9.12.07

A EQUAÇÃO DOS DESALMADOS


No "Angelus" deste domingo, na Praça de São Pedro, Bento XVI recordou São João Baptista e usou as suas palavras para criticar o materialismo associado à época de Advento. Ratzinger falou dos "desertos"- interior e exterior - que ameaçam os homens e, uma vez mais, recordou como é essencial "perceber" e preparar a chegada do Filho do Homem, eterno momento fundador da nossa existência, sem o qual soçobramos e não seremos mais que fracasso. Depois do Papa, veio Sócrates e o seu pequeno cortejo cleptocrático africano, exemplos vivos de tudo o que nega a razão e o espírito humanos. Na crónica do Público - sem link - Vasco Pulido Valente traça o retrato do "herói de plástico" da paróquia. Um dos segredos da sobrevivência socrática é justamente ser um homem dos tempos. Sócrates impõe respeito ao vulgo porque a frugalidade é algo em que não se deve tocar. E Sócrates é a frugalidade em pessoa, sem correr os riscos do humano. A Yourcenar diz algures que "o humano satisfaz-me". Os homens dos tempos, tão exemplarmente representados na política nacional pelo secretário-geral do PS e pela frivolidade dos dias que antecedem o natal, são os homens dos desertos de que fala Ratzinger, e não se satisfazem com o humano. Satisfazem-se sobretudo com as suas extraordinárias pessoas. O homem dos tempos é o que mais se aproxima de uma coisa. O menino que vai nascer em Belém daqui a alguns dias não cabe nesta equação de desalmados.

4 comentários:

Anónimo disse...

O problema é viver-se a correr em vez de correr para viver....

Anónimo disse...

Desalmado é uma boa palavra para designar essa gente. Desalmado é aquele que não tem alma. Aquele que não tem alma é aquele que está vazio.

Anónimo disse...

Adorei este teu texto JG.
Bem-haja por nos teres transmitido esta tão sublime lição do Pápa.
FáPD.

joshua disse...

João, é preciso destruir o cenário de plástico laboriosamente edificado para que a vida real fale. Fica-se estarrecido com os banhos de Ego e as auto-fellationes em que se compraz Pinto de Sousa.

Desgosta-me descobrir o quanto adora isto a populaça ultramontana.