21.8.06

AUTARCAS

Há dois anos, para ir para o governo fazer aquela figura inesquecível de primeiro-ministro, Santana Lopes "cedeu" o lugar de presidente da Câmara de Lisboa a Carmona Rodrigues. Aquando da campanha de 2001, ninguém deu por Carmona. Santana era naturalmente Santana e bastava. Em Oeiras, depois do dr. Isaltino ter marchado para o governo de Barroso, a "tia" Zambujo, sua "número 2", presidiu à Câmara até Isaltino a reconquistar como "independente", com o PS de olhos vendados. Isto para dizer que não é inédita a substituição de presidentes de Câmara a meio do mandato. A mais "mediática", como sabemos, foi a emergência de João Soares em Lisboa quando Sampaio se candidatou a Belém. Em Setúbal, no entanto, a coisa é diversa. Às trapalhadas do dinossauro Mata Cáceres, do PS, vêm aparentemente juntar-se, agora, as do sr. Sousa, do PC. Parece que um órgão de controlo da administração autárquica concluiu que o sr. Sousa, afinal, era um autarca igual aos outros. Por isso, o PC "pondera" - é óbvio que já decidiu - correr com ele e, de acordo com o "centralismo democrático", substitui-lo pelo seguinte na lista. Provavelmente antes que ele perca o mandato por imperativo legal. Durante anos a fio o PC explorou o mito da intangibilidade "ética" dos seus autarcas e, por consequência, apresentava-os ao povo como "exemplares" e "trabalhadores". Mesmo quando em Loures (Severiano Falcão) e em Évora (Abílio Fernandes) corriam rumores, o PC encarregava-se de deixar o assunto por conta da casa. Jerónimo de Sousa, para tapar o buraco, inventou desta vez a ideia de os"avaliar". Se der na telha a Sousa, como deu a outros prosélitos que se imaginavam "salvadores" das respectivas populações, apesar das milongas em que entraram, qualquer dia anda para aí a pregar como "independente". Entre perder a Càmara e perder a face, o PC pondera se quer quer ver um seu autarca juntar-se à gloriosa galeria dos Isaltinos e das Fátimas Felgueiras. Na verdade, já tinham direito a um.

4 comentários:

Anónimo disse...

Caro João,
A única coisa que apetece dizer sobre este processo é "Olá, camaradas!", há muito que não havia uma expulsão,um afastamento, uma demissão, seja o que for, mas eis que aparece esta e logo em vésperas da festa do Avante!.
Já agora deixe-me acrescentar que o "centralismo democrático", não tem nada a ver com a nomeação do candidato seguinte na lista... De acordo com o centralismo democrático depois de uma decisão estar tomada, ela tem de ser respeitada por todos os militantes sem serem divulgadas opiniões pessoais sobre a metéria, percebeu?

Anónimo disse...

O mais interessante neste caso é a explicação que o DM encontrou para o afastamento de Carlos Sousa: reformas fraudulentas do pessoal da câmara. Só não percebo se acaso o vereador do urbanismo tem a cargo o pelouro do pessoal.

Anónimo disse...

Emendo: DN

Anónimo disse...

Lido o DN, esta-se mesmo a ver o esquema "à PCP", para fazer uma limpeza do pessoal excedentário - recorrer ao aberrante Estatuto Disciplinar da Função Pública. "Os trabalhadores" não seriam prejudicados, quase dentro da velha máxima "os ricos que paguem a crise"....