Não me parece que o debate tenha resolvido a questão "doméstica" do PS a que fundamentalmente se destinava. Soares e Alegre ficaram sensivelmente na mesma, eventualmente com uma inevitável vantagem para o ex-presidente. As "banalidades" de que Soares se queixou - e que simultaneamente debitou - não devem ter contribuido para esclarecer o eleitorado que disputa com Manuel Alegre. Aqui, o dejá vu de Soares e a sua visão enganadoramente minimalista da função presidencial - quando tem no "activo" dois mandatos perfeitamente distintos nessa matéria - não o ajudaram. E a insensatez constitucional de Alegre (a dissolução do Parlamento por causa da água), provocada pela sua notória inconsistência política, veio, de novo, à tona. Por duas ou três vezes, Soares, num revelador tropismo, chamou a Cavaco (o eterno presente-ausente) o "presidente Cavaco" e voltou a insistir na sua irritante insónia "cavaquista". Em certo sentido, este debate foi o mais reducionista porque praticamente só interessava a um determinado segmento eleitoral. Na declaração final, à semelhança do que já tinha acontecido da primeira vez, Soares socorreu-se de umas notas com os "tópicos" essenciais do que queria dizer, uma coisa que seria impensável nele há uns anos. Estes dois homens, ambos com biografias notáveis, limitaram-se a exibir, sem grande chama e sem o estrondo anunciado, as respectivas vaidades teimosas. O país, esse, seguiu seguramente em frente e para outra coisa.
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