2.10.04

OUTRA COISA

Enquanto decorre o congresso de Sócrates, alguém "soprou" ao "Expresso" que o PSD vai concorrer sozinho às eleições de 2006 e só depois, magnânimo, voltará a acoplar o braço direito do Dr. Portas no governo. Esta "notícia" é compreensível. Com Sócrates, o PS "social-democratiza-se" e o PSD "neoliberaliza-se". Com o eleitorado moderado e a classe média agastados com o desempenho da maioria liderada pelo "novo" PPD e com a perspectiva realística de os ver fugir de novo para o PS, era necessário dar um "sinal" de independência e de "integridade" políticas, recentrando o partido. Acontece que a simbiose com os "populares" já foi longe demais e Paulo Portas, quando se sentir ameaçado, encarregar-se-á delicadamente de a lembrar. Mesmo as últimas demonstrações de "autonomia" do PP- Guedes, a Madeira ou o Sr. Pires de Lima, o "presidido"- só acrescentam alguma coisa à realidade virtual. Nada mais. Ontem, à entrada para o congresso do PS, viu-se bem quem são os melhores aliados desta realidade. Com o seu paternalismo insuportável, Manuel Alegre fez o favor de aceitar a liderança de Sócrates, resmungando dois ou três lugares-comuns retóricos. Eu peço imensa desculpa, mas lá onde Pacheco Pereira viu outro dia "espessura", eu não consigo enxergar mais do que um palavroso deserto. À realidade virtual dos Drs. Santana e Portas convém indelevelmente este tipo de anulação política sumária. Ao país convém naturalmente outra coisa.

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