23.7.04

CARLOS PAREDES, OS VERDES ANOS

 

Carlos Paredes foi meu vizinho durante anos. Quando nos cruzávamos na rua, contava sempre com a sua saudação fraterna ("como é que vai o meu amigo?") e com uma breve troca de impressões sobre o quotidiano. A sua música, porque de um grande músico falo, está inscrita nos labirintos esconsos de Lisboa. Vai fazer falta a sua imensa humanidade e a sua sábia humildade. Vivemos um tempo do sucesso das não-pessoas, meras embalagens de cartão com duas pernas. Não é nem nunca foi esse o tempo e o modo de Carlos Paredes, o homem e o cidadão. Na primeira esquina da minha rua,  vou continuar a espreitá-lo no seu passo inconfundível , com o mesmo sorriso tímido e generoso dos  eternos verdes anos.

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