THE SHOW MUST GO ON
O Euro 2004, para Portugal, teve ontem o seu pathos. Apesar da convicção das multidões das bandeirinhas e dos cachecóis, a selecção do "desígnio nacional" confortou-se com um mais do que honroso segundo lugar. Até eu dou a mão à palmatória e saúdo a evidência destas boas últimas semanas. Importa agora, porém, assentar os pés no chão, por mais desagradável que seja o exercício. Ouço no rádio do carro as palavras de Durão Barroso em Belém, onde foi apresentar formalmente a sua demissão do cargo de primeiro-ministro. Pela enésima vez, Barroso disse estar convencido de que a estabilidade fica garantida através da soma parlamentar por ele gerada em 2002. Curiosamente sobreveio um lapsus linguae interessante. Barroso mencionou que "estava" convicto do tal desiderato, para logo a seguir emendar para "estou convicto". Esperemos que, desta vez, o Chefe de Estado tenha verdadeiramente demonstrado ao ainda primeiro-ministro que a resposta à situação por ele criada, depende em exclusivo do Presidente. Entretanto, os porta-estandartes do novo presidente do PSD vão deixando as suas falas por aqui e por ali. Felizmente são quase sempre os mesmos. Os srs. Henrique Chaves, a sul, e Marco António, a norte, inexcedíveis pelo particular brilho do seu verbo, têm sido os epígonos escolhidos pelo novo homem do leme. Eles são meramente uma ténue amostra do que podemos esperar. Contudo, é deles que vem o sinal de que o "verdadeiro artista" já está em palco. Acabado o futebol, the show must go on.
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