30.7.07

TERRITÓRIO OCUPADO


Quem anda pelo Algarve - eu andei nas últimas semanas -, mesmo que seja cego, surdo e mudo não pode deixar de reparar no efeito devastador da "modernidade" e dos autarcas, essa genial invenção do "25 de Abril". Torres, rotundas, casas construídas em locais inverosímeis, assassinato premeditado do litoral à conta de condomínios de luxo e de hotéis de patos-bravos, e outras badalhoquices, são a paisagem. Não contente com isto, Sócrates foi a Lagos prometer mais hotelaria. Lá estava o inefável dr. Patrão, do instituto do turismo e seu ex-chefe de gabinete, por sinal irmão de um "industrial" do sector e íntimo do assessor de sua excelência para o turismo, o sr. Luís Pinto, por sua vez um rapaz também muito interessado na matéria. O turismo é uma indústria que talvez deva ser cultivada desde que se perceba onde começa a rapacidade e termina a indústria. O Algarve, salvo raríssimas excepções, é a vítima mais evidente do chico-espertismo autoctóne e alheio. Como se não bastasse esta maciça destruição ambiental, a ASAE, ex-inspecção das actividades económicas, anda por lá a farejar "bolas de berlim" e a maravilhosa aguardente de medronho feita em casa. O Algarve, profundo ou superficial, é, literalmente e em todos os sentidos, território ocupado.

4 comentários:

Anónimo disse...

Vá ao sul de espanha e veja o que por lá se passa. Será culpa da modernidade pós-franquista?...

Anónimo disse...

Na incapacidade nacional que se vai sentido na economia deste país, o turismo será, porventura, o único meio de termos algum sucesso. O nosso sol, que ainda não é tributado, pode servir de atractivo. Isto não quer dizer que devemos criar uma selva de betão. Acho que na crítica ao Algarve que faz o João, como outros tantos opnion makers, peca por excesso. Veja-se o caso de Tavira que mantém uma candura tão especial, não obstante os aldeamentos bem arquitectados que lá têm vindo a ser construídos. Se Tavira é um bom exempl, já Quarteira ou Armação de Pêra são alglomerados de cimento e de mole humana. Que não se faça da parte o todo!

Anónimo disse...

É que não há só TURISMO no Allgarve !
Vivo numa cidade do litoral, turística e muito visitada antes de ser "descoberto" o tal Allgarve.
Pois bem; a cidade onde vivo, todo o ano, é tudo aquilo o que o Turismo não deve ter: buracos nas ruas onde as pessoas tropeçam, caiem e chegam a partir braços, costelas e pernas, e que não são limpas; contentores de lixo que não são lavados e onde se vomita só de inalar o nauseabundo cheiro a podre, proveniente de restos de comida (em especial de marisco); ervas, dejectos de cães e gatos, papeis de publicidade e demais porcarias nos passeios, obrigando-nos a caminhar pela estrada. Todas estas situações poderão ser provadas pela visita à cidade ou conversando com os cidadãos.
Ainda há dias uma pomba morta permaneceu na valeta perto de minha casa durante (imagine-se, porque não dá para acreditar !!!)três semanas.
Muito mais coisas poderia denunciar, mas creio ser o suficiente para compreender porque é que o Turismo na Figueira da Foz não tem qualidade. !!! Não deve ser culpa das "empresas municipais" !!!
Paradoxalmente TODOS pagamos (talvez com algum sacrifício) a limpeza da cidade.

kimberly

Anónimo disse...

há dois anos estive 'perdido' no algarve. encontra-se lá tudo o que é aqui descrito. não é grande coisa, não.
mas aquilo foi feito para as pessoas civilizadas que vêm daqueles países muito evoluidos, (onde os cidadãos são muito cidadãos empenhados) que se chamam inglaterra alemanha frança holanda e por aí fora.
aquilo não é para pacóvios como nós.

durante o tempo que por lá andei, encontrei umas aldeias onde vivem/viviam pessoas algarvias muito simpaticas com alma e sotaque.
foi para os lados de são brás de alportel.

e a aguardente de medronho?
uma perdição.