21.6.05

SARTRE, O DIA DO ANO CEM

"Eu sinto-me não como uma poeira aparecida no mundo, mas como um ser esperado, provocado, prefigurado. Resumindo, como um ser que só parece poder vir de um criador, e essa ideia de uma mão criadora que me tivesse criado reenvia-me a Deus. Naturalmente isto não é uma ideia clara e precisa a que recorro cada vez que penso em mim; ela contradiz muitas outras ideias minhas; mas existe, vaga. E quando penso em mim, penso muitas vezes um pouco assim, à falta de poder pensar de outro modo. Porque a consciência em cada um justifica a sua maneira de ser, e não está presente como uma formação gradual ou feita de uma série de acasos, mas pelo contrário como uma coisa, uma realidade que existe constantemente, que não está formada, que não é criada, mas que surge como existindo constantemente por inteiro. Além disso, a consciência é a consciência do mundo, por conseguinte não se sabe muito bem se se quer dizer a consciência ou o mundo, e por conseguinte reencontramo-nos na realidade".


De uma entrevista de Simone de Beauvoir a Jean-Paul Sartre, no Verão de 1974, publicada em A Cerimónia do Adeus

1 comentário:

Unknown disse...

Estou farto dessa gaja até aos cabelos! Imaginem ter que viver aqui dentro fechado com essa maluca? FOSGA-SE! Em 100 anos fartei-me de pensar, agora nem sequer consigo pensar em nada. MEXAS!