18.10.04

A CARICATURA

O efeito subtractivo da coligação com o PP ficou uma vez mais confirmado nos Açores. Das duas vezes que o PSD se apresentou ao eleitorado com o partido do Dr. Portas, perdeu. E perdeu substantivamente já que os votos obtidos em ambos os casos - Europeias e Açores - foram menos dos que o PSD obteria normalmente sozinho. Conheci Vitor Cruz quando passei pela direcção do Teatro Nacional de São Carlos e lamento que tenha sido a vítima deste péssimo conchavo que lhe foi imposto. Anunciou honradamente que deixa a liderança do PSD regional e nem por uma vez se referiu ao PP. Porque terá sido assim? Por cá, Santana Lopes apareceu a defender a "estabilidade" e tentou convencer-se, em público, que a seu tempo o eleitorado nacional lhe fará o mesmo que fez na Madeira e nos Açores. Mesmo depois de Sampaio lhe ter reconfirmado o seu apoio este fim-de-semana, este inseguro Santana continua a temer uma interrupção. Vai ser interessante ver como é que ele resolve o problema desta relação letal com o PP. A promiscuidade entre os dois partidos - está feita a prova - só aproveita a um lado. E a descaracterização do PSD por causa da manutenção no poder, a médio prazo conduzirá irremediavelmente à sua perda. Santana e Portas estão de um lado e o país está noutro. Sampaio aparentemente não sabe de que lado deve estar e nem vale a pena meter explicador. Todas as promessas do mundo feitas pelo governo, em peso nos Açores, não serviram para nada. A "coligação", a caminho da realidade virtual, é cada vez mais uma caricatura de si própria.

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