4.10.04

SEGUNDO SILVA

Rui Gomes da Silva é amigo de Santana Lopes e dos íntimos. Esta patriótica circunstância fez dele ministro dos Assuntos Parlamentares em substituição de Luís Marques Mendes, por sinal o único que levou a sério o que andava a fazer. Na dupla qualidade de membro do governo do amigo e de amigo daquele amigo, Gomes da Silva veio defender a mordaça para Marcelo Rebelo de Sousa. Incomodado com a acutilância marcelista, este valente democrata sugeriu já uma intervenção da insigne inutilidade pública que dá pelo nome de Alta Autoridade para a Comunicação Social. Segundo Silva, Marcelo destila o "comentário do ódio" e, sozinho, é pior do que toda a oposição junta. Vai daí, Silva entende que a "desfaçatez" de Marcelo deve ser sumariamente controlada quando não mesmo silenciada, a bem da Nação e deste governo de "coragem" (sic). Silva e Marcelo, embora não pareça, são do mesmo partido, o PPD/PSD. Entre eles, contudo, há uma abissal diferença. Silva comporta-se como um serventuário caciqueiro que naturalmente espera que digam do Chefe aquilo que o Chefe, ou ele, esperam ouvir. Marcelo, infinitamente mais subtil e a milhas de ser uma pura nulidade política, ainda é um homem livre. Este "evangelho segundo Silva" é uma pequena mas significativa demonstração da religião oficial destinada a ungir uma só pessoa. Depois não digam que não avisámos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Na minha terra canta-se que a silva pica... vamos esperar para ver se é verdade ou se esta silva é demasiado juvenil e pode ser arrancada sem esforço