17.8.09

O PAI DE UM OUTRO


Quem também vai a votos no próximo dia 27 de Setembro é o dr. Vítor Constâncio, o quase eterno governador do Banco de Portugal. Constâncio, desde as célebres "verificações de défices a pedido", passando pelo exercício dos poderes de supervisão bancária da instituição que alegadamente governa, revelou-se um mero mandatário do PS apenas intelectual e politicamente mais sofisticado do que outros que andam por aí. Tão sofisticado que até ignorou, praticamente insultando (e não consta que ele seja blogger ou, mesmo, deputado) o controlo político exercido por uma comissão parlamentar presidida pela insuspeita Maria de Belém acerca do "caso BPN." Para não me citar, recorro à Constança Cunha e Sá. «Durante anos, com suave persistência, o dr. Constâncio transformou o Banco de Portugal numa espécie de porta-voz oficial do ministério das Finanças, com défices ao sabor do cliente e previsões à altura das suas necessidades. A crise económica alargou-lhe os horizontes, juntando à sua reconhecida incompetência política uma inesperada incompetência técnica que, durante meses a fio, se exibiu, com esplendor, na Assembleia da República. Instrumentalizado pela oposição, o porta-voz do ministério das Finanças acabou por se tornar numa figura menor que, neste momento, incomoda já o próprio Governo. Só ele, na sua megalomania, é que ainda não percebeu que é um triste símbolo de um ciclo que terminou.» Ontem, por causa disto, escarraram isto. E multiplicaram-se as "solidariedades" activas e omissivas o que diz muito acerca daquilo que costumo descrever por regime. Mensagens encriptadas e recomendar-me "respeitinho", confusão entre pura ordinarice e ataque político, etc., etc. Ora para que não restem dúvidas e/ou parecer que estou "ofendido", a questão é só esta a menos que haja quem tivesse entretanto mudado de opinião sobre a criatura. Qualquer governo que saia das eleições de 27 de Setembro - até para sua salvaguarda - deve remover o lamentável dr. Constâncio do BP. Constâncio, Vítor, o pai de um outro.

Adenda: Um abraço para o João Villalobos. E a minha opinião - que vale o que vale e para não ferir "susceptibilidades" nem comprometer ninguém - é a que consta deste blogue e do livro ali à direita.

9 comentários:

Carlos disse...

Não concordo com muito do que escreve, incluindo o texto "o filho do outro", mas nada justifica uma resposta como a do João Galamba.

FNV disse...

Evidente. E não percebo por que raio você me disse aquele disparate da solidariedade.
Gelo.

Karocha disse...

Muita falta de chá, em pequenino!
O que o berço dá a tumba o tira, não é JG?

Arrebenta disse...

Caro João, julgo não o conhecer, aliás, os heterónimos não conhecem ninguém. Todavia, sei o que pensa e escreve. Tomei a liberdade de explicar ao senhor João Galamba porque lhe chamava, a si, "filho da puta (!)". Como não o deverão publicar, pode revê-lo no "Braganza". Bom trabalho e boa escrita, para si: o que aí vem ainda será pior

Mani Pulite disse...

Você, João, chama, e muito bem, nesse post, a atenção para um dos aspectos mais degradantes deste Regime tão degradado mas que tem sempre a igualdade de oportunidades na boca.Trata-se do nepotismo,do italiano nepote,sobrinho.Aportuguesando a coisa poderíamos chamar-lhe Filhosismo.Seria interessante pegar na nomenklatura do Regime,sobretudo a socialista,para analisar depois os percursos profissionais dos seus filhos e netos,onde e como arranjaram os seus empregos.O resultado seria devastador.Você tocou num dos tabus do Regime o que explica o histerismo das reacções.Quanto ao FDP,o homem estava a olhar-se ao espelho quando escreveu isso a seu respeito.Abraço solidário.

marta disse...

Na Assembleia da República VC disse vagamente não se lembrar de nenhum Governador de Banco internacional ter sido preso ou molestado..., não se lembrava. Palavras avisadas, meu caro Watson. Ao referir o caso Banesto, VC não teve a coragem de afirmar que, nessa altura o Governador do Banco de Espanha, Mariano Rubio, foi preso conjuntamento com Mario Conde e outros. E, só não está lá ainda porque faleceu entretanto, era um homem com alguma idade. Salvou-se Miguel Boyer, o Ministro das Finanças socialista e a sua mulher a socialite Izabel Presley, que também ornamentavam a "beautiful people" espanhola de então. No Parlamento, Constâncio levava antes das palavras prudência e tento na língua. Agora, meu amigo VC ainda há quem tenha memória e, se o Senhor não será o primeiro como quis mostrar.

Obviamente demito-o disse...

No passeio, não se pisa para não sujar, passa-se por cima. É o Lao Tsu, é inevitável no país de dementes. Abraço.

Karocha disse...

Pois!!!
E o Jorge Ferro Ribeiro, a Interfina e mais estavam metidos, mais uma infâmia, a seu tempo postarei!

joshua disse...

A verdade, João, é que antes de rebentar o verniz ao Galamba, a nata da bloga não parecia ter olhos senão para os galambas da 'nata' da bloga, essa tribo de filhos que tresanda a favor. Pois agora mostra o verdadeiro rosto.

Saboreia a antipática impopularidade insultuosa dos galambas: são pontos para este nosso lado da barricada. A impopularidade que insulta e range os dentes é sempre bem-vinda.