Dezoito - tantos como os distritos - ministros andaram pelo país a distribuir computadores e a prometer "novas oportunidades". À cabeça, claro, Sócrates. Sobre este momento de propaganda digno de Merché Romero, nada como dar a voz a um camarada esclarecido, Manuel Maria Carrilho, que, já no tempo do profeta Guterres (também com ele as prioridades eram a educação e a qualificação, e é o que se vê), denunciava o embuste. «O slogan do «acesso de todos à Net» pretende, no seu fervor militante, passar a ideia de uma nova igualdade, agora ao alcance do teclado, como se entre o analfabeto e o investigador, o rural e o urbano, o europeu cosmopolita e o habitante de África, as diferenças desaparecessem quando se «surfa» na Net. Ele ignora que, pelo contrário, é justamente aí que as diferenças mais se evidenciam, se nada as tiver atenuado, ou anulado, antes.» Ou a Filomena Mónica que, mesmo depois do episódio auto-biográfico, mantém a devida lucidez quanto ao fundamental.«A retórica que declara que aquilo que se está “a dar ao povo é o que ele gosta” tem como base a crença de que as massas populares são intrinsecamente estúpidas e, portanto, incapazes de seguir um raciocínio complexo ou de admirar uma obra de arte. Uma tendência paralela é o endeusamento da Internet como transmissora de cultura, tema retomado, entre nós, na recente campanha eleitoral, sob a designação do “choque tecnológico” proposto pelo PS. Num país de analfabetos, o computador transformou-se numa varinha mágica capaz de transformar um bronco num génio.»
11 comentários:
Este plano tecnológico, ou melhor, a entrega dos computadores nada resolve.
É como o seu pedido para que haja cada vez mais licenciados: o país não mede que cursos são os necessários e forma para o desemprego.
Estas luminárias entendem que o descalabro do ensino se deve a que nem todos têm internet?
Eu, que me licenciai há 39 anos, devo pertencer a uma geração de incultos e ignorantes porque nessa altura ninguém tinha internet.
Por muito que se mostre o ridículo destes governantes (e doutros parecidos), não há o perigo de exagerar.
António Tavares Pires
Genial!!! O escrito.
Pena é..., mas a varinha, não é mágica!
Alerta Laranja
Cuidado, o "Pequenino" ainda acaba CENSURADO!
O GULAG veio para ficar e vai ficar tanto mais tempo quanto mais baixa for a parcipação eleitoral. Na desmobilização é que está a vitória, é preciso enfraquecer os Pequeninos...
Poucos têm atacado mais Sócrates do que eu na blogosfera. A frase de Sócrates - «acesso de todos à Net» - é apenas um slogan de um político corrupto e populista. Mas o acesso à Net é importante para todos. Permite fazer um bypass aos media. E, por muito iletrados que sejamos, alguma informação há-de chegar. Era bom o que slogan de Sócrates contribuísse para o enterro político de todos os Sócrates.
Bem, no meio de tantas pontas soltas, tentar segurar uma talvez valha a pena ...
Esta farsa das Novas Oportunidades e dos portáteis quase de borla (quem paga a diferença?)é bem o espelho da demagogia e do populismo mais bacoco do governo e uma afronta ao rigor e à seriedade. Ou será por se oferecer uma caneta a um analfabeto que ele passa a escritor? Na lógica destes imbecis, parece que sim...
Em Portugal predomina ainda o "choque aritmético": como "esticar" os ordenados até ao fim do mês.
(O comentário sobre as pontas soltas é deveras interessante...)
Afinal o Valentim tem discípulos...
Qual é a diferença entre o José que oferece portáteis e o Valentim que oferece varinhas?
“Abusus non tollit usum” - o abuso não obsta ao uso ;)
JP
A mim, metem-me nojo!
...tudo é fácil para o nosso Primeiro-Ministro porque, para ele, também foi muito fácil OBTER UM DIPLOMA!!!
Moralda história: "Devemos julgar os outros pensando em nós mesmos"!!!!
Só me dão vontade de rir!!!!....
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