8.8.04

SUBLITERATURA

Aos sábados o Público tem um suplemento literário. Chama-se Mil Folhas e, para além de artigos ou entrevistas sobre livros e autores, também discorre sobre música, discos e dvd's clássicos. Como é Agosto, e parece que Agosto convida à significativa diminuição da actividade intelectual, o Mil Folhas some-se entre duas a três páginas no "corpo" do jornal. Neste último sábado, decidiram descobrir onde é que alguns "escritores" escreviam. Se em casa, se numa sala particular, com vistas ou sem vistas, se na varanda, enfim, uma coisa deste género. Os "escritores" escolhidos, tendo à cabeça a D. Mafalda Ivo Cruz , que tem uma "vista" inspiradora, pertencem a uma espécie literária cheia de sucesso por cá, a subliteratura e as suas "variantes" múltiplas. Esta plural categoria, que é vendida às postas em todas as grandes superfícies, juntamente com a margarina e os pensos higiénicos, alimenta suficientemente a pequena burguesia de espírito dos seus generosos leitores. Como categoria literária atípica, já tem os seus campeões de vendas garantidos, designadamente nas pessoas das Sras. D. Rebelo Pinto e Lopo de Carvalho e, mais recentemente, na auspiciosa Ivo Cruz. Para dar alguma cor e "génio" às estimáveis criaturas, de vez em quando um "crítico" insuspeito, tipo Eduardo Prado Coelho, passa, salvo seja, a mão por cima desta subliteratura, elevando-a por instantes à categoria seguinte. Tudo ou quase tudo, nesta como em outras matérias, funciona entre nós em regime de "capelinhas" que reproduzem outras "capelinhas". A poesia, género literário menor aos olhos do vulgo, fora da "capela", não vale nada. E os escritores sem aspas que, por cá, são uma honrada minoria, permanecem tranquilos no limbo da discrição e do silêncio, afinal aquilo que é próprio da literatura.

1 comentário:

Anónimo disse...

Best regards from NY!
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