Reparem na proeminência abdominal do bardo, reforçada pela gravata. Reparem como ele a usa para acusar o PS oficial de ter desleixado a sua quota em matéria de deputados. Reparem como ele "ameaça" não fazer campanha porque a campanha dele é outra. Reparem como ele arranja forma de por o PS, até às legislativas, a falar a duas vozes. Com a dele e com a do admirável líder. E reparem como ele insinua, de novo, que sem ele não vão lá. Ora se não é o PS dele que vai a eleições, isso quer dizer que não se importa nada que o PS perca. Dito de outra forma, Manuel Alegre "precisa" de uma vitória de Ferreira Leite para congregar as esquerdas, depois, contra Cavaco. Dilema interessante para o PS. Quando é que, no fundo, se querem ver livres de Sócrates? Já ou a meio do mandato? Dilema interessante para Cavaco. Prefere um governo minoritário de Sócrates que, em princípio, lhe assegurará a reeleição, ou um governo do PSD, a solo ou coligado com o dr. Portas, que abre o caminho a Alegre e a uma "fronda anti-fascista" lírico-primitiva? E, no meio deste "cálculo das sombras", que espaço fica para o país? À mediocridade do programa, junta-se a mediocridade das listas. Alegre recorda-me sempre o Eclesiastes mesmo quando tem razão. Tudo é vaidade e vento que passa.
12 comentários:
Primeiro recusa fazer parte das listas e depois queixa-se de não estar "politicamente representado" nelas.
Com o seu ego gigante e sem noção do ridículo, Manuel Alegra é cada vez mais socretino.
Na verdade, devemos louvar a atitude de Alegre em querer dissociar-se da vergonha socrática.
Com toda a contradição incluída, Alegre representa um fundo de consciência socialista ou social-democrática que subsistirá no interior do PS, apesar da descaracterização por que este passou, ditada pela sedução do neoliberalismo, que também neste Partido subjugou muitas mentes, primeiro com Guterres e depois, numa fase mais degradada com Sócrates.
Daí que veja com certo interesse a acção dissonante de Alegre, no seio do entontecido círculo socrático que hoje domina o PS.
Apenas lamento a sua inclinação para a cooperação com a Esquerda radical, mas grandemente folclórica e nociva, em muitos aspectos, do Bloco.
Mas isto acaba por traduzir a falência política dos partidos moderados, PSD e PS, incapazes de motivar o eleitorado, o povo para a regeneração do País. E aqui é que reside o ponto fulcral do presente regime político.
Com ou sem Alegre, no PS ou fora dele, com Sócrates ou com Fereira Leite, tem ou não possibilidade de regeneração a actual situação política nacional ?
Começa a ser tarde para responder a tal questão.
O velho conspirador de pantufas, faz falta ?
Faz. É o lixa-rosa(s)
Convido-o a ver
http://fado-alexandrino.blogspot.com/2009/08/camara-reconhece-divida-fundacao-mario.html
sobre este assunto que vêm no Público e a desenvolver se assim o entender.
Não é necessário publicar este comentário.
Um homem bom, prenho de grandes ideais.
Alegre faz lembrar o faroleiro num tempo de grande tempestade. Não um faroleiro qualquer mas aqueles da idade média que nas zonas mais perigosas da costa acendiam uma fogueira para atrair e espatifar os navios contra as penedos. Na manhã do dia seguinte o povo da aldeia ia à praia apanhar os despojos.
Por mim, faço como o almirante Pinheiro de Azevedo: mando o bardo à bardamerda, com licença de vossas senhorias.
Manuel Alegre é certamente um poeta estimável. E também um homem que costuma proclamar os bons princípios do socialismo que, no fundo, se calhar todos nós gostaríamos de partilhar.
Mas se a vaidade é humana, e até é bom que os homens com mérito possam ter a sua dose de vaidade, a dita, quando em excesso, torna-se perniciosa e é ridícula. Acontece que Alegre está possesso de uma vaidade desmedida que o faz perder o sentido das realidades e que, por isso, prejudica os seus mais caros propósitos.
A sua valsa de apoio e/ou contestação à política socrática ou costista (vem a dar no mesmo) revelar-se-á fatal não só para as suas aspirações à presidência da República como para a vitória da coligação PS/Roseta/Sá Fernandes/CLAC para a Câmara de Lisboa. Coligação que me parece poderá subtrair mais do que adicionar votos á lista do PS.
Cá estamos para ver.
O homem não é 'só' poeta: é também perito em cálculo.
Olha quem fala!!!
O homem perdeu qualquer credibilidade, se é que algum dia a teve. Não há qualquer dilema e a dita "fronda anti-fascista" limitar-se-á a meia duzia de pateteas. Alegres, claro.
Sócrates desfez as veleidades de Alegre quando este quis ser a "consciência da esquerda" do PS. Se Alegre teve alguma credibilidade política foi com o bom resultado que obteve nas presidenciais. Depois, foi perdendo essa credibilidade à medida em que ia pactuando com Sócrates que nunca lhe perdoou o facto de ter sido candidato sem o apoio do PS que optou por Mário Soares.
Em política não há amigos ou amigos camaradas como é este o caso. Se os votos da ala de Alegre dividirem o PS, votando no BE, no PCP, ou em branco Alegre ainda pode ter uma palavra a dizer em relação ao futuro do PS. Caso contrário, o melhor é afastar-se da política ou fundar um novo partido com o que resta das suas hostes.
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