologia a "teoria do coitadinho". Existe, de facto, um "clima" adequado à proliferação da pequena criminalidade perigosa, isto é, daquela que pode perfeitamente acabar mal, seja para que "lado" for. O menino de doze anos que faleceu por causa de um tiro não se encontrava a brincar no recreio, em casa ou na praia. Não há "racismo". Houve, sim, azar no cumprimento da lei (parece que o termo adequado aqui é mesmo "dano colateral") e irresponsabilidade familiar. O menino não vivia no meio de "santos". Aliás, o "santo" do pai "anda a monte" há oito anos depois de ter fugido da prisão. Ninguém deu por nada aquando da identificação e o cavalheiro saiu do tribunal montado numa bela carrinha Mercedes. De resto, dia sim, dia não, a tal pequena criminalidade perigosa manifesta-se. Em dependências bancárias, em estabelecimentos comerciais, numa gasolineira, na rua. Neste "ambiente", não é saudável tratar as forças policiais como "inimigos sociais". Pelo contrário. O "inimigo" está no meio de nós. E não é, de certeza, a polícia.

19 comentários:

António Pires disse...

Fico pasmado. Como é possível que um tipo fuja da prisão, seja apanhado na sequência de um assalto e a polícia e o tribunal não saibam que ele anda a monte! Não têm acesso ao registo criminal?
As maravilhas tecnológicas do Governo ainda lá não chegaram? Ah! Já sei. Estão à espera das crianças a quem vão dar os "Magalhães".

Anónimo disse...

É o mercado a funcionar. Polícias e ladrões competem pelos recursos. Os ladrões têm até o cuidado de assaltar uma entidade bancária diferente cada dia (caso contrário estariamos perante uma tentativa de take over).

O problema são as regras de protecção da propriedade privada que distorcem o mercado porque sustêm previlégios anteriores e conquistados pela força.

Por exemplo, como não é possível dar um carro americano a todos os chineses devia começar-se por criar um time sharing automóvel para todos. Isso acabaria com o roubo de automóveis e manteria o número dos mesmos dentro de limites eco-sustentáveis. E de resto a maioria dos automóveis privados passa a maior parte do tempo parado.

Anónimo disse...

"por puro azar" estas forças de segurança só matam brasileiros e ciganos.
hoje, para exemplo, esqueceram-se de matar brancos
da próxima muito provavelmente não matarão pretos
como nos rebuçados "cada cor seu paladar"
estamos perante um comportamento pouco digno dum estado socialista que nunca será de direito. as forças de segurança, tal como o governo, andam à deriva
o zé magalhães é para mim o único pc magalhães inteiramente fabricado em portugal
PQP

radical livre

Anónimo disse...

Parece-me uma vez mais e infeliz-
mente que a nossa justiça conti-
a ter medo desta gente inqualifi-
cável, tirando assim cada vez mais
força à nossa policía e dando mais
importância á velhota que dizem ter roubado um creme no Lidl, ao
homem que pirateou um CD, ao cabeça-rapada, que esteve preventivamente preso, por defender
os seus ideais etc.etc.
Os criminosos que estão mais que
referenciados são ouvidos de manhã
á tarde estão na rua. Quem está
agora metida em trabalhos é a GNR
que agiu bem e de acordo com a lei.
Vejam bem a escola da vida que
aquela infeliz criança já levava...
Vamos todos mudar as coisas e pô-las no devido lugar, ainda estamos
a tempo.

Anónimo disse...

"A ordem pública será inexoravelmente mantida", disse um dia José Gonçalo da Cunha Sottomayor Corrêa de Oliveira, ministro de Salazar. E foi para o Poder não cair na rua que António Sebastião Ribeiro de Spínola o foi receber ao Quartel do Carmo das mãos de Marcello Caetano.

A situação que se vive presentemente em Portugal exige medidas drásticas, apesar dos constrangimentos impostos pela União Europeia, como a livre circulação no espaço comunitário. Mesmo assim há muita coisa que se pode fazer. E que se deve fazer, já, rapidamente e em força. Mais uns tempos e será tarde.

A imigração em massa de indivíduos da mesma nacionalidade é altamente desaconselhável. Haja imigração, que faz falta e até é saudável, mas que esta seja diversificada. Por exemplo, o número de brasileiros actualmente em Portugal constitui motivo da maior preocupação, e os exemplos de há muito que estão à vista. Suspenda-se pois a imigração brasileira e controlem-se os que vieram. Dos países de Leste, houve um excesso de ucranianos (muitos já estão a regressar ao seu país) embora não tenham causado problemas sérios. Os africanos que cá estão já são quase todos cidadãos portugueses da 2ª ou 3ª geração e parece que não estão a chegar mais. Mas podia abrir-se o leque a uns quantos magrebinos ou do Médio Oriente. Tornávamo-nos mais cosmopolitas e diversificávamos as etnias. Um dos principais problemas da criminalidade estrangeira é a massificação étnica.

