3.6.05

DA INTENDÊNCIA

Só Deus sabe como eu não gosto de conversas de "mercearia". Aborrece-me o dinheiro "físico" e, como dizia Salazar, devo à Providência a graça de ser um mero remediado. Não tenho, nessa matéria, invejas, ressentimentos ou sombras. Por isso acho que a excitação em torno da "acumulação" de vencimentos do sr. ministro das Finanças deve ser reconduzida ao plano estritamente político. Suspeito que o "veneno" tenha sido destilado bem de dentro de algumas hostes ressabiadas do PS para alimentar a demagogia populista. Eu já aqui escrevi que uma das maiores fraquezas de Campos e Cunha é ser "independente". Nenhum "político" suporta que um que não é dos "seus" lhe mexa. Para além disso, a "revelação" surge no pior momento para o governo e para Campos e Cunha em particular. Como é que se explica tranquilamente a uns bons milhares de trabalhadores, privados ou funcionários, que "andam nisto" há mais de trinta e tal anos, que uma meia dúzia deles ao serviço do banco central gere automaticamente uma "reforma"? E que essa "reforma" é acumulável com o salário ministerial? Já vai tarde, mas eu aconselhava o sr. ministro - apenas por uma questão de bom senso político, atendendo ao que aí vem -, a suspender a percepção dessa "reforma" enquanto estiver na Praça do Comércio a tratar da intendência alheia. Sobretudo por causa da "forma" como está a tratar dela.

1 comentário:

Anónimo disse...

Qualquer dia não há quem queira ir para o Governo . Só as nulidades ou os tais falhados que parasitam nos partidos ! Eu também sou só uma mera 'remediada' !
Ana Sousa