5.6.05

CEGOS, SURDOS, MUDOS

Laurent Fabius, até agora o "número dois" da direcção do PS francês, foi removido da dita por ter estado do lado do "não". Hollande, o secretário-geral, preferiu uma direcção "homogénea" para poder continuar o caminho que, com evidente sucesso, vem trilhando à frente do partido. Em Berlim, Chirac e Schroeder encontraram-se este fim-de-semana para lamberem juntos as feridas produzidas pelos referendo em França e na Holanda. Em Portugal, e apesar de alguns apelos sensatos para repensar a oportunidade do referendo envergonhado de Outubro próximo, tudo indica que existe "consenso" suficiente, uma vez mais sob o alto patrocínio do Senhor Presidente da República - cada vez mais "imaginativo" à medida que se aproxima o fim do mandato -, para que se mantenham as coisas no estado peripatético em que se encontram. Tudo somado, parece que os ensinamentos da semana passada não serviram para nada aos "constitucionalistas" europeus, nacionais ou internacionais. Depois de um primeiro abalo, dão sinais autistas de pretenderem prosseguir como se nada de relevante tivesse acontecido. Convém, no entanto, lembrar-lhes que foi precisamente este friso cego, surdo e mudo à realidade que foi derrotado nas escolhas populares em França e na Holanda. Se o "não" em Portugal começar por aí a crescer em surdina, o que é que eles farão?

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