Li, com o prazer habitual com que costumo ler prosa poética "martelada", a "impressão digital" do José Manuel dos Santos no Actual do Expresso. Dos Santos aproveita estas "impressões" para escrever o que não pôde em vinte anos. Desta vez é Lisboa e é, nas entrelinhas, o dr. Costa e o PSD. Retiradas as epifanias e meia dúzia de transportes literários, o que é que fica? "Uma cidade sem sorte, porque o tempo não se aliou a ela e porque ela não se aliou ao rio". Com certeza. Então por que é que os senhores ex-presidentes da CML - Sampaio e Soares Júnior-, agora da comissão de honra do dr. Costa, em doze anos, o dobro do ticket Santana-Carmona, não trataram dessas "alianças"? Não deixaram eles uma "fabulosa herança"? Como tem, entretanto, razão o cronista. De facto, nesta campanha eleitoral da treta, "apenas existe mentira, simulação, disfarce e fuga". Aliás, o seu candidato, o dr. Costa, é a prova viva de tamanhos predicados, não desfazendo nos outros onze. Ele emerge nesta campanha como uma vestal apesar de, por mero acaso, ter sido "apenas" o "número dois" da situação até há um mês atrás. Pressentia-se nele, por assim dizer, para além de uma inata vocação para preboste, a de autarca? Talvez o cronista possa explicar a coisa depois do dia 15. Finalmente chega o apelo, "a hora da honra". "Se soubermos que há um rigor", isto é , o "rigor" da publicidade do dr. Costa, vai-se facilmente ao encontro da "hora da honra". Assim se escreve sobre uma coisa sem nunca a nomear. E já agora, para quando uma crónica sobre a situação duvidosa das liberdades públicas e privadas às mãos dos "camaradas"? Ou a "hora da honra" só é boa para os outros, à conta da recuperação do delito de opinião, e, quanto ao essencial, continuas melancolicamente de "olhos no chão" como se não se passasse nada?
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