18.6.05

HABITUEM-SE

"Europe had reached a moment when it had to make fundamental changes and reforms because the ‘no’ votes in the two referendums could not be ignored." Já a madrugada ia alta quando Tony Blair resumiu o essencial. Ao contrário do que os comentadores e os adeptos da "Europa redonda" anunciaram com melancolia, a Europa, depois da cimeira de Bruxelas, deu afinal um passo em frente. Como construção democrática, conflitual e negociada que sempre foi, a União Europeia, só por cegueira ou qualquer outra grave deficiência intelectual e política, poderia ficar indiferente ao que os seus "povos" pensam dos conchavos organizados permanentemente em torno de apenas duas ou três figuras de proa perfeitamente descredibilizadas. Como não gosto particularmente de Blair, estou à vontade para saudar a sua entrada em cena, sobretudo a partir de 1 de Julho. É preciso colocar as coisas no sítio adequado e devolver alguma "democracia" aos interstícios da União. Para os mendigos como nós, esta cimeira representou um rude golpe. Nem Constituição, nem dinheiro fresco. Nada. Não é mau. Temos que começar, de uma vez por todas, a perceber o que valemos e, a partir daí, a viver de acordo com o que valemos. O "mote" não é "habituem-se"? Pois então, habituem-se.

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