Entre domingo e segunda, por causa do frio, li o livro da foto. Todo. Freitas escreve mal. Nada que se compare com os seus livros de direito. Todavia, interessava-me o período descrito porque abrange a formação, ascensão e queda da Aliança Democrática na qual, com dezanove anos, modestamente me empenhei ao lado dos Reformadores liderados por Medeiros Ferreira e António Barreto. Quem viveu os anos políticos de 1979 e 1980 não pode deixar de ler esta obra. Apenas decorridos cinco anos sobre o "25 de Abril", a "direita" chegou ao poder, em maioria absoluta, contra a "situação" político-militar da época. E contra os "situacionistas" do PSD, cindidos na altura em grupo parlamentar autónomo, cuja parte ainda viva integra o vigoroso "bloco central" que manda no regime. Freitas do Amaral era indiscutivelmente o "número dois" desse novo poder e dessa estratégia. Era ele quem devia ter sucedido a Sá Carneiro na liderança do governo e da AD, apesar de ser chefe do segundo partido da coligação, um CDS, ao tempo, com mais de quarenta deputados. Percebe-se, lendo o livro, que talvez as relações com o então PR Eanes pudessem ter sido diferentes. Como diferente poderia ter sido o destino da Aliança, nos anos seguintes à morte brutal do então 1º ministro e presidente do PSD, se este não tivesse sido substituído pelo improvável Balsemão. Tudo se precipitou no final de 1982 e, como Cunha Rego escreveu na altura, a AD acabou estatelada aos pés do General PR. E Soares voltou logo em 1983 para não mais nos deixar. Foi, pois, no princípio dos anos 80 que Freitas perdeu a oportunidade definitiva da sua vida política. Não foi sequer quando ficou a escassos metros de Belém ou quando entrou na transumância dos últimos anos. Ter permanecido no lugar de Sá Carneiro configuraria a "vitória pessoal" que, com mágoa, Freitas nota que as seis eleições em que participou nunca lhe deram. A vida é quase sempre madrasta. A história também.
(Diogo Freitas do Amaral, A Transição para a Democracia, Memórias Políticas II (1976-1982), Círculo de Leitores, 2008)
(Diogo Freitas do Amaral, A Transição para a Democracia, Memórias Políticas II (1976-1982), Círculo de Leitores, 2008)
7 comentários:
balsemão não foi um bom pm. duvido que freitas fosse melhor. recordo bem essa fase vista de vários ângulos. era o militante 29do ppd e fui candidato a deputado por Lisboa.pertencia à chafarica "liberdade e justiça" do gol (o gm tem processo-crime). nesta estavam 2 reformadores, adão e silva e JMF.
hoje envergonho-me de ter pertencida às duas organizações. era social democrata desde 1949. tornei-me anarca 50 anos depois.
assisto com total indiferença ao descalabro social e económico. reparto com os miser´veis as sobras dos roubos que me fizeram.
não percebo de que se ri idiotamente o pm.
radical livre
Se tivesse sido esse o destino de Freitas, será que nunca teria tido os problemas de coluna vertebral de que padecia e se queixava quando Ministro NE do PS?
Freitas escreve mal. Ponto. Só teve o que mereceu porque sempre marchou descompassado com a história, um ressntido dos tais desencontros e um antipático sobretudo quando foi esse assanhado MNE pimpão, assoberbado, do actual triste Führer português.
A propósito, tal como o radical livre, também não percebo por que cargas de merda e de água ri idiotamente esse ainda PM escarninho.
Freitas do Amaral!? O que dizer desse homem bom, desse gigante que é Freitas do Amaral? Que é um homem bom e preocupado com o seu semelhante, certamente. Freitas é um homem honestíssimo e competentíssimo, quer na política, quer nas ideias, quer na vida. Um homem maior do que o Mundo, mas ainda assim eternamente incompreendido. Todas as palvras são poucas para exprimir a gratidão que todos sentimos pela grandeza deste homem.
ah ah ah
Tenho pena que em Portugal não seja possível dois políticos de facções completamente opostas terem um diálogo destes:
"Para Manuel Fraga, la Carta Magna "sin duda" es útil hoy día, "lo que no quiere decir que sea perfectible".
También Santiago Carrillo considera que la Constitución sigue siendo válida. "Coincido con el señor Fraga en que quizá convendría completarla sobre la base de la experiencia y de la realidad de hoy. Cuando la hicimos, no sabíamos si quiera cuántas autonomías iba a haber, por ejemplo, y la Constitución no lo dice"
Quando é que os nossos políticos começam a pensar primeiro em Portugal?
Infelizmente em 75,76,77,78,80, etc,etc tal nunca aconteceu.
O MPS disse tudo, de forma sucinta e necessária. Freitas nem de longe tem a grandeza de um Fraga, como Cunhal - esse miserável e esqueléctico sobrancelhudo órfão de Iezhov - se pode comparar a Carrillo. Aos 90 anos, parece que o antigo chefe do PC - com tantos pontos obscuros na sua carreira durante a guerra civil -, apoia sem rebuços o regime vigente em Espanha que como dizia Lafayette, vive a melhor das repúblicas. E a Constituição de Espanha, que não tem as taras programáticas da portuguesa , ou os absurdos Limites Materiais defecados por semi-deuses parlamentares? Grande diferença, até porque em Espanha, o interesse nacional está muito acima do interesse dos partidos e isso viu-se bem nas últimas eleições, quando lixo, como o senhor Rovira, escorreu pelo cano abaixo. Aqui, os correspondentes da ERC até podem chegar ao governo em 2009. Desculpem, tinha-me esquecido de que vivemos numa libérrima e progressista república e os outros, os vizinhos, sob a mais negra opressão...
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