13.12.08

O RENDIMENTO NACIONAL BRUTO

«A crise tem revelado uma completa falta de capacidade e de liderança por parte da presidência da Comissão Europeia que, segundo Fischer, está completamente manietada pela falta de visão dos seus líderes e pelos cálculos de J.M.Barroso com vista à sua manutenção no lugar. É por isso que o a decepção com o seu plano de relançamento não espanta, ele não passa de um mecânico ”copy/paste” de velhas propostas sem ambição nem consistência. O futuro parece confiscado, é tempo de mudar de paradigma. E, nessa mudança, há pelo menos duas orientações que se vão impor: enquanto uma tem a ver com os conceitos utilizados para lidar com a realidade, a outra aponta para o miolo da estratégia a seguir. No primeiro caso basta olhar, por exemplo, para as insuficiências de que padece um indicador como o “pib”, para se ter a noção do muito que há a fazer. Se queremos conhecer a situação real da economia e da vida das pessoas, é urgente pensar noutros termos, como os defensores do “rendimento nacional bruto” há muito sugerem. É que o “pib” ilude escondendo a dívida contraída, e também o que, sendo produzido num país, não fica contudo nele. Ao que fica, e a que se juntam os rendimentos dos nacionais que vêm de outras economias, chama-se precisamente rendimento nacional bruto. Não admira por isso – e certamente também porque o “rnb” está a cair há vários anos – que o Presidente da República venha há já algum tempo a insistir na maior fiabilidade deste indicador para se avaliarem os reais progressos do país e do bem-estar das populações.»

Manuel Maria Carrilho, Contingências

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