Numa das minhas últimas prestações ao serviço da "causa pública", seguramente a mais feliz, tinha atrás da secretária um quadro de Adelino Salvado. A criatura era amiga do dirigente máximo desse serviço, oriundo doutra magistratura, e foi adquirida a peça para suavizar a burocracia. Devo, a bem da verdade e tanto quanto os meus escassos talentos na matéria o permitem, dizer que o quadro não era decididamente nada mau. Anos passados, o referido juíz Adelino aparece como director da PJ. O miserável episódio das "cassetes Casa Pia", ao que julgo, levou-o a pedir a demissão. Salvado foi, desde o princípio, um clamoroso erro de casting. Por razões ainda obscuras, este juíz foi mandar na PJ num dos momentos mais sensíveis e delirantes da história da investigação criminal em Portugal. Salvado era notoriamente um homem atrapalhado e falho. Foi acarinhado pela Dra. Cardona enquanto esta o pôde acarinhar. Tratou atabalhoadamente quase tudo dentro da sua polícia. Julga ter feito o que lhe pediram. Afastou a mais profunda e prolixa dirigente que lá estava, Maria José Morgado. Rodeou-se, como de costume, de um pequeno círculo de fiéis de circunstância. A partir de determinado momento, passou a incómoda relíquia. Sai sem glória. Nada disto, afinal, abona o seu currículo e talento de pintor.
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