25.8.06

O MONSTRO


Esta semana. com o país a meia-haste nas praias e a tirar macacos do nariz, o dr. Correia de Campos encarregou-se de falar depois do conselho de ministros. Teriam sido aprovadas as famigeradas "salas de chuto" - uma coisa que manifestamente estava a fazer muita falta - e Campos aproveitou para dar alguns recados aos "hospitais-empresa", ameaçando a respectiva gestão de despromoção do hospital conforme os "indicadores". É capaz de ter falado de outros assuntos, mas confesso que não lhe prestei atenção. Correia de Campos é um homem que toda a vida sonhou ser ministro da Saúde. Quando Guterres já se afundava alarvemente e, com ele, o país, lembrou-se de o ir buscar para ministro. Campos não teve muito tempo para se mostrar. Nem estava à vontade. Agora não. Ancorado na maioria de Sócrates, Correia de Campos quer deixar uma obra. Sem querer ou poder desmantelar o indesmantelável "serviço nacional de saúde" criado pelo irresponsável Arnaut nos anos setenta, imagina transformá-lo numa coisa mais credível e mais barata. Antes dele, respeitáveis senhores e senhoras imaginaram o mesmo. Quando ele regressou, a trapalhada estava apenas mais consolidada, depois do "empreendedorismo" do dr. Pereira, o "gestor" escolhido por Barroso e Santana Lopes. Ainda há dias foram divulgados os milhões que o SNS custa diariamente aos cofres públicos. Campos, na sua insustentável leveza, bem nítida no ar contentinho com que deu a conferência de imprensa, ainda não entendeu que, quando partir, tudo estará vagamente na mesma, com hospitais e centros de saúde tranquilamente infrequentáveis como estavam há dez ou quinze anos e a indústria do medicamento florescente. Fazer apenas contas não chega. Zurzir nos profissionais de saúde, a torto e a direito, à conta da "autoridade", também não. As coisas são o que são. Correia de Campos passa, como passaram todos os outros. O "monstro", como lhe compete, fica.

5 comentários:

Anónimo disse...

João, o que propõe então?

Não retiro nada de construtivo daquilo que escreveu. Sorry.

Anónimo disse...

Claro que dizer mal não custa nada. É só teclar e "postar".
Era preferível os ministros (e concretamente o da saúde) ter ido para banhos, não era? Nada fazia, deixava andar... afinal, estamos no verão.
Assim, podia dizer mal do governo, porque nada tinham feito...
Como tantas coisas mal feitas por este gov, porque é que o seu amigo Cavaco continua a promulgar ? Não me diga que o PR está de acordo com o Gov!!! Mau, mau, quer ver que tem de começar a criticar negativamente o PR? Cruzes canhoto...

Anónimo disse...

"Novos carros BMW topo de gama para alguns administradores hospitalares e mobiliário para compor os gabinetes. O ministro da Saúde, Correia de Campos, considera tais despesas sumptuárias e tenciona pôr-lhes cobro até final do ano."
Que aborrecimento, não é?

Anónimo disse...

Caro Fantasma
O ministro Correia de Campos não devia por cobro às despesas até ao final do ano, deveria, isso sim, por cobro aos Administradores hospitalares que nomeou mau grado a sua incompetência para a assumpção de tais responsabilidades. Com gestores que não compreendem os constrangimentos financeiros do SNS nem as suas prioridades é bem mais difícil atingir resultados positivos. Mas, enfim, o ministro tem que lutar pela sua sobrevivência política não vão os seus apaniguados fazer-lhe a folha.

Anónimo disse...

O "monstro" criado pelo "irresponsável" Arnault foi responsável apenas pela mais espectacular melhoria dos padrões de saúde em Portugal, até hoje, e por um dos melhores sistemas nacionais de saúde que existem. Para "monstro", não está nada mal!