27.9.07

ESTABELECER AS DIFERENÇAS IRREDUTÍVEIS


A lembrança de Jorge Borges de Macedo e a recordação da (nas palavras do próprio) sua voz de "baixo profundo", fez-me voltar aos seus livros, aos seus ensaios e às suas "entradas" na Verbo Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura e no Dicionário de História de Portugal dirigido por Joel Serrão, ambos comprados, em devido tempo, a prestações. Tal como foi feito pela Sá da Costa com as principais "entradas" de Vitorino Magalhães Godinho no Dicionário, talvez não fosse má ideia coligir as de Borges de Macedo e editá-las em livro. Mais do que nunca, o seu magistério está vivo. Quando olho à minha volta, para o meu desgraçado país entregue ao anti-escol e a umas miseráveis elites autofágicas que pululam no Estado, nas universidades, nos "media", na sociedade e nos partidos, não me canso das palavras sensatas e cruelmente lúcidas do Mestre, sempre favorável à ruptura dinâmica e responsável. "A História como domínio irredutível do concreto responsável, obrigado por finalidade e definição do seu próprio objecto, ao campo do realmente acontecido, constitui, ao lado da arte e da vivência, a única forma científica e alternativa de, recriando o real, enfrentar o espírito de sistema e de ensinar a estabelecer as diferenças irredutíveis."

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