25.7.07

O PS NO SEU LABIRINTO


Há três anos, por esta altura, os deputados Manuel Alegre, José Sócrates e João Soares disputavam a liderança do PS. Sabemos o resultado. Um ano e meio depois, Alegre, à revelia do homem que o derrotou no partido, obtinha um milhão de votos nas presidenciais. Soares, o pai e candidato oficial, era humilhado com menos de 15%. O Joãozinho, o Soares pequenino, nunca contou para nada nesta disputa. Por isso, nem ele nem o pai - este só muito timidamente criticou alguns "aspectos" da "situação" - podem falar demasiado alto contra o absolutismo democrático de Sócrates. Sobra Alegre que, politicamente, pouco conta a não ser possuir uma bela voz e alguma iconoclastia partidária. Daí o artigo do Público, um derrame melancólico sobre a liberdade e o medo que nenhum de nós hesitaria subscrever. Imagino que o senhor presidente em exercício não se tenha sentido afectado pela prosa já que nunca levou Alegre a sério. Eu também não levo, mas gosto de gente que não alinha em manadas acéfalas e oportunistas. Sócrates, em apenas dois anos, já conseguiu irritar muita gente, sobretudo gente que votou nele. Que é "dele". Apesar disso, continua impávido e sereno como um promotor de margarina contra o colesterol num supermercado. Ainda ontem saiu de um daqueles "balcões electrónicos" que lhe inventaram para "facilitar" a "sociedade civil" e a única coisa que lhe ocorreu dizer foi que aquilo é tão bom, tão bom que "até apetece comprar uma casa". Faltou-lhe, no entanto, prodigalizar o dinheiro para se comprarem as ditas casas. E é por aí - e pela petulância sem substância que o caracteriza - que Sócrates e os seus acólitos começarão a cair, mais cedo do que a fartação de Cavaco que só se sentiu a pouco mais de um ano de ele dizer que se ia embora. Ninguém fora do PS o vai derrubar. Ninguém. Porventura nem Cavaco, num eventual segundo mandato em que esteja vivo. É o seu imenso vazio que, um dia, acabará com ele de vez.

Nota: Isto foi escrito antes de uma entrevista de Sócrates a uma televisão. Como dizia o outro, para esse peditório já dei.

7 comentários:

Carlos Sério disse...

Só o "passado" de Alegre o terá levado a falar, tarde, muito tardiamente mesmo para quem quer encarnar o PS (moribundo) das liberdades.
Alegre sonha com o novo patamar da presidência. Para lá chegar, pensa ele, será preciso intervir de quando em vez, dando uma no cravo e outra na ferradura, sem grandes sobressaltos.
Uma frase da sua entrevista diz tudo "Até agora, concordo com a acção do governo"
Mais palavras para quê?

VANGUARDISTA disse...

(Não há machado que corte
a raíz ao pensamento) [bis]
(não há morte para o vento
não há morte) [bis]

Se ao morrer o coração
morresse a luz que lhe é querida
sem razão seria a vida
sem razão

Nada apaga a luz que vive
num amor num pensamento
porque é livre como o vento
porque é livre

O PENSAMENTO NÃO NOS TIRA O SR. SÓCRATES!
Estes poemas, outrora cantados por esquerdistas, estão cada vez mais actuais.

Anónimo disse...

Tem é inveja de não vestir uma t-shirt destas!


Sim, porque nós sabemos da sua sobriedade...

Anónimo disse...

De uma "Constituição económica europeia não-escrita" ...

«(...) Há, é claro, o álibi do Governo e da necessidade de reduzir o défice para respeitar os compromissos assumidos com Bruxelas. O Governo é condicionado a aplicar medidas decorrentes de uma Constituição económica europeia não escrita, que obriga os governos a atacar o seu próprio modelo social, reduzindo os serviços públicos, sobrecarregando os trabalhadores e as classes médias, que são pilares da democracia, impondo a desregulação e a flexigurança e agravando o desemprego, a precariedade e as desigualdades. Não necessariamente por maldade do Governo. Mas porque a isso obriga o Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) conjugado com as Grandes Orientações de Política Económica. Sugeri, em tempos, que se deveria aproveitar a presidência da União Europeia para lançar o debate sobre a necessidade de rever o PEC. O Presidente Sarkozy tomou a iniciativa de o fazer. Gostei de ouvir Sócrates a manifestar-se contra o pensamento único. Mas é este que condiciona e espartilha em grande parte a acção do seu Governo(...)».

Sarkosy manda o PEC às malvas. Porque pode.
Por aqui se vê a fantasia da «igualdade dos Estados-membros» no âmbito da União e de como os fundos estruturais "compram" a mais antiga Soberania da Europa ...
Agora chamem-me «soberanista» como quem me chama filho da puta. Como li no «Bic Laranja« :
- «Os entreguistas de 74 assinaram a capitulação de 85, e Portugal acabou».
Trovas do tempo que passa ...

Anónimo disse...

O Sócrates vai cair como caiu Cavaco.Não perceber quando deve travar.E ele é dos que não sabe.Se Cavaco nos últimos dois anos tivesse ouvido quem o aconselhou a colocar a economia (pujante ) ao serviço do povo ainda hoje lá estava!

Mas, para Cavaco, a economia termina nas contas equilibradas,nas percentagens...

Para Sócrates, governar termina no equilibrio do Estado,nas golden shares das empresas públicas...

Até o povão estar farto dele!

Anónimo disse...

Não há comparação entre Cavaco e sócrates.....

Sócrates não chega aos calcanhares de Cavaco, meus senhores!!!!!!

Anónimo disse...

Pois não. Chega bastante mais alto.