E impõe-se também que os portugueses indígenas respondam pelos seus crimes, porque começa a não se perceber bem quais são os critérios judiciais para avaliar as infracções à lei. E há decisões tão surpreendentes que deixam perplexo o mortal mais desprevenido. Desde há alguns anos, parece que a justiça quase só funcionou para os chamados crimes sexuais.

Por isso, e antes que o poder caia na rua, tomem-se as medidas que a situação justifica e a Pátria reclama.

Carlos Medina Ribeiro disse...

No 1.º comentário, António Pires pôs o dedo na ferida.

Curiosamente, trata-se de um aspecto de que pouco se tem ouvido falar.

Anónimo disse...

Concordo.
Penso que esse “azar” é um dano colateral, resultado da falta de profissionalismo demonstrada pela polícia na forma de intervenção, e sobretudo no falhanço do disparo. Já no BES, a polícia esteve à altura dos acontecimentos, neutralizando os assaltantes e garantindo a segurança dos reféns.
(lamentando as mortes, todo o bandido deveria ter presente que as suas acções comportam riscos…)
Ninguém quer uma polícia que não inspire confiança aos cidadãos, temerária, que agrida nas esquadras ou na rua, estúpida e de má memória. Mas uma polícia com formação, profissional, que intervenha adequadamente quando necessário, é precisa.

Anónimo disse...

"Azar no cumprimento da lei"? Azar? Ena, essa é que é uma grande dica para a defesa no processo disciplinar do policia... Se é que, na opinião do autor do post, deve haver processo disciplinar contra os policias. Não será uma afronta muito grande contra as autoridades e uma vitória dos marginais e criminosos?
Bom, em qualquer país civilizado, isto é, não república das bananas, o que aconteceu não seria considerado "azar". Mas em Portugal... João Gonçalves, este é mesmo o seu país.

Pedro

Carlos Medina Ribeiro disse...

O AUSENTE...

Retomando o escândalo inerente ao facto de nem a GNR nem o tribunal terem identificado correctamente um detido, atente-se como é referido, oficialmente, o facto de ele se ter evadido da cadeia:

«em 9 de Agosto de 2000, o recluso Sandro Ressurreição Lourenço, que cumpria pena no Estabelecimento Prisional de Alcoentre por roubo, ausentou-se (...)»

Carlos Medina Ribeiro disse...

Acresce que mesmo o ano em que o cavalheiro se 'ausentou' tem duas versões:
A imprensa (via-Lusa), tanto refere que foi em 1999 como no ano seguinte.

Mas, pensando bem, não faz mal. Num país onde a segurança e a justiça parece que funcionam "a olho" (na base do mais-ou-menos e com má pontaria...), trata-se de um pormenor sem importância.

Carlos Medina Ribeiro disse...

viemos hoje a saber que os postos da GNR não têm acesso a informação 'simplex' quando há evadidos das cadeias, recebendo apenas uma fotocópia com a foto dos indivíduos e - presume-se... - o nome deles.
*
Já agora: toda esta história é de tal forma um 'concentrado incompetência' (no que toca a Justiça e Administração Interna), que gostaríamos de ouvir o que tem a dizer a Oposição, nomeadamente o PSD.

Talvez quando acabarem as tricas acerca do Pontal arranjem alguém que, de vez em quando, diga o que pensa sobre os problemas que, como este, preocupam o cidadão-comum...

Anónimo disse...

Ó Carlos, o governo já deu instruções para que tal escândalo não se repita: a partir de agora o neutro e pusilânime "ausentou-se" vai ser substituido por um vigoroso e patriótico e firme "deu à sola, o cabrão!" (assim pontuado, precisamente). Espera-se que com essa medida a criminalidade diminua 10%. Não volta a acontecer.

Pedro

Anónimo disse...

Duas questões...

Aquela "pobre família" que tem um pequeno Mercedes, e anda à cata de um poucochinho de metal de madrugada, também recebe o rendimento minímo?

Porquê tanto tempo de antena com os comentários dos familiares e amigos dos ladrões (seja neste, como em outros crimes)?

fado alexandrino. disse...

António Pires disse...

O alegado malfeitor apresentou um bilhete de identidade falso.
Como sabe é mais difícil falsificar um cartão de sócio de um qualquer clube do que um BI.

Acresce que não se pode consultar a base de dados do Arquivo para cotejar impressões digitais.
Lembro-me que há tempos foi cometido um crime e a única prova era uma impressão digital no espelho retrovisor, como não se pode saber a quem pertence, este crime ficou impune.

Mesmo que tirassem as impressões digitais ao alegado malfeitos ( o que provavelmente é inconstitucional) em tempo útil nunca iriam saber quem ele era.
Agora de repente lembrei-me:

-Há quanto tempo não se vê Sócrates na televisão?

Carlos Medina Ribeiro disse...

Vão ver que esta autêntica rábula-do-Solnado (do evadido de Alcoentre que se safa com um BI falso) é uma manobra publicitária a favor do Cartão Único - a pedir um 'slogan' do género:

«Com o 'C.U'. na mão, isto não sucedia, não!»

Anónimo disse...

A criminalidade aumenta neste país. O povo sente-o bem. A que atribuir tal situação? Em primeiro lugar há que ter em conta que um estômago quase permanentemente vazio é mau conselheiro.
Impunha-se, por isso, que se prestasse a maior atenção ao aumento crescente do número de desempregados nacionais. Nada disso se tem feito. Pelo contrário, afirma muito menino que se diz responsável e prepondera na área do governanço, talvez para dar satisfação a quem lhe paga um extra, que o desenvolvimento da economia portuguesa impõe um aumento da imigração. Assim, de todo o lado caiem aqui em catadupa, e como os homens do governanço não são capazes de estabelecer que só entra no país quem tiver contrato de trabalho assegurado e alojamento condigno, a maior parte deles fica sem possibilidade de se defender no mercado de trabalho e passam a andar de estômago vazio.
Os que pagam os extras esfregam as mãos, pois a aluvião de gente que aqui cai, possibilita salários baixos e aumento de lucros.
Quem está no governanço deste país deixa correr. Faz como Pilatos.
Quem governa tem a obrigação de tomar as medidas correctoras das tendências que a todo o tempo vão surgindo aqui e ali. E essa obrigação consubstancia-se na feitura de leis adequadas a uma correcção perfeita, e a tempo, de todos os desvios.
Embora o governo o possa fazer, compete essencialmeno aos marmelos que andam a polir os assentos da AR o estabelecimento de leis que
permitam o fluir pacífico da vida em sociedade.
Mas de leis que só permitam uma interpretação, para se evitar o absurdo, como aconteceu no caso do Conselho de Justiça da Federação, de reputados técnicos fazerem afirmações diferentes sobre o mesmo caso.
Leis claras, absolutamente transparentes, mas seguras e que transpirem eficiência.
Todo o indivíduo que actua fora das regras que estão estabelecidas tem de ser punido. E se se entender que a punição para certos crimes envolve, para além de castigos de outra ordem, a perda da liberdade, não se deve colocar o criminoso num quarto fechado.
Este procedimento obriga aqueles que fazem ponto de honra no cumprimento das leis, a pagar o alojamento da chusma de malfeitores que por aí anda.
Todo o indivíduo condenado a prisão deve trabalhar em obras públicas ou mesmo privadas, para não se tornar pesado a quem cumpre com as suas obrigações.
E as leis que estabelecerem perda de liberdade deverão impor ao criminoso o agravamento da pena que estiver a cumprir para o dobro, se conseguir fugir, não relevando para o efeito o tempo de pena que já tiver cumprido. Volta-se, simplesmente, ao princípio, mas com a pena em dobro.
Quando reparo em certa gente que se insurge contra a polícia quando esta, no cumprimento do seu dever abate a tiro, antes de ser abatida, um patife, vem-se sempre à ideia o que se passava geralmente quando que uma mulher estava a ser agredida pelo marido e pedia socorro.
Acudia um homem para a defender. O marido, não admitindo interferências, virava-se contra o socorrista. Este defendia-se, e como tinha algum músculo, dominava o marido. Quando isto acontecia a mulher atirava-se ao socorrista na defesa do seu homem.
Muitas das mortes que acontecem aquando de fugas podiam ser evitadas se houvesse legislação adequada.
Estabeleça-se que todo o cidadão é obrigado acatar uma ordem da autoridade, seja PSP, GNR, PJ ou outra, sem resistência.
Conduzido à esquadra, ao posto da Guarda ou da judiciária, defender-se-á das acusações que lhe forem feitas. Se nada for provado contra si, pedirá indemnização ao Estado para o ressarcir do enxovalho, da perda de tempo e das despesas com advogado, indemnização que não será paga quando o Estado quer mas dentro de prazo que tiver sido fixado na lei.
E, quem se recusar a acompanhar a autoridade, sujeita-se às consequências, inclusivamente a levar um tiro.

Anónimo disse...

Olhe, João, os mirandas blasfemos, os daniéis arrastões, os josés limianos e quejandos passarões blogosféricos pensam precisamente o contrário: o mal deste País está em haver polícias, quando só devia haver assaltantes.

Anónimo disse...

MAS NÃO! O problema deste país é que só tem ladrões!

joserui disse...

No 1.º comentário, António Pires pôs o dedo na ferida. E depois Carlos Medina Ribeiro volta a colocar o dedo na ferida:

"Talvez quando acabarem as tricas acerca do Pontal arranjem alguém que, de vez em quando, diga o que pensa sobre os problemas que, como este, preocupam o cidadão-comum..."

A má qualidade das pessoas que governam(?) o país é transversal aos partidos. De mal só para pior e vice-versa. Até um dia. -- JRF