Ler no DN, Sondagens, Fantasias e Debates, por Diogo Pires Aurélio. É verdade. Começam amanhã os famosos debates televisivos por que tanta gente suspira. São a oportunidade única de os outros candidatos "conversarem" com a candidatura "declarativa" de Cavaco Silva. E é a oportunidade deste para sedimentar a convicção e a vontade de vir a ser o próximo Chefe de Estado. Em todos os dez debates, Cavaco será inevitavelmente a presença mais discutida, mesmo naqueles em que não estiver fisicamente presente. Não sendo reconhecidamente um terreno que lhe é favorável, estes debates podem, no entanto, reforçar a posição de Cavaco Silva em vez de a diminuir. Por três razões fundamentais. Em primeiro lugar, porque os outros quatro candidatos estão unidos por um mesmo propósito "negativo" que consiste em evitar a sua vitória, a 22 de Janeiro, e não tanto porque algum deles aspire verdadeiramente em chegar à presidência. Em segundo lugar, enquanto dois deles - Soares e Alegre - disputam o lugar numa eventual segunda volta, os outros dois apenas visam consolidar os respectivos "territórios", sobretudo à custa de "bater" em Sócrates e em Cavaco. Em terceiro lugar, e ao arrepio do discurso tagarela que será feito em todos os debates, com método e persistência contra ele, Cavaco deverá deixar nos espectadores - com serenidade, coragem e sem temores reverenciais -, a certeza da sua crediblidade e autoridade democráticas para o exercício do cargo de PR, afastando quaisquer fantasmas patetas de alegados "providencialismos", "autoritarismos" ou "governamentalismos". Finalmente, penso que os debates servirão para demonstrar, de uma vez por todas, de que lado está a arrogância e a sobranceria quando os dedos acusatórios dos quatro candidatos das "esquerdas" se virarem inevitavelmente para um Cavaco a quem é consensualmente atribuído um estatuto "pré-presidencial". É daí que Cavaco, ao contrário dos outros quatro, não pode descer.
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