8.8.09

O PAÍS DAS MARAVILHAS VISTO PELOS SEUS


«Tem agora muito menos dinheiro do que já teve. Ao princípio, isso atacava-o como uma doença. Sentia-se mal, porque, para ele, o dinheiro servia sobretudo para comprar conforto e comodidade. Isso é o que mais aprecia, o que lhe faz mais falta. Agora, tenta habituar-se à escassez, à incerteza, à aflição. Pensa nos outros que as têm ainda maiores. Olha os pedintes, os cauteleiros, os vagabundos. Olha aqueles que vendem coisas aos turistas. E aqueles que passam encolhidos, envergonhados, tímidos. Sente-se irmão deles. Pensa no passado - ainda tão próximo e já tão distante. Não sabe se pode ter esperança. Olha os cartazes da política e divide-se entre a indiferença e a vontade de fazer uma revolução (...). Vai para a paragem, espera, apanha um autocarro. Da janela, vê as pessoas que, como ele, ficaram na cidade, a andar, a vaguear. E parece-lhe que o mundo se tornou um outro mundo, aquele de onde até os fantasmas fogem.» (José Manuel dos Santos, Actual, Expresso)

9 comentários:

Mani Pulite disse...

Descrição muito acertada daquilo que espera os seus e ele próprio depois de 27 de Setembro.Cá estaremos para garantir que é assim mesmo.

Nuno Castelo-Branco disse...

ehehehehe, só falta a costureirinha que vivia lá para a zona da Sé, labutando numa água-furtada, cuja única iluminação consistia na nesga que lhe chegava de uma telha partida. Já agora, inevitavelmente seria uma daquelas "companheiras" que periodicamente recebiam um resistente, proporcionando-lhe mesa, roupa lavada e cosida e claro está, cama*.

Neo-realismo requentado.

*Contoi-me um ex-resistente que no fundo, tudo andava à volta do mesmo, daí o mito.

João Gonçalves disse...

Mas um neo-realismo esquerda democrática, não sei se percebeste.

Kruzes Kanhoto disse...

Maravilhas?! onde?! como?! Quando?!

Abreu disse...

Cavaco desconfia de José Sócrates


As relações entre Cavaco Silva e José Sócrates estão definitivamente estragadas. Não por razões políticas ou ideológicas, naturais em pesoas que têm trajectórias diferentes. A questão essencial que os separa dá pelo nome de ‘confiança pessoal’. O Presidente da República deixou de confiar na palavra e nos compromissos pessoais assumidos pelo primeiro-ministro na confidencialidade das reuniões que os dois têm em Belém.


O primeiro caso que deixou Cavaco Silva verdadeiramente perplexo aconteceu com o polémico Estatuto dos Açores. A reacção indignada do Presidente não aconteceu só por razões de interesse nacional, como referiu nas duas comunicações ao País, em Julho e Dezembro de 2008. Em causa estiveram igualmente questões de lealdade, institucional e pessoal. Isto é, alguém – leia-se, Sócrates – assumiu compromissos em privado que foram rompidos em público, com o pretexto de que era essa a vontade do líder açoriano, Carlos César, fervoroso adepto do primeiro-ministro, e da maioria socialista na Assembleia da República.

O facto de o Tribunal Constitucional ter atirado para o lixo o Estatuto e os artigos mais polémicos não fez sarar a ferida de Cavaco Silva. E agora, de uma forma que é encarada em Belém como uma vingança mesquinha – muito ao estilo da actual direcção do PS –, o neurocirurgião João Lobo Antunes, cavaquista confesso, foi afastado do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida por ter tido um papel muito activo no parecer que acabou por rejeitar o diploma, conhecido por ‘Testamento Vital’, que o PS queria aprovar no final da legislatura e foi obrigado por isso mesmo a deixar cair.

Belém não tem dúvidas em afirmar que Sócrates se comprometeu a indicar o nome de João Lobo Antunes para mais um mandato. De S. Bento dizem que não, e falam mesmo de "mais uma intriga". Mas conhecendo-se o perfil institucional e a habitual reserva de Cavaco Silva em falar do que se passa nos seus encontros com Sócrates, a perplexidade assumida publicamente e de forma oficial vale por mil palavras.

PARECER AFASTA LOBO ANTUNES

O neurocirurgião João Lobo Antunes, cavaquista confesso, foi afastado do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida. O Governo e o Parlamento, dominados pelo PS, não o indicaram para um segundo mandato. Acontece que Lobo Antunes teve um papel muito activo na elaboração do parecer que chumbou o chamado ‘Testamento Vital’, um diploma que o PS queria aprovar em Julho.

(Este texto de António Ribeiro Ferreira, publicado no "Correio da Manhã" de hoje,diz tudo do senhor do cartaz. Nem nos assuntos de Estado é homem de palavra.)

Mani Pulite disse...

O Cavaco deve ter sido o último português a chegar à conclusão que Sócrates não é de confiança.Até a f.já o sabia há muito.De qualquer modo mais vale tarde do que nunca.

G. Eleutério disse...

O que é que deu ao José Manuel dos Santos?
Olha se o dr. Soares lê isso...

MINA disse...

Não sei se o José Manuel dos Santos, de momento director da Fundação da EDP, tem agora menos dinheiro de que durante os 20 anos em que foi assessor presidencial de Mário Soares e Jorge Sampaio. Por isso estranho o texto, a menos que seja uma previsão do seu futuro, o que não acredito porque neste regime sempre "les beaux esprits se rencontrent".

Nuno Castelo-Branco disse...

Claro que percebi, "Jonas", claro que percebi.Mas eles sabem lá o que é o neo-realismo! Por outro lado, até é uma coisa que lhes fica muito bem, esse "fazer de conta" para agradar aos amigos politicamente correctos (?). Já reparaste que muitos PS se esqueceram completamente da cama que o PC e afins se preparavam para lhes fazer em 75 e agora, misturam-se na mesma blogalhada PS-chiques do Bairro, BE's e uma meia dúzia de "independentes" comunistas? Patetas!

Finalmente, o conselho do escroque e assassino Boris Ponomariov parece vingar com 50 ou 40 anos de atraso: "atrair os social-democratas/socialistas ao frentismo, para depois os aniquilar por dentro" (RDA, Checoslováquia, Hungria, Roménia, Bulgária, etc). Aqui em Portugal, o Soares percebeu e pelo que se diz, até bateu com a porta na cara do ex-vichysois Mitterrand, ao tempo muito abespinhado com o PS/Soares por este lhe "ameaçar estragar" o Front de Gauche. O descaramento...
O que se torna indecente é a ignorância dos actuais dirigentesl e assim, vão preparando inconscientemente o terreno propício para aventureiros como o Louça e o resto da trupe. Um dia destes o BE come o PS por dentro - "unificam-se" - e acredita que este sr. Anacleto nada tem que ver com as nulidades que o MES aportou aos socialistas (Sampaios e outros). O tempo o dirá.