17.6.08

DA CEDÊNCIA


O dirigente da CGTP, Carvalho da Silva, acusou o governo de "ceder". Não de ceder à imensa "vanguarda" representada pela sua central sindical, mas antes ceder aos "pequenos grupos", a "interesses" difusos como se viu, acha Carvalho, no affair dos camionistas. Sempre pensei que a CGTP - ao contrário da UGT que é, no essencial, uma secção do PS e do PSD - vivia para obrigar os governos a "ceder". Ora Carvalho da Silva aparentemente não admite "cedências" porque um governo dito socialista não pode "ceder" à sua fronteira direita ou a corporações de origem duvidosa, isto é, não acarinhadas pela CGTP e pelo PC. Criou-se em torno dos camionistas o mito do "lock-out" como se as pequenas e médias empresas de camionagem - algumas delas constituídas apenas por um camião - "ameaçassem" o regime. Carvalho da Silva, ilustre membro do regime, também não gostou de se sentir "ameaçado". Como ensina o Aron, a esquerda continua a ser atravessada por esta "luta duvidosa" em que a linguagem esconde o pensamento e em que os "valores" podem ser traídos se outros mais altos se levantarem. Onde se ergue a CGTP, mais nada nem ninguém pode erguer-se. Cedência só há uma, à da central do dr. Carvalho e mais nenhuma.

9 comentários:

Anónimo disse...

da esquerda, diria Pittigrilli (Dino Segre), na decadência do paradoxo
"são mais que inimigos, são irmãos".
não confundir com o anão arons
PQP

Anónimo disse...

O que eu gostaria de ouvir, da direita ou da esquerda, mas com ambos os ouvidos é alguém explicar aos peões do regime, tipo Vitorino e quejandos, é que o governo, quase sempre pelas suas vozes, mente quando apregoa a ideia de que a crise dos preços do petróleo reflectidos nos preços do gasóleo, gasolina(... material prá menina! que boa era a meninice), é culpa da crise internacional. É mentira por esta coisa simples: pelo menos em 60 por cento do preço do gasóleo, a culpa é do Estado gerido, actualmente, pelo PS. E ainda que é infame culpar uma coisa abstracta de algo em que somos responsáveis numa proporção de 60 por cento. É infame é pouco democrático!

Anónimo disse...

A CGTP existe para o PC ter o monopólio da contestação social.Esta é o "negócio" de que vive o PC já que não pode viver de estar no Governo.Cobra portanto aos ditos Governos a relativa paz social de que estes necessitam para sobreviver.Tudo o que ameaçar esse monopólio é visto como um perigo a eliminar.Ora o modelo de contestação social do PC está esgotado.As greves não paralisam coisa nenhuma e as grandes manifestações também não.O PC pode crescer uns poucos por cento eleitoralmente mas para que serve?

Anónimo disse...

A greve dos camionistas veio demonstrar que quem tem hoje poder efectivo são as pequenas e médias empresas que actuam em sectores estratégicos que quando param fazem parar o País com elas.Ou certos grupos de trabalhadores em sectores muito localizados,muito especializados e muito qualificados.Ora nem uns nem outros precisam ou querem o PC para nada.É a estes que os Governos têm mesmo de pagar.É esta também a dor que sentem o PC e a CGTP e que exprime o recem doutor pelo ISCTE Carvalho da Silva.Mais prosaicamente chama-se em bom português dor de corno.

joshua disse...

Fomos vendidos. Somos atraiçoados. As cúpulas dos sindicatos são extensões do Poder.

PALAVROSSAVRVS REX

Nuno Castelo-Branco disse...

O Carvalho da Silva deve agora perceber porque durou tanto tempo o Corporativismo. É a velha história do ... "onde estão 24 não cabem 25"... e assim será!

Anónimo disse...

Anseio ardentemente pelo desaparecimento dos sindicatos e das centrais sidicais, o que será conseguido quando todos os trabalhadores participarem na distribuição, dentro de certos princípios, dos lucros puros das empresas onde exercerem a sua actividade profssional.
Tive colegas que eram dirigentes de sindicatos, situação que utilizavam para fugirem ao cmprimento dos seus deveres profissionais.
Tive um que badalava por todo o lado que a políica era a coisa mais bela que havia. Pudera. Quando na empresa onde trabalhávamos foi criada a comissão de trabalhadores encaixou-se nela e nunca mais trabalhou.
É caso para aproveitar o dizer numa modinha brasileira: Mas que coisa mais linda. Para muito marmanjo, a política, claro está.

Nuno Castelo-Branco disse...

ehehehehe, Cáustico, é isso mesmo, também conheço uns casos desses. A comissão de trabalhadores é uma verdadeira profissão!

Anónimo disse...

AMIGUINHOS, NÃO FOI ISSO, O QUE O CARVALHO DISSE FOI QUE O GOVERNO SÓ CEDEU PORQUE ERAM OS PATRÕES QUE ESTAVAM NA RUA E NÃO OS TRABALHADORES... SÓ POR ISSO O GOVERNO FIOU FININHO. SE FOSSEM OS ASSLARIADOS DAS EMPRESAS DE CAMIONAGEM, A MALTA DA GNR TINHA LIMPO O ASFALTO. MAS SE VOCEMECESES NÃO ENTENDEM ISTO, ENTÃO NADA ENTENDEM, ENTENDERAM OU POERÃO UM DIA ENTENDER